Os anos dourados de Hollywood foram marcados não apenas por produções memoráveis que resistiram bravamente ao teste do tempo, como também pelo controle dos executivos de estúdios sobre seus astros e estrelas, uma vez que havia a necessidade de transmitir ao público a imagem de perfeição que serviria de modelo para a consolidação do american way of life. Neste contexto, Louis B. Mayer, o homem mais poderoso da indústria à época, responsável por seu principal estúdio, a Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), era o mais rígido e voraz, que tinha entre suas estrelas uma menina de potência vocal inigualável que alçou a fama ao desbravar a terra de Oz para a própria MGM: Judy Garland.
Filha de artistas de Vaudeville, Garland começou a carreira aos três anos de idade cantando músicas natalinas, estreando, profissionalmente, no cinema num curta-metragem da MGM, “Every Sunday” (Idem – 1936), de Felix E. Feist. Três anos depois, a atriz e cantora se tornou uma das maiores estrelas do cinema americano como Dorothy no musical “O Mágico de Oz” (The Wizard of Oz – 1939), de Victor Fleming. Mas a pressão do estúdio e da fama levaram Garland a um caminho marcado pelo alcoolismo, dependência química, depressão, solidão e, como resultado, a decadência profissional que potencializou todos os problemas anteriores, encerrando sua carreira cinematográfica no início dos anos 1960 com “Na Glória, a Amargura” (I Could Go on Singing – 1963), de Ronald Neame. Sem o respeito de outrora nos Estados Unidos nem dinheiro, Garland seguiu para uma temporada de shows em Londres, Inglaterra, antes de morrer em decorrência de uma overdose de barbitúricos. E é este o período mostrado em “Judy: Muito Além do Arco-Íris” (Judy – 2019), uma das estreias desta quinta-feira, dia 30.
Com direção de Rupert Goold, “Judy: Muito Além do Arco-Íris” começa mostrando uma conversa entre Judy (Darci Shaw) e Louis B. Mayer (Richard Cordery) no set de “O Mágico de Oz” antes da audição da menina, que tinha como concorrente Shirley Temple. Em seguida, dá um salto para a década de 1960 para apresentar a versão adulta da atriz, interpretada por Renée Zellweger, ao lado dos filhos mais novos, frutos do casamento com o produtor Sidney Luft. Despejada com as crianças, Judy recorre ao ex-marido para abrigá-las. Sem ter para onde ir, procura sua primogênita, Liza Minnelli (Gemma-Leah Devereux). Falida e decadente, tem nos shows em Londres sua única chance de dar a volta por cima, carregando na bagagem todos os seus problemas.
Com reconstituição de época e caracterizações cuidadosas, “Judy: Muito Além do Arco-Íris” é um filme honesto que não varre para debaixo do tapete o lado sombrio do antigo sistema de estrelas e estúdios, que muito exigia de seus profissionais, levando-os ao limite. Desta forma, o alcoolismo e o vício de Judy Garland em remédios controlados são esmiuçados sem concessões, assim como suas consequências, dentre elas, o afastamento dos filhos mais novos, cuja guarda ficou com o pai.
No entanto, o drama de Judy Garland funciona com tanta potência neste longa graças à atuação de Renée Zellweger. Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Cold Mountain” (Idem – 2003), Zellweger mergulha na personalidade e nas dores da eterna Dorothy num trabalho minucioso e sensível, atingindo o ápice da emoção na triste performance de “Over the Rainbow”, a canção mais famosa de “O Mágico de Oz”.
Baseado na peça “End of the Rainbow”, de Peter Quilter, “Judy: Muito Além do Arco-Íris” é mais do que uma cinebiografia de fórmula convencional. É um filme doloroso sobre a luta de uma estrela contra seus próprios fantasmas, mostrando como ela viajou diretamente do céu para o inferno sem conquistar seu pote de ouro no final do arco-íris.
* “Judy: Muito Além do Arco-Íris” recebeu duas indicações ao Oscar 2020: melhor atriz para Renée Zellweger e cabelo e maquiagem.
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