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The Handmaid´s Tale: a queridinha de 2017 chega ao Brasil

Preciso confessar: fui assistir a “The Handmaid´s Tale” mais por obrigação (em função do frisson causado pela série nas mais recentes premiações de TV americanas) do que por curiosidade em si. Isso porquê, ao meu ver, estava mais uma vez diante de uma série previsível sobre um futuro distópico… E convenhamos, o tema atualmente já está beeem desgastado.

Puro engano. Peço perdão de joelhos ao meu Deus das séries. Handmaid´s é, junto com Westworld e This Is Us (que vou falar num post próximo) uma das melhores séries produzidas nos últimos tempos. Por que? Simples: ela é minimalista e visceral.

Pra quem nunca ouviu falar da série, preciso situar. Sim, ela se passa no famigerado futuro distópico, mas essa referência serve apenas para uma referência temporal. Baseada no livro de Margaret Atwood “O Conto de Aia”, nos deparamos com um mundo onde a maioria esmagadora das mulheres se tornou infértil, incapaz de reproduzir. Nos Estados Unidos, após um ataque terrorista, um grupo de católicos radicais toma o poder, usando o Antigo Testamento como base de seu governo. Assim surge a República de Gilead. Óbvio, mulheres e minorias são os mais afetados por estas mudanças.

As crianças são retiradas a força de suas famílias, e suas mães (assim como mulheres comprovadamente férteis) passam a ser “escravizadas”, mantidas em um ambiente seccionado do restante da população. Com que propósito? Serem reprodutoras para os homens poderosos do país. Seus nomes originais são substituídos por novos nomes (que são a composição da palavra “Of” (De) seguida do nome de seu dono. E é assim que conhecemos Offred, magistralmente interpretada por  Elizabeth Moss. Vivendo numa família do  alto escalão do poder (notem: as mulheres que não são handmaids, também são extremamente submissas, não trabalham, não podem ter conta em banco, vivem estritamente para seus maridos e famílias), Offred nitidamente não está confortável com sua situação atual, mas é capaz de fingir sua adaptação à nova realidade de maneira surpreendente.

A atuação de Moss é algo a ser ressaltado. Não é over, pelo contrário. É tão, tão simplista que chega a ser aflitiva. O vazio e a escatologia de algumas situações nos levam, frequentemente, durante os dez episódios da 1a temporada, a nos questionarmos sobre os rumos de nossa própria civilização. Não estaremos tão afoitos por liberdades individuais que acabaremos nos colocando em situações nas quais o retrocesso nos aparece como solução de problemas? (por favor, sem partidarismos políticos, este não é o objetivo da coluna)

O fato é: “The Handmaid´s Tale” é uma série que merece ser vista – e revista – tamanha é sua amplitude, sua relevância. E, finalmente, teremos a chance de conhecer a produção sem termos que recorrer a meios pouco ortodoxos. Produzida e disponibilizada pelo Hulu (serviço de streaming ainda não disponível no Brasil), a série será exibida, a partir de março, pelo Paramount Channel.

Vale, e muito, conferir.

 

Ticiana Farinchon

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Ticiana Farinchon
Tags: Elizabeth MossEmmyGlobo de OuroHandmaid´s TaleHuluparamountsérie

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