Especial Oscar 2019: categoria de melhor ator
A 92a edição da cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 09 de fevereiro de 2020, no Dolby Theatre, em Los Angeles (Foto: Divulgação / Richard Harbaugh ©A.M.P.A.S.).
Nesta edição, a disputa pela estatueta de melhor ator está equilibrada, mas Rami Malek desponta como favorito por sua interpretação em “Bohemian Rhapsody” (Idem – 2018) devido às vitórias nos dois principais termômetros do Oscar: o Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama, entregue pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), e o Actor no SAG Awards, concedido pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG).
Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Viggo Mortensen por “Green Book – O Guia” (Green Book – 2018), Bradley Cooper por “Nasce Uma Estrela” (A Star is Born – 2018), Christian Bale por “Vice” (Idem – 2018), Rami Malek por “Bohemian Rhapsody” e Willem Dafoe por “No Portal da Eternidade” (At Eternity’s Gate – 2018).
Rami Malek conquistou 12 prêmios individuais até agora ao viver na telona o eterno líder do Queen, Freddie Mercury, numa atuação que dividiu opiniões do público e da crítica. Dirigido por Bryan Singer, o ator oferece um trabalho superficial e desprovido de emoção para somente imitar o cantor que faleceu em decorrência do vírus HIV, em 1991, e ainda hoje é venerado por seus fãs.
O principal oponente de Malek é Christian Bale, que interpreta Dick Cheney, vice-presidente dos Estados Unidos nos dois governos de George W. Bush (Sam Rockwell), em “Vice”, de Adam McKay. Bale trabalha as diferentes nuances do personagem, mostrando-o como um homem discreto, dedicado à família e obcecado pelo poder, mas que atua nas sombras. É uma composição que aposta em pequenos detalhes, como o olhar malicioso, porém, bastante carismática, que lhe rendeu nove prêmios individuais até o momento.
Sob a direção de Peter Farrelly, Viggo Mortensen também optou pelo carisma para viver Tony “Lip” Vallelonga, em “Green Book – O Guia”, brutamontes que mais tarde se tornaria ator, atuando inclusive no clássico “Os Bons Companheiros” (Goodfellas – 1990) e no seriado “A Família Soprano” (The Sopranos – 1999 – 2007). O ator começa com um tom mais pesado para mostrar as exigências do trabalho de segurança de boate e em como o preconceito racial não é visto como um problema para ele. Gradativamente, Mortensen abranda o tom para apresentar as transformações de Tony durante a convivência com seu novo chefe, pianista negro e bem sucedido que o contrata como motorista e agente no início dos anos 1960. É uma atuação rica que lhe rendeu cinco prêmios individuais até o momento.
Conhecido por sua total entrega aos personagens que se propõe a defender na tela grande, Willem Dafoe brilha como Vincent van Gogh em “No Portal da Eternidade”, de Julian Schnabel. O ator se agiganta a cada cena ao esmiuçar a luta do pintor contra seus próprios fantasmas, oriundos de problemas mentais. É uma composição comovente que exprime força sem colocar as fragilidades do atormentado pintor em segundo plano. Pelo papel, Dafoe já recebeu dois prêmios individuais.
Saindo do filão biográfico, Bradley Cooper interpreta um astro do rock em “Nasce Uma Estrela”, filme que marca sua estreia na cadeira de diretor. Cooper constrói o personagem de maneira a explorar com maestria suas mais variadas emoções. Para isto, se joga de corpo e alma na história do músico dependente químico e alcóolatra, mostrando, mais uma vez, o talento pouco reconhecido pela crítica e pela própria indústria cinematográfica. Por sua performance como Jackson Maine, o ator já recebeu cinco prêmios individuais.
Considerando as vitórias no Globo de Ouro e no SAG Awards, sobretudo no segundo, pois parte de seus membros também integra a AMPAS e com direito a voto, pode-se dizer que Rami Malek é o nome mais forte na corrida pelo Oscar de melhor ator. Mas o intérprete de Freddie Mercury é seguido de perto por Christian Bale, que tem Bradley Cooper e Viggo Mortensen em seu encalço, com Willem Dafoe como a zebra da categoria nesta edição.
A 91ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 24, no Dolby Theatre, em Los Angeles. No Brasil, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT e pela Rede Globo (após o “Big Brother Brasil”).
Confira um pequeno perfil dos indicados:
– Viggo Mortensen:
Nascido em 20 de outubro de 1958, em Nova York, Nova York (EUA), Viggo Mortensen começou a carreira nos palcos, estreando na televisão na minissérie “George Washington” (Idem – 1984) e no cinema em “A Testemunha” (Witness – 1985), de Peter Weir. Nos anos seguintes, participou de produções como “Jovem Demais Para Morrer” (Young Guns II – 1990), “O Pagamento Final” (Carlito’s Way – 1993), “Daylight” (Idem – 1996) e no remake de “Psicose” (Psycho – 1998). Mas foi sob a direção de Peter Jackson que o ator abraçou a fama como Aragorn na trilogia “O Senhor dos Anéis” (The Lord of the Rings – 2001, 2002 e 2003), baseada na obra homônima de J.R.R. Tolkien. Essa é a sua terceira indicação ao Oscar. As outras foram por “Senhores do Crime” (Eastern Promises – 2007) e “Capitão Fantástico” (Captain Fantastic – 2016), também na categoria de melhor ator.
* Entre os cinco prêmios individuais recebidos por sua performance em “Green Book – O Guia”, estão: o Festival Prize, do Boston Film Festival; o NBR Award, da National Board of Review, USA; e o PFCS Award, do Phoenix Film Critics Society Awards.
– Bradley Cooper:
Nascido em 05 de janeiro de 1975, na Filadélfia, Pensilvânia (EUA), Bradley Cooper se formou pela Georgetown University em 1997 e decidiu se mudar para Nova York e cursar o Masters of Fine Arts do conceituado Actors Studio, estreando na TV em 1999 num episódio do seriado “Sex and the City” (Idem – 1998 – 2004). Participou de seriados e de um telefilme até estrear no cinema em “Mais um Verão Americano” (Wet Hot American Summer – 2001). Nos anos seguintes, conseguiu conciliar diversos trabalhos na televisão e no cinema, mas somente em 2009 ganhou notoriedade com o estrondoso sucesso de “Se Beber, Não Case!” (The Hangover – 2009), que deu início a uma bem sucedida franquia. Um dos atores mais subestimados de sua geração, Cooper teve o apoio de Clint Eastwood, que o dirigiu em “Sniper Americano” (American Sniper – 2014), para assumir o comando de “Nasce Uma Estrela”, longa que marca sua estreia na direção e lhe rendeu três indicações ao Oscar deste ano, nas categorias de melhor filme, ator e roteiro adaptado (ao lado de Eric Roth e Will Fetters). Esta é a quarta vez que disputa a estatueta dourada. As outras três foram na categoria de melhor ator por “O Lado Bom da Vida” (Silver Linnings Playbook – 2012); filme e ator por “Sniper Americano”; e ator coadjuvante por “Trapaça” (American Hustle – 2013).
* Entre os cinco prêmios individuais recebidos por sua performance em “Nasce Uma Estrela”, estão: o ACCA, da Awards Circuit Community Awards; o BFCC Award, do Black Film Critics Circle Awards; o LEJA Award, da Latino Entertainment Journalists Association Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.
– Christian Bale:
Nascido em 30 de janeiro de 1974, em Pembrokeshire, Wales (Reino Unido), Christian Bale começou a carreira fazendo comerciais de TV e participando de montagens teatrais ainda na infância. Seu primeiro filme foi “Anastasia: The Mystery of Anna” (Idem – 1986), produzido diretamente para a TV e dirigido por Marvin J. Chomsky. Sua estreia no cinema foi em 1987 com “Mio min Mio” (Idem – 1987), de Vladimir Grammatikov. No mesmo ano, estreou no cinema americano sob a direção de Steven Spielberg em “Império do Sol” (Empire of the Sun – 1987), como protagonista e ao lado de John Malkovich. Bale trabalhou em alguns telefilmes e muitos filmes até o final da década de 1990, porém a consagração como ator chegou somente nos anos 2000 em produções como “Psicopata Americano” (American Psycho – 2000), “O Operário” (The Machinist – 2004) e “Batman Begins” (Idem – 2005), o primeiro longa da trilogia de Christopher Nolan e o grande responsável por transformá-lo em ídolo do grande público, pois muitos o consideram o melhor Bruce Wayne / Batman do cinema – os outros títulos que compõem a trilogia são “O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008) e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The Dark Knight Rises – 2012). Esta é a sua quarta indicação ao Oscar. Vencedor da estatueta dourada de melhor ator coadjuvante por “O Vencedor” (The Fighter – 2010), Bale concorreu também ao Golden Boy de ator por “Trapaça” (American Hustle – 2013) e ator coadjuvante por “A Grande Aposta” (The Big Short – 2015).
* Entre os nove prêmios individuais recebidos por sua performance em “Vice”, estão: o Globo de Ouro de melhor ator em filme – comédia / musical; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o NFCS Award, da Nevada Film Critics Society; e o PFCC Award, do Philadelphia Film Critics Circle Awards.
– Rami Malek:
Nascido em 12 de maio de 1981, em Los Angeles, Califórnia (EUA), Rami Malek começou a se interessar por arte durante o colegial. Graduado em Belas Artes pela University of Evansville, no estado americano de Indiana, Malek estreou como ator em 2004, fazendo uma pequena participação na série “Gilmore Girls” (Idem – 2000 – 2007). Somente dois anos mais tarde se aventurou pelo cinema em “Uma Noite no Museu” (Night at the Museum – 2006), primeiro longa da trilogia estrelada por Ben Stiller. Participou de filmes como “O Mestre” (The Master – 2012) e “A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2” (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2 – 2012), mas consolidou sua carreira na televisão, alcançando a fama na aclamada “Mr. Robot: Sociedade Hacker” (Mr. Robot – desde 2015), que lhe rendeu inúmeros prêmios, entre eles, o Emmy Awards de melhor ator em série de drama. Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.
* Entre os 12 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Bohemian Rhapsody”, estão: os já citados Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e o Actor do SAG Awards; o BAFTA Film Award, do BAFTA Awards; o IFC Award, do Iowa Film Critics Awards; o LAOFCS Award, da Los Angeles Online Film Critics Society Awards; e o Breakthrough Performance Award, do Palm Springs International Film Festival.
– Willem Dafoe:
Nascido em 22 de julho de 1955, em Appleton, Wisconsin (EUA), Willem Dafoe começou a construir sua carreira no teatro ainda na adolescência, o que o levou a Nova York, onde fundou o The Wooster Group em 1977. Três anos depois, estreou no cinema em “O Portal do Paraíso” (Heaven’s Gate – 1980), de Michael Cimino, que o demitiu após uma gargalhada no set e não colocou seu nome nos créditos finais. No ano seguinte, assumiu a responsabilidade de protagonizar o drama “The Loveless” (Idem – 1981), de Kathryn Bigelow e Monty Montgomery. Sem deixar o teatro de lado, Dafoe investiu no cinema e chamou a atenção de fato como o Sargento Elias em “Platoon” (Idem – 1986), de Oliver Stone. Sempre explorando papeis diferentes que pudessem mostrar ao público sua versatilidade, o ator acabou com o rótulo de excêntrico, o que o afastou de projetos maiores, como ele mesmo disse em várias entrevistas. Entre seus filmes mais conhecidos estão “A Última Tentação de Cristo” (The Last Temptation of Christ – 1988), “Nascido em 4 de Julho” (Born on the Fourth of July – 1989), “Homem-Aranha” (Spider-Man – 2002), “A Vida Marinha com Steve Zissou” (The Life Aquatic with Steve Zissou – 2004), “O Aviador” (The Aviator – 2004) e o sucesso adolescente “A Culpa é das Estrelas” (The Fault in Our Stars – 2014). Além destes títulos, é válido ressaltar que Dafoe protagonizou o último longa-metragem de Hector Babenco, “Meu Amigo Hindu” (2015). Esta é a quarta terceira indicação ao Oscar, sendo a primeira na categoria de melhor ator. As outras foram por “Platoon” (Idem – 1986), “A Sombra do Vampiro” (Shadow of the Vampire – 2000) e “Projeto Flórida” (The Florida Project – 2017).
* Os dois prêmios individuais recebidos por sua performance em “No Portal da Eternidade” são: o Satellite Award, do Satellite Awards; e o Volpi Cup, do Festival de Veneza.
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