Oscar 2019: ‘A Favorita’ e ‘Roma’ lideram a corrida pela estatueta
A 92a edição da cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 09 de fevereiro de 2020, no Dolby Theatre, em Los Angeles (Foto: Divulgação / Richard Harbaugh ©A.M.P.A.S.).
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) anunciou nesta terça-feira, dia 22, os indicados ao Oscar 2019. O anúncio foi feito pelos atores Tracee Ellis Ross e Kumail Nanjiani, no Samuel Goldwyn Theater, em Los Angeles (Califórnia).
Nesta edição, dois longas-metragens lideram a corrida pelo Golden Boy: “A Favorita” (The Favourite – 2018) e “Roma” (Idem – 2018), ambos com 10 indicações, incluindo melhor filme e direção para o grego Yorgos Lanthimos e o mexicano Alfonso Cuarón, respectivamente. Dos oito títulos indicados à categoria principal, somente “Pantera Negra” (Black Panther – 2018), “Roma” e “Nasce Uma Estrela” (A Star is Born – 2018) não são baseados em histórias reais.
A busca por diversidade, tecla bastante batida nos últimos anos, surtiu efeito, ao menos na categoria de direção, pois dos cinco concorrentes apenas dois são americanos: Adam McKay, por “Vice” (Idem – 2018), e Spike Lee, por “Infiltrado na Klan” (BlacKkKlansman – 2018). O outro diretor indicado é o polonês Pawel Pawlikowski, por “Guerra Fria” (Zimna wojna – 2018), que disputa ainda os prêmios de filme estrangeiro e fotografia.
Assim como “Guerra Fria”, “Roma” também concorre à estatueta de melhor filme estrangeiro, conseguindo outras indicações em categorias importantes, como nas de melhor atriz para Yalitza Aparicio e atriz coadjuvante para Marina de Tavira. O filme de Cuarón faz história por se tornar a primeira produção original Netflix a chegar ao prêmio principal da maior festa do cinema, quebrando a barreira do preconceito de grandes instituições em relação ao streaming. Contudo, isto também indica coragem dos membros da AMPAS, que compraram uma “briga” com executivos de estúdios tradicionais, pois há o temor de as plataformas digitais impactarem negativamente a receita das bilheterias, necessária para manter as engrenagens de Hollywood funcionando – lembrando que, pensando na temporada de premiações, “Roma” foi exibido comercialmente em salas dos Estados Unidos e da Europa.
Coragem pode ser a palavra que melhor define a 91a edição do Oscar, pois pela primeira vez uma produção de super-heróis disputa a categoria de melhor filme. Produzido pela Marvel em parceria com a Disney, “Pantera Negra” deixa a marca de suas garras no livro de História da Academia com sete indicações. Além da estatueta principal, o longa de Ryan Coogler também concorre às de design de produção, edição de som, mixagem de som, figurino, trilha sonora e canção original (“All the Stars”).
Esnobado na categoria de melhor direção por “Nasce Uma Estrela”, apesar de concorrer a dois DGA Awards, Bradley Cooper está indicado aos prêmios de melhor filme, ator e roteiro adaptado (ao lado de Eric Roth e Will Fetters). Remake do clássico homônimo de 1937, o filme que marca a estreia de Cooper como diretor também briga pelo Golden Boy de melhor atriz para Lady Gaga, ator coadjuvante para Sam Elliott, fotografia, mixagem de som e canção original (“Shallow”).
“Vice” também disputa oito estatuetas. Além do prêmio de direção, citado anteriormente, o longa concorre aos de filme, ator para Christian Bale, ator coadjuvante para Sam Rockwel, atriz coadjuvante para Amy Adams, maquiagem e cabelo, roteiro original e edição.
Vencedor do PGA Awards 2019 e, portanto, um dos títulos mais fortes deste Oscar, “Green Book – O Guia” (Green Book – 2018) recebeu cinco indicações: melhor filme, ator para Viggo Mortensen, ator coadjuvante para Mahershala Ali, roteiro original e edição. Cinebiografia de Freddie Mercury, “Bohemian Rhapsody” (Idem – 2018) também concorre a cinco estatuetas: filme, ator para Rami Malek, edição, edição de som e mixagem de som.
