Clarice Nascimento, uma porta-bandeira!

Clarice Nascimento. Foto: Acervo Pessoal

Rio. Nascida no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 2007, filha de Cleyton Nascimento e Patrícia Leite, e morando em Madureira, é estudante no CT-RIO, onde cursa o segundo ano do Ensino Médio Curso Técnico em Enfermagem. Ela torce para o Flamengo, adora sair com amigos e dançar!

O padrinho Bernard Nascimento, todo prosa com a bela afilhada, me contou que ela é da quarta geração de porta-bandeira e da sétima geração de sambista com função em agremiação de samba dos Nascimento, contando desde Napoleão, o pai de Natal, e do tempo da fundação da Portela. Quando Clarice lhe pediu conselhos sobre o que deveria escolher entre as diferentes e diversas funções no samba, ele aