Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2019: categoria de melhor ator coadjuvante

A 92a edição da cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 09 de fevereiro de 2020, no Dolby Theatre, em Los Angeles (Foto: Divulgação / Richard Harbaugh ©A.M.P.A.S.).

Pôster oficial da 91a edição do Oscar (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.).

Vencedor dos maiores termômetros da categoria, o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), e o Actor no SAG Awards, do Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG), Mahershala Ali é o nome mais forte na disputa pelo Oscar de ator coadjuvante por “Green Book – O Guia” (Green Book – 2018).

 

O Globo de Ouro e o SAG Awards são considerados indicativos do Oscar, mas somente o segundo exerce grande influência na votação, pois parte dos membros do Sindicato também integra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) e tem direito a voto. Ou seja, o vencedor do SAG ocupa um lugar confortável na corrida pela estatueta dourada e, portanto, é apontado como favorito.

 

Os cinco indicados ao prêmio da AMPAS são: Mahershala Ali por “Green Book – O Guia”, Sam Elliott por “Nasce Uma Estrela” (A Star is Born – 2018), Richard E. Grant por “Poderia me Perdoar?” (Can You Ever Forgive Me? – 2018), Sam Rockwell por “Vice” (Idem – 2018) e Adam Driver por “Infiltrado na Klan” (BlacKkKlansman – 2018).

 

Até o momento, Mahershala Ali venceu 15 prêmios individuais por seu desempenho como Dr. Don Shirley, pianista negro que entrou em turnê pelo sul dos Estados Unidos no início dos anos 1960, tendo um branco como motorista e agente, algo incomum à época. Sob a direção de Peter Farrelly, Ali realiza um trabalho de composição contido e elegante que explora os rígidos valores do personagem e a dor de não ser aceito pelos brancos nem pelos negros em meio à busca por um porto seguro num mundo racista e homofóbico.

 

Mahershala Ali vive o pianista Dr. Don Shirley em “Green Book – O Guia” (Foto: Divulgação).

 

Assim como Ali, Sam Elliott construiu seu personagem em “Nasce Uma Estrela” de forma contida, mas para explicitar sua importância na vida pessoal e na carreira de seu irmão mais novo, o astro da música Jackson Maine (Bradley Cooper), cada vez mais entregue às drogas. Apesar de rodear o protagonista no longa dirigido por Cooper, Elliott consegue bons momentos em cena, sobretudo no confronto com Jackson, jogando toda a dor guardada por anos e por ambos, o que já lhe rendeu oito prêmios individuais.

 

Adam Driver também optou pelo tom discreto em “Infiltrado na Klan”, filme de Spike Lee no qual vive um policial de origem judia que se infiltra na organização segregacionista Ku Klux Klan (KKK). O ator faz de Flip Zimmerman um homem que nunca havia se preocupado com o fato de ser judeu numa cidade com inúmeros integrantes da KKK, mas que se modifica gradativamente no decorrer da investigação, pois sente o perigo oferecido pelos membros da Klan. Até o momento, o ator não recebeu nenhum prêmio individual pelo trabalho neste longa inspirado em fatos reais.

 

Sam Rockwell também não venceu nenhum prêmio individual até o momento por “Vice”, de Adam McKay. Nesta produção baseada em fatos reais, o ator vive o ex-presidente americano George W. Bush, mas fazendo um jogo de imitação bastante caricato e longe das possibilidades do personagem.

 

Richard E. Grant ofusca a protagonista, Melissa McCarthy, em “Poderia me Perdoar?” (Foto: Divulgação).

 

Com 21 prêmios individuais até agora, Richard E. Grant entrega um desempenho rico em detalhes que trabalha com perspicácia a homossexualidade e um certo tom aristocrático com a acidez do personagem, tornando-se mais interessante que a própria protagonista, Melissa McCarthy (Lee Israel), neste longa baseado em fatos reais e dirigido por Marielle Heller.