Depois de protestar contra a AMPAS em 2016, no chamado “#OscarSoWhite”, Spike Lee volta ao Oscar com “Infiltrado na Klan”, conforme citado anteriormente. Além da categoria de melhor direção, o longa disputa outras cinco: filme, ator coadjuvante para Adam Driver, trilha sonora, roteiro adaptado e edição.
Este ano, Hollywood chega à temporada de premiações mais fortalecida, inclusive em termos de bilheterias, algo que impulsionou a criação da categoria de melhor filme popular pela AMPAS em 2018. Inicialmente prevista para ser implementada nesta edição, a categoria se tornou alvo de críticas por ter sido considerada não apenas uma manobra para aumentar a audiência da cerimônia, mas também para favorecer blockbusters, sobretudo de super-heróis, filão dominado pelo Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), produzido pela Disney. Com isso, a Academia adiou por tempo indeterminado a implementação do Oscar de filme popular, alegando que precisa avaliar com calma suas regras e que seria um desafio a mais às produções que já haviam sido lançadas à época do anúncio.
Envolvida em mais uma polêmica por causa da nova categoria, que é uma forma de aceno ao cinema comercial, responsável por manter as engrenagens da indústria funcionando, a AMPAS também se colocou no olho do furacão ao anunciar que entre seis e oito prêmios técnicos serão entregues durante o intervalo da cerimônia. Esta decisão revoltou diversos profissionais porque os impede de ter o mesmo espaço concedido a cineastas e atores. Tudo em prol de realizar uma cerimônia curta e ágil para não entediar o telespectador, garantindo, assim, a audiência.
Em 18 de novembro do ano passado, a AMPAS realizou a 10a edição do Governors Awards no Ray Dolby Ballroom, do Hollywood & Highland Center, em Los Angeles. Durante o evento, a instituição entregou os seus prêmios especiais: o Honorary Award, concedido pelo conjunto da obra e contribuição à sétima-arte e também à Academia, para o publicitário Marvin Levy, o compositor Lalo Schifrin, a atriz Cicely Tyson; e o Irving G. Thalberg Award para o casal de produtores Frank Marshall e Kathleen Kennedy, a primeira mulher homenageada com este prêmio especial, que é o busto do produtor Irving G. Thalberg.
A 91a edição do Oscar será realizada no dia 24 de março no Dolby Theatre, em Los Angeles, mas ainda não tem apresentador definido. Especula-se que o elenco da franquia “Os Vingadores” (The Avengers – iniciada em 2012) fará as honras. A cerimônia será transmitida no Brasil pelo canal por assinatura TNT.
Confira a lista completa de indicados:
Melhor filme:
– “Pantera Negra”;
– “Nasce Uma Estrela”;
– “Vice”;
– “Bohemian Rhapsody”;
– “Roma”;
– “Infiltrado na Klan”;
– “A Favorita”;
– “Green Book – O Guia”.
Melhor direção:
– Adam McKay – “Vice”;
– Spike Lee – “Infiltrado na Klan”;
– Alfonso Cuarón – “Roma”;
– Pawel Pawlikowski – “Guerra Fria”;
– Yorgos Lanthimos – “A Favorita”.
Melhor ator:
– Viggo Mortensen – “Green Book – O Guia”;
– Bradley Cooper – “Nasce Uma Estrela”;
– Christian Bale – “Vice” ;
– Rami Malek – “Bohemian Rhapsody”;
– Willem Dafoe – “No Portal da Eternidade” (At Eternity’s Gate – 2018).
Melhor atriz:
– Glenn Close – “A Esposa” (The Wife – 2018);
– Lady Gaga – “Nasce Uma Estrela”;
– Melissa McCarthy – “Poderia Me Perdoar?” (Can You Ever Forgive Me? – 2018);
– Yalitza Aparicio – “Roma”;
– Olivia Colman – “A Favorita”.
Melhor ator coadjuvante:
– Mahershala Ali – “Green Book – O Guia”;
– Sam Elliott – “Nasce Uma Estrela”;
– Sam Rockwell – “Vice”;
– Adam Driver – “Infiltrado na Klan”;
– Richard E. Grant – “Poderia Me Perdoar?”.
Melhor atriz coadjuvante:
– Amy Adams – “Vice”;
– Marina de Tavira – “Roma”;
– Regina King – “Se a Rua Beale Falasse” (If Beale Street Could Talk – 2018);
– Emma Stone – “A Favorita”;
– Rachel Weisz – “A Favorita”.
Melhor roteiro original:
– “A Favorita” – Deborah Davis e Tony McNamara;
– “No Coração da Escuridão” (First Reformed – 2018) – Paul Schrader;
– “Vice” – Adam McKay;
– “Green Book: O Guia” – Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie e Peter Farrelly;
– “Roma” – Alfonso Cuarón.
Melhor roteiro adaptado:
– “A Balada de Buster Scruggs” (The Ballad of Buster Scruggs – 2018) – Joel Coen e Ethan Coen;
– “Nasce uma Estrela” – Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters;
– “Se a Rua Beale Falasse” – Barry Jenkins;
– “Infiltrado na Klan” – Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee;
– “Poderia Me Perdoar?” – Nicole Holofcener e Jeff Whitty.
Melhor animação:
– “Homem-Aranha no Aranhaverso” (Spider-Man: Into the Spider-Verse – 2018);
– “Mirai no Mirai” (Idem – 2018);
– “WiFi Ralph: Quebrando a Internet” (Ralph Breaks the Internet – 2018);
– “Ilha dos Cachorros”;
– “Os Incríveis 2” (Incredibles 2 – 2018).
Melhor filme estrangeiro:
– “Assunto de Família” (Manbiki kazoku – 2018, Japão);
– “Guerra Fria” (Zimna wojna – 2018, Polônia);
– “Never Look Away” (Werk ohne Autor – 2018, Alemanha);
– “Roma” (Idem – 2018, México);
– “Cafarnaum” (Capharnaüm – 2018, Líbano).
Melhor fotografia:
– “A Favorita” – Robbie Ryan;
– “Nasce Uma Estrela” – Matthew Libatique;
– “Never Look Away” – Caleb Deschanel;
– “Guerra Fria” – Lukasz Zal;
– “Roma” – Alfonso Cuarón.
Melhor edição (montagem):
– “A Favorita” – Yorgos Mavropsaridis;
– “Green Book: O Guia” – Patrick J. Don Vito;
– “Vice” – Hank Corwin;
– “Bohemian Rhapsody” – John Ottman;
– “Infiltrado na Klan” – Barry Alexander Brown.
Melhor design de produção:
– “A Favorita” – Fiona Crombie e Alice Felton;
– “O Retorno de Mary Poppins” (Mary Poppins Returns – 2018) – John Myhre e Gordon Sim;
– “Roma” – Eugenio Caballero e Barbara Enriquez;
– “O Primeiro Homem” (First Man – 2018) – Nathan Crowley e Kathy Lucas;
– “Pantera Negra” – Hannah Beachler e Jay Hart.
Melhor figurino:
– “A Balada de Buster Scruggs” – Mary Zophres;
– “Duas Rainhas” (Mary Queen of Scots – 2018) – Alexandra Byrne;
– “Pantera Negra” – Ruth E. Carter;
– “A Favorita” – Sandy Powell;
– “O Retorno de Mary Poppins” – Sandy Powell.
Melhor maquiagem e cabelo:
– “Duas Rainhas” – Jenny Shircore, Marc Pilcher e Jessica Brooks;
– “Vice” – Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia DeHaney;
– “Gräns” (Idem – 2018) – Göran Lundström e Pamela Goldammer.
Melhor trilha sonora:
– “Ilha dos Cachorros” (Isle of Dogs – 2018) – Alexandre Desplat;
– “O Retorno de Mary Poppins” – Marc Shaiman;
– “Se a Rua Beale Falasse” – Nicholas Britell;
– “Infiltrado na Klan” – Terence Blanchard;
– “Pantera Negra” – Ludwig Göransson.
Melhor canção original:
– “Nasce uma Estrela” – “Shallow”, de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt;
– “Pantera Negra” – “All the Stars”, de Kendrick Lamar, Anthony Tiffith, Sounwave, SZA e Al Shux;
– “A Balada de Buster Scruggs” – “When a Cowboy Trades His Spurs for Wings”, de David Rawlings e Gillian Welch;
– “O Retorno de Mary Poppins” – “The Place Where Lost Things Go”, de Marc Shaiman e Scott Wittman;
– “RBG” (Idem – 2018) – “I’ll Fight”, de Diane Warren.
Melhor mixagem de som:
– “Nasce uma Estrela” – Tom Ozanich, Dean A. Zupancic, Jason Ruder e Steven Morrow;
– “Pantera Negra” – Steve Boeddeker, Brandon Proctor e Peter J. Devlin;
– “O Primeiro Homem” – Jon Taylor, Frank A. Montaño, Ai-Ling Lee e Mary H. Ellis;
– “Bohemian Rhapsody” – Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali;
– “Roma” – Skip Lievsay, Craig Henighan e José Antonio García.
Melhor edição de som:
– “Bohemian Rhapsody” – John Warhurst e Nina Hartstone;
– “Pantera Negra” – Benjamin A. Burtt e Steve Boeddeker;
– “Um Lugar Silencioso” (A Quiet Place – 2018) – Ethan Van der Ryn e Erik Aadahl;
– “O Primeiro Homem” – Ai-Ling Lee e Mildred Iatrou;
– “Roma” – Sergio Diaz e Skip Lievsay.
Melhores efeitos visuais:
– “Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível” (Christopher Robin – 2018) – Chris Lawrence, Mike Eames, Theo Jones e Chris Corbould;
– “Jogador Nº 1” (Ready Player One – 2018) – Roger Guyett, Grady Cofer, Matthew E. Butler e David Shirk;
– “Vingadores: Guerra Infinita” (Avengers: Infinity War – 2018) – Dan DeLeeuw, Kelly Port, Russell Earl e Daniel Sudick;
– “Han Solo: Uma História Star Wars” (Solo: A Star Wars Story – 2018) – Rob Bredow, Patrick Tubach, Neal Scanlan e Dominic Tuohy;
– “O Primeiro Homem” (First Man – 2018) – Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles e J.D. Schwalm.
Melhor documentário:
– “Free Solo” (Idem – 2018) – Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes e Shannon Dill;
– “Of Fathers and Sons” (Kinder des Kalifats – 2018) – Talal Derki, Ansgar Frerich, Eva Kemme e Tobias Siebert;
– “RBG” – Betsy West e Julie Cohen;
– “Hale County This Morning, This Evening” (Idem – 2018) – RaMell Ross, Joslyn Barnes e Su Kim;
– “Minding the Gap” (Idem – 2018) – Bing Liu e Diane Moy Quon.
Melhor documentário (curta):
– “A Night at the Garden” (Idem – 2018) – Marshall Curry;
– “End Game” (Idem – 2018) – Rob Epstein e Jeffrey Friedman;
– “Period. End of Sentence.” (Idem – 2018) – Rayka Zehtabchi e Melissa Berton;
– “Black Sheep” (Idem – 2018) – Ed Perkins e Jonathan Chinn;
– “LIFEBOAT” (Idem – 2018) – Skye Fitzgerald e Bryn Mooser.
Melhor animação (curta):
– “Animal Behaviour” (Idem – 2018) – Alison Snowden e David Fine;
– “Fim de Tarde” (Late Afternoon – 2018) – Louise Bagnall e Nuria González Blanco;
– “Weekends” (Idem – 2018) – Trevor Jimenez;
– “Bao” (Idem – 2018) – Domee Shi e Becky Neiman;
– “Um Pequeno Passo” (One Small Step – 2018) – Andrew Chesworth e Bobby Pontillas.
Melhor curta:
– “Detainment” (Idem – 2018) – Vincent Lambe e Darren Mahon;
– “Madre” (Idem – 2018) – Rodrigo Sorogoyen e María del Puy Alvarado;
– “Skin” (Idem – 2018) – Guy Nattiv e Jaime Ray Newman;
– “Fauve” (Idem – 2018) – Jeremy Comte e Maria Gracia Turgeon;
– “Marguerite” (Idem – 2018) – Marianne Farley e Marie-Hélène Panisset.
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