Biografia de FHC registra contradições, erro eleitoral histórico e pragmatismo político

18/06/2021 às 21h04 - Por Redação SRzd

Arte: SRzd

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) completa, nesta sexta-feira (18), 90 anos de idade.

“Você viver até os 90 anos com relativa autonomia é bom. Não basta estar vivo, tem que estar vivo com energia. O importante é que a pessoa tenha gosto pela vida, tenha prazer de estar vivo”, disse nesta sexta em entrevista para a Rádio CBN.

No decorrer de uma longa trajetória, que o tornou um dos principais nomes da política nacional, FHC tem em sua biografia, muitas contradições. Esteve no campo daqueles que lutaram contra a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) mas, aliou-se, quando eleito presidente em 1994, justamente com figuras exponenciais do regime, que integravam, na época, a cúpula do PFL, hoje DEM:

“O mais difícil era com a esquerda e meu partido, que chamavam o PFL de besta fera, era o demônio, e não era bem assim, o PFL tinha interesse em acabar com a inflação. Ninguém governa sem aliança. Pode governar, se for ditadura. Quando você não impõe a regra, tem que atender os interesses diversos”, defendeu.

Protagonista de uma das maiores gafes da história das eleições no país, quando sentou-se na cadeira de prefeito de São Paulo antes do resultado das urnas, que lhe impuseram uma derrota para Jânio Quadros, em 1985, o tucano é reconhecido pelo equilíbrio e pelo pragmatismo ao tomar suas decisões políticas.

Reeleito em 1998, novamente em primeiro turno vencendo o principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saiu ileso da polêmica aprovação da reeleição, que lhe beneficiou diretamente para que pudesse concorrer novamente ao Planalto:

“Eu precisava ter maioria no Congresso, isso é fundamental. Meu partido, o PSDB, não era grande o suficiente e o PMDB era muito disperso. O PFL se propôs a me apoiar”, disse sobre as acusações de corrupção, incluindo a compra de votos na PEC da reeleição e doações de campanha da Odebrecht para o PSDB na modalidade de Caixa 2.

Sobre a relação com Lula, semanas após ter encontrado pessoalmente com o petista e declarar voto nele caso enfrente o presidente Jair Bolsonaro num eventual segundo turno em 2022, posicionamento que não tomou em 2018, FHC relembrou um episódio envolvendo a jornada dos dois:

“Eu me dou com Lula pessoalmente conheço lá muitos anos ele passou férias na minha casa de praia com a mulher dele a Marisa e os filhos que eram pequenos, há muitos anos isso. Não se faz política com fel com amargor na boca. O Lula é líder ele é capaz de falar de modo que arraste algumas pessoas com ele vai pelo caminho que eu desejo? Eu não sei qual é o caminho do Lula ele tem vários caminhos”.