 

Neste contexto, considerando que a AMPAS não costuma surpreender muito, Mahershala Ali pode ser apontado como o provável vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante deste ano. Seu principal oponente é Richard E. Grant, que é seguido de perto por Sam Elliott. Adam Driver e Sam Rockwell surgem como as zebras da categoria.

 

A 91ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 24, no Dolby Theatre, em Los Angeles. No Brasil, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT e pela Rede Globo (após o “Big Brother Brasil”).

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

Mahershala Ali:

Mahershala Ali em “Green Book – O Guia” (Foto: Divulgação).

Nascido em 16 de fevereiro de 1974 em Oakland, Califórnia (EUA), Mahershala Ali se formou em Artes pela St. Mary’s College. Mestre em Artes pela Universidade de Nova York, Ali começou a carreira no California Shakespeare Festival, estreando na televisão em 2001, como Dr. Trey Sanders em “Crossing Jordan” (Idem – 2001 – 2007). Seu primeiro trabalho no cinema foi na comédia “Making Revolution” (Idem – 2003), de Daniel Klein. Mas seu primeiro filme de sucesso foi “O Curioso Caso de Benjamin Button” (The Curious Case of Benjamin Button – 2008), protagonizado por Brad Pitt, que é um dos produtores-executivos de “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (Moonlight – 2016). Sem deixar a TV em segundo plano, o ator conquistou seu lugar no cinema aos poucos, trabalhando ainda em filmes como “O Lugar Onde Tudo Termina” (The Place Beyond the Pines – 2012) e na franquia “Jogos Vorazes” (The Hunger Games) – nos dois últimos filmes da série, “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1 – 2014) e “Jogos Vorazes: A Esperança – O Final” (The Hunger Games: Mockingjay – Part 21 – 2015). Em 2017, venceu a estatueta de melhor ator coadjuvante por “Moonlight: Sob a Luz do Luar”. Esta é a sua segunda indicação ao Oscar.

* Entre os 15 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Green Book – O Guia”, estão: os já citados Globo de Ouro e SAG Awards; o BAFTA Awards, da British Academy of Film and Television Arts (BAFTA); o BFCC Award, do Black Film Critics Circle Awards; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o LEJA Award, da Latino Entertainment Journalists Association Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

Sam Elliott:

Sam Elliott em “Nasce Uma Estrela” (Foto: Divulgação).

Nascido em 09 de agosto de 1944, em Sacramento, Califórnia (EUA), Sam Elliott começou a carreira no teatro, estreando no cinema numa participação não creditada em “Desbravando o Oeste” (The Way West – 1967), de Andrew V. McLaglen. Nos dois anos seguintes, trabalhou em séries televisivas e em seu segundo longa-metragem, “Butch Cassidy” (Butch Cassidy and the Sundance Kid – 1969), clássico estrelado por Robert Redford e Paul Newman. Seguiu conciliando teatro, televisão e cinema, ficando conhecido por interpretar caubóis americanos em diversas produções. Subestimado pela indústria e pela crítica, Elliott participou de filmes como “Marcas do Destino” (Mask – 1985), “Matador de Aluguel” (Road House – 1989), “Rush – Uma Viagem ao Inferno” (Rush – 1991) e “O Grande Lebowski” (The Big Lebowski – 1998). Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os oito prêmios individuais recebidos por sua performance em “Nasce Uma Estrela”, estão: o AFCC Award, do Atlanta Film Critics Circle; o GAFCA Award, da Georgia Film Critics Association (GAFCA); o IFJA Award, da Indiana Film Journalists Association, US; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards – homenageado também com o William Holden Lifetime Achievement Award; e o Virtuoso Award, do Santa Barbara International Film Festival.

 

Sam Rockwell:

Sam Rockwell em “Vice” (Foto: Divulgação).

