Após frustração, André Marins busca excelência em enredo da Gaviões: ‘Fabuloso e pertinente’

André Marins. Foto: Sergio Cruz/Gaviões da Fiel

André Marins. Foto: Sergio Cruz/Gaviões da Fiel

Fora da elite do samba paulistano em 2022 – quando atuou como diretor de Carnaval da Prova de Fogo, agremiação do Grupo de Acesso de Bairros 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) – André Marins retorna nesta temporada como carnavalesco da Gaviões da Fiel. 

“Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!” é o título do enredo que o artista desenvolve ao lado de Júlio Poloni. 


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Ao SRzd, Marins mostrou-se empolgado ao voltar a atuar no Grupo Especial e destacou a importância de desenvolver um tema sobre a intolerância religiosa.

“É tão bom voltar para o Carnaval, é tão bom estar me sentindo capaz de construir um belíssimo desfile. Neste ano fiquei de fora e a gente se frustra, porque é o que eu gosto de fazer. Não é um bem material, é um bem de querer estar presente nessa grande festa. É tão bom estar voltando com um tema fabuloso e pertinente, porque é um enredo que a gente tem que ficar falando o tempo todo, e numa grande escola”, afirmou.

André Marins e Júlio Poloni. Foto: Sergio Cruz/Gaviões da Fiel
André Marins e Júlio Poloni. Foto: Sergio Cruz/Gaviões da Fiel

No início deste mês, a “Torcida que Samba” divulgou, em um evento fechado, os figurinos que vão ilustrar o desfile. Segundo o carnavalesco, os departamentos da escola gostaram do que viram ao vivo.

“As fantasias foram idealizadas para o que a gente vai levar para a Avenida. Foi muito positivo a maneira que nós mostramos para a toda diretoria e para os segmentos. Foi uma grande festa. Estou muito feliz de estar na escola, de estar realizando este trabalho de excelência. A Gaviões está me dando todo o apoio”, revelou.

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Em 2022, as fantasias criadas pelo carnavalesco Zilkson Reis obtiveram três notas 10 e uma nota 9,9 – que foi descartada pelo regulamento da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo. Para 2023, André aposta na fácil leitura das vestimentas para alcançar a nota máxima no quesito.

“A gente é julgado por julgadores, mas a linguagem das fantasias se pronunciam, se identificam, você olha para o figurino e sabe o que quer dizer. Então acho que não teremos problema nenhum de trazer as quatro notas 10 e conquistar uma pontuação maior para essa grande escola”, disse.

Trabalho diferenciado para um grande desfile

No próximo ano, a alvinegra vai encerrar os desfiles de sexta-feira, dia 17 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi. Com a exibição acontecendo provavelmente já com os primeiros raios de sol, a artista expôs que vai beber da fonte de João Clemente Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta, um dos maiores carnavalescos da história.

“Vamos fazer um trabalho todo diferenciado, numa questão de paleta de cores onde eu trabalho uma relíquia dos anos 80 de Joãosinho Trinta, onde a gente aprimora muito a questão de acetatos não batidos, mas sim feitos artesanalmente. Acho vai ser um grande desfile, não sou eu que estou dizendo, é o meu coração”, comentou.

+ Ouça o samba-enredo

Em junho deste ano, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo anunciou que “diante dos acontecimentos nos desfiles do Carnaval SP 2022, a Gaviões da Fiel será multada em 10% dos recursos provenientes do contrato para o Carnaval de 2023 com a Prefeitura de São Paulo”.

Com uma verba menor para buscar o quinto título da agremiação – não só pela punição da Liga, mas também pelo impacto da pandemia da Covid-19 e do fato da TV Globo, detentora da transmissão do Grupo Especial de São Paulo,  ter reduzido o valor fixo para 2023 – Marins se organiza através de planilhas para que tudo saia como planejado.

“Estamos trabalhando sem muito sonho, mas com o pé no chão. É um trabalho feito minuciosamente, sabendo o que posso fazer e o que não posso. Tenho uma planilha de custos onde eu estou 24 horas verificando e conversando com toda diretoria. Está dando um casamento bem legal”, finalizou.

Saiba mais sobre André Marins

Carioca, André é formado em Belas Artes, Moda e Designer. Ele começou sua carreira no Carnaval do Rio de Janeiro criando os figurinos da Caprichosos de Pilares nos anos de 1999 e 2000, mesma função que exerceu na Unidos da Vila Isabel nos dois anos seguintes.

Em 2001, o artista contribuiu para o projeto da Unidos do Peruche, em São Paulo. Ele retornou ao Carnaval do Rio em 2005, quando assinou os figurinos e alegorias da Acadêmicos de Santa Cruz, ao lado de Roseli Nicolau, onde permaneceu até 2006. Em 2007, foi para a União da Ilha do Governador para integrar uma comissão de Carnaval ao lado de Jack Vasconcelos e Paulo Menezes. Seu último período na cidade foi de 2009 a 2010, quando retornou para Santa Cruz.

No Carnaval de 2013, Marins foi convidado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues para ser o responsável pelo desenvolvimento e elaboração das alegorias da Vai-Vai. No ano seguinte, ele trabalhou junto de Chico Spinosa na escola. Já em 2015, assinou o enredo campeão da “Saracura” ao lado de Alexandre Louzada e Eduardo Caetano, função que ele também exerceu em 2017.

Ainda na capital paulista, o artista desenvolveu o desfile de 2016 da Águia de Ouro. Seu último trabalho foi na Tom Maior, onde elaborou os Carnavais de 2018 até 2020.

Sua trajetória também inclui passagens por duas agremiações de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, ao lado de Marcos Kopper, com quem foi bicampeão pela Ilha de Marduque e pela Cova da Onça.

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