Colunas

O que aprendi com a Bahia e os baianos, por Sidney Rezende

Daniele Campos e Chico Kertész. Foto: Reprodução/Youtube

Daniele Campos e Chico Kertész. Foto: Reprodução/Youtube

Nesta quinta-feira, 19, fui entrevistado pelos colegas da rádio Metrópole, FM 101.3, sediada em Salvador, Bahia, com transmissão simultânea pelo YouTube. E fiquei muito bem impressionado com o profissionalismo deles, que mistura seriedade na produção e descontração no ar, que tanto agrada aos ouvintes.

O programa produzido por Cristiele França e sua equipe, comandado por Chico Kertész e Daniele Campos, ganham o charme da voz de Abraão Brito, este não aparece no vídeo. Ele confessou que, pelo menos uma vez por mês, é perguntado por qual razão de não mostrar o rosto na tela. Alguém brincou dizendo que é para manter o ‘estilo Lombardi’, locutor que por anos foi companheiro de apresentações dominicais ao lado de Silvio Santos.

A rádio tornou-se bem ouvida na Bahia depois de muito trabalho e por trazer como carro chefe na apresentação, comentários e entrevistas, Mário Kertész. Veterano no universo da política, ele começou sua vida pública aos 22 anos, e, já aos 26, tornou-se secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia na primeira gestão do governador Antônio Carlos Magalhães (ACM) nos anos (1971-1975). Mais tarde, Mário fez uma carreira parlamentar que o fez passar por vários partidos ARENA (1978-1980); PMDB (1980-1988); PDT (1988-1990); PST (1990-1993) e PMDB (2011-2012).

A minha primeira boa impressão foi a qualidade da imagem e do som. Segunda boa notícia é ver o uso das plataformas digitais combinadas com o rádio tradicional. Terceira foi o cuidado deles de não exibirem imagem de uma briga entre duas mulheres numa academia de ginástica, porque consideraram inadequado mostrar o rosto dos envolvidos. Um respeito aos brigões, aos seguidores da rádio e, também, um resguardo legal para se evitar processos futuros. Bacana. Não vale tudo pela audiência.

Também me chamou a atenção eles não se intimidarem em citar marcas de produtos com vistas a não prejudicar a qualidade dos comentários. Nas rádios do Sudeste, se tem medo de dar nomes aos bois e se perder anunciantes. Ou, o que é pior, passar a mão na cabeça de empresas e empresários. Todos sabemos que este comportamento viciado esconde do público informação relevante.

Maravilhoso este ecumenismo que a Bahia nos orienta com régua e compasso. É um exemplo de tolerância.

Os apresentadores fizeram comentários divertidos sobre qual a bebida do momento nas festas baianas e até listaram as “preferidas”. O toque divertido foi ao tratar de uma específica marca de gin – eu que não lembro, agora! – e que parece ser de qualidade duvidosa, e logo surgiu: “essa aí é a Itaipava dos gins”. Pelo visto a Itaipava não está com muita moral entre os consumidores de lá.

Outra coisa que me chamou a atenção foi uma peça publicitária em que Cris França, vestida de saia rodada estampada, traje tradicional das baianas, fala sobre Oxóssi, santo homenageado em 20 de janeiro, e que marca a importância das raízes das religiões de matriz africana. Maravilhoso este ecumenismo que a Bahia nos orienta com régua e compasso. É um exemplo de tolerância.

Também fiquei feliz em saber que o mestre Janio de Freitas, nosso colega do programa Panorama Brasil, o primeiro jornalístico da FM do Brasil, terá uma participação fixa na rádio Metrópole. É um belo reconhecimento para quem na Folha de São Paulo sempre iluminou sua coluna com o fino da análise política.

Por fim, fui entrevistado por Dani Campos com perguntas antenadas, inteligentes e despertadas da curiosidade natural que só bons repórteres praticam no dia a dia. Falamos da violência contra jornalistas, tema de um dos meus artigos publicados este mês aqui no portal SRzd. Fiquei muito feliz pelo convite e por tratar deste tema.

Aos interessados pelo assunto, lembro que no dia 25 de janeiro a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançará o Relatório 2022 Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil. Documento indispensável para todos que prezam pela democracia e não aceitam a tirania dos simpáticos por ditaduras.

Comentários

 




    gl