Nascido em 05 de novembro de 1968 em Dale City, Califórnia (EUA), Sam Rockwell começou a se interessar pela atuação ainda na infância, participando da minissérie “Joan Crawford’s Children” (Idem – 1979). A estreia no cinema aconteceu em 1989 com o terror “Palhaço Assassino” (Clownhouse – 1989), de Victor Salva, que concorreu ao prêmio do júri no Festival de Sundance. Matriculou-se no William Esper Acting Studio em Nova York e conciliou as aulas com peças e outros trabalhos, inclusive na TV e no cinema, como a primeira versão live-action de “As Tartarugas Ninja” (Teenage Mutant Ninja Turtles – 1990), de Steve Barron. Contudo, só começou a atrair a atenção com dois filmes pouco conhecidos do grande público, “A Caixa do Luar” (Box of Moon Light – 1996) e “Inocência Rebelde” (Lawn Dogs – 1997). Mesmo subestimado pela indústria, o ator alcançou o sucesso por meio de produções como “À Espera de um Milagre” (The Green Mile – 1999), “Confissões de Uma Mente Perigosa” (Confessions of a Dangerous Mind – 2002) e “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford – 2007). Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. No ano passado, Rockwell venceu a estatueta dourada nesta mesma categoria por “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017).

* O ator ainda não recebeu nenhum prêmio individual por sua performance em “Vice”.

 

Adam Driver:

Adam Driver em “Infiltrado na Klan” (Foto: Divulgação).

Nascido em 19 de novembro de 1983, em San Diego, Califórnia (EUA), Adam Driver se formou em Artes Cênicas pela Juilliard, em Nova York, mas os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 o levaram ao alistamento militar. Durante dois anos, Driver serviu como Fuzileiro Naval e só não foi convocado para a Guerra do Iraque porque sofreu um grave acidente quando praticava ciclismo. Com isso, voltou para as artes, estreando como ator na série “The Unusuals” (Idem – 2009). Seu primeiro longa-metragem foi “J. Edgar” (Idem – 2011), de Clint Eastwood. Desde então, concilia trabalhos na televisão e no cinema, participando de filmes como “Lincoln” (Idem – 2012), “Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum” (Inside Llewyn Davis – 2013) e “Silêncio” (Silence – 2016), tornando-se conhecido do grande público como Kylo Ren, o neto de Darth Vader em “Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força” (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens – 2015). No entanto, a consolidação de sua carreira artística não o afastou de vez das Forças Armadas, pois Driver dirige uma fundação sem fins lucrativos que leva entretenimento aos militares, a Artes nas Forças Armadas. Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* O ator ainda não recebeu nenhum prêmio individual por sua performance em “Infiltrado na Klan”.

 

Richard E. Grant:

Richard E. Grant em “Poderia me Perdoar?” (Foto: Divulgação).

Nascido em 05 de maio de 1957, em Mbabane, Hhohho (Reino de eSwatini, antiga Suazilândia), Richard E. Grant começou a se interessar pela atuação ainda no colegial, dividindo palco com as filhas de Nelson Mandela, Zindzi e Zenani. Formado em Inglês e Artes Cênicas pela Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul, Grant estreou na televisão numa pequena participação em “Sweet Sixteen” (Idem – desde 1983), mas esperou quatro anos até se aventurar pelo cinema com “Os Desajustados” (Withnail & I – 1987), de Bruce Robinson. O papel possibilitou novos convites, e Grant seguiu conciliando televisão e cinema, trabalhando em longas como “Hudson Hawk, o Falcão Está à Solta” (Hudson Hawk – 1991), “Drácula de Bram Stoker” (Dracula – 1992) e “Assassinato em Gosford Park” (Gosford Park – 2001). Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os 21 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Você Poderia me Perdoar?”, estão: o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o KCFCC Award, do Kansas City Film Critics Circle Awards; o ALFS Award, do London Critics Circle Film Awards; o NYFCC Award, do New York Film Critics Circle Awards; o PFCC Award, do Philadelphia Film Critics Circle Awards; o Virtuoso Award, do Santa Barbara International Film Festival; e o VFCC Award, do Vancouver Film Critics Circle.

 

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