Barracões SRzd: Rainhas do Rádio desfilarão com glamour na Porto da Pedra

Adereços de alegoria da Porto da Pedra. Foto: João Carlos Martins.

Toda pompa e glamour da época de ouro estará presente no desfile da Porto da Pedra. Mesmo com as dificuldades, a escola dá o seu jeitinho para homenagear as Rainhas do Rádio no Carnaval 2018. Apesar das cantoras não estarem presente fisicamente na Avenida, serão representadas pelo enredo “Rainhas do Rádio – Nas ondas da emoção, o Tigre coroa as Divas da canção!”. A escola de São Gonçalo será a quarta a se apresentar na sexta-feira da Série A.

A gente tá fazendo homenagem a dez ‘Ivetes Sangalos’ da década de 50.

O carnavalesco Jaime Cezário contou ao SRzd que tentou convidar algumas das ‘dez estrelas’, mas a idade elevada impediu o deslocamento das artistas até a Marquês de Sapucaí. “Eu tentei convidar a Ângela Maria, mas ela mora em São Paulo, tem quase 90 anos, então é difícil… A Dory Monteiro também é viva, mora em Copacabana, mas a agente dela disse que seria muito sacrifício, até pela idade. Ela tem 92 anos, né?”.

Jaime acredita que a homenagem da Porto da Pedra serve para mostrar aos jovens grandes cantoras da década de 50 que não são tão conhecidas pelo público mais novo. “A Grande Rio fez homenagem à Ivete Sangalo e foi uma comoção. A gente tá fazendo homenagem a dez ‘Ivetes Sangalos’ da década de 50″.

Como fazer esse Carnaval?

Em visita ao barracão, a equipe do SRzd pode conferir como andam os trabalhos capitaneados por Jaime. O carnavalesco se mostrou confiante com o que é realizado e disse que o enredo facilita a criação. “O enredo é uma homenagem a um concurso que existiu entre 1936 e 1958. Inicialmente, ele começa meio tímido, por causa do período entreguerras, mas depois explode com muito luxo e glamour”.

Você já vai articulando montagens que dê pra você reutilizar o máximo de coisas.

Como qualquer escola da Série A, a Porto da Pedra também supera dificuldades para botar o Carnaval na Sapucaí. Com a falta de recursos para novos materiais, Jaime recorreu ao reaproveitamento. Todo o esforço parece estar valendo a pena, o barracão da agremiação mantém um bom ritmo de trabalho e se vê qualidade no que é feito.

“O acesso é lugar que você mais tem que ser carnavalesco. Se no Especial já está com essa dificuldade, imagina aqui. Aqui a gente só tem ‘far-tura’, ‘farta tudo’. Então, você já vai articulando montagens que dê pra você reutilizar o máximo de coisas. Por exemplo, ano passado eu usei uma cabeça de tigre que vinha com máscara de Carnaval, aí eu tirei a máscara e reaproveitei”, revelou o carnavalesco.

O que veremos no desfile?

1º SETOR

Jaime Cezário: “O primeiro setor é o setor do glamour do Rio de Janeiro. Tudo acontecia no Rio, capital da República e capital cultural do Brasil. O Rio era tudo, todo mundo queria morar nessa cidade que ganhou o título de maravilhosa. A Rádio Nacional era no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro tinha os melhores cassinos, teatros, boates, hotéis. Por essas e outras, foi aqui que aconteceu o concurso do rádio.”

O abre-alas da Porto da Pedra trará uma grande cabeça de tigre, símbolo da escola. O carro faz referência aos teatros e cassinos da década de 40 e 50 do Rio de Janeiro. Predomina o vermelho e dourado.

2º SETOR

Jaime Cezário: “O segundo setor é o setor da mídia, que ajudou a promoveu esse concurso. A maior mídia era a Rádio Nacional, uma rádio do governo. Na época, Vargas investia nos melhores cantores, apresentadores… A Velha Guarda vem nesse carro como o ‘casting’ de estrelas da Rádio Nacional. Temos também a homenagem a Paulo Gracindo, César de Alencar e Manoel Barcelos, apresentadores que disputavam audiência na rádio.”

A alegoria, toda em preto e branco, representa a Rádio Nacional. A saia do carro relembra o calçadão de Copacabana. Instrumentos de sopro compõem a lateral.

3º SETOR

Jaime Cezário: “No terceiro setor, nós vamos falar do concurso. Os grandes agentes culturais da época resolveram criar um concurso para escolher a Rainha do Rádio. Vamos mostrar os primeiros concursos organizados pelo Jornal A Noite juntamente com o cordão carnavalesco Cordão dos Laranjas, que é a fantasia do casal de passistas. A bateria faz homenagem aos Reis do Rádio. Não havia esse concurso, mas havia cantores incríveis, como Cauby Peixoto. Em 1947, a ABR assume a Associação Brasileira do Rádio e institui o voto direto. O voto vinha na revista do rádio e custava um cruzeiro. Como o povo podia participar, o concurso ganhou o Brasil inteiro.”

O carro traz as dez estrelas do rádio. Com uma grande coroa a frente, imagens das cantoras compõem a alegoria.

4º SETOR

Jaime Cezário: “No final, a gente mostra a coroação das rainhas, que acontecia em pleno Carnaval, no baile do rádio. A rainha desfilava em carro aberto e quando chegava em frente ao teatro que acontecia o baile, ela sentava em um trono e era carregada por fãs musculosos no meio da multidão. Era um alvoroço! A rainha recebia a coroa do Rei Momo. Então, vamos mostrar a corte do rádio e da folia.”

A alegoria tem graduação de rosa com detalhes em vermelho. Várias máscaras de Carnaval representam o baile do rádio, onde as rainhas eram coroadas.

Acompanhe a série ‘Barracões SRzd’

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