Presidente do Império Serrano, Vera Lúcia se arrepende de apoio a Crivella: ‘Hoje eu não votaria’

Vera Lúcia, presidente do Imperio Serrano. Foto: Eliane Pinheiro

“Crivella é 10” foi o grito de muitos sambistas durante as eleições municipais do Rio de Janeiro de 2016. Dois anos depois, tem gente que se arrepende do apoio dado à campanha do atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella. No grupo dos que voltariam atrás está Vera Lúcia, presidente do Império Serrano, que abriu o jogo com o SRzd e disse que, hoje, não votaria no político do Partido Republicano Brasileiro (PRB).

Quando ele fez uma promessa dentro da Liesa que não iria cortar verba das escolas, eu acreditei

“Eu, Vera Lúcia, presidente do Império Serrano, se pudesse voltar atrás, eu voltaria, pelo que está acontecendo na minha cidade do Rio de Janeiro. Hoje, eu não votaria nele, porque eu votei. Quando ele fez uma promessa dentro da Liesa que não iria cortar verba das escolas, eu acreditei. Infelizmente, todo o mundo do samba está decepcionado.”

O motivo maior da insatisfação dos sambistas com Crivella é em relação ao corte da verba que a prefeitura destina ao Carnaval. Para a folia de 2017, cada agremiação do Especial recebeu R$ 2 milhões, investimento feito pelo ex-prefeito Eduardo Paes, na época do PMBD. Em 2018, primeiro ano de Crivella, as escolas receberam R$ 1 milhão da cidade. Os R$ 500 mil que complementaram a subvenção foram dados pela Uber.

Crivella durante entrega de cheque simbólico para as escolas produzirem o Carnaval 2018. Foto: Reprodução

Para 2019, a prefeitura confirmou, até o momento, R$ 500 mil por agremiação. Já a Uber desistiu de patrocinar a festa. Caso se confirme a possível redução, as escolas do Especial perderão R$ 1,5 milhão de investimento em dois anos. Além disso, há indefinição quanto à verba dos grupos de acesso. Em 2018, a estrutura da Intendente Magalhães foi montada com apoio de R$ 2,5 milhões da Uber. Sem o aporte da empresa, os desfiles de 2019 das séries B, C, D e E correm riscos.

“Eu acho que o Carnaval é o maior espetáculo do mundo e a população merece respeito. O prefeito lá atrás prometeu que não ia cortar verba e descumpriu com a palavra dele. Quando o prefeito disse que ia tirar dinheiro das agremiações para investir na saúde e nas escolas, a gente vê hoje como está a situação nessas áreas”, disse Vera ao justificar seu arrependimento em ter digitado 10 (número do candidato) na urna eletrônica em 2016.

Sem apoio da Uber, desfiles da Intendente Magalhães correm riscos. Foto: Divulgação

Sem plano B

Surpreendidos pela publicação no Diário Oficial de somente R$ 500 mil por escola em vez do valor prometido de R$ 1 milhão, sambistas já pensam no que fazer caso o restante da verba não venha. A presidente do Império, porém, até agora não tem um plano B para o Carnaval da verde e branco de Madureira.

O plano B seria um desastre para as escolas de samba

“Até hoje, nós estamos no plano A. O plano B, não pensamos ainda. Existe um regulamento que diz que devemos passar na Avenida com o mínimo de 2500 pessoas. Não temos como diminuir. O plano B seria um desastre para as escolas de samba. Esse plano B apavora. Porque se botarmos ele em prática, vamos deixar de cumprir o regulamento da Liga, e se não cumprirmos, seremos candidatos a descer. O Império Serrano é uma escola que não tem patrono. Eu não posso fazer Carnaval que não esteja no nível das outras, mas para isso preciso de verba.”

A reunião desta quarta-feira (12) entre representantes das agremiações, Liesa e Riotur, na Cidade das Artes, foi o início da luta pela manutenção do valor prometido para cada escola do Especial. Assim como o presidente da Liga, Jorge Castanheira, Vera está otimista com as negociações, mas deixou claro que o dinheiro não pode demorar a cair na conta das escolas.

“Não podemos receber dinheiro em fevereiro. Todas agremiações estão comprometidas com seu Carnaval. O Império Serrano tem projeto via Lei Rouanet aprovado de pouco mais de R$ 2 milhões, mas ninguém quer investir. É aquela coisa: Guanabara saiu, a Uber abandonou. Está todo mundo correndo e isso está prejudicando o mundo do samba. A maior falta de respeito foi ter publicado no Diário Oficial a liberação de R$ 500 mil sendo que até agora as escolas não receberam R$ 1 real. Os credores batem na porta da gente e não podem receber. O Carnaval não espera”, declarou.

Jorge Castanheira em entrevista coletiva após reunião com presidente da Riotur, Marcelo Alves. Foto: Reprodução/SRzd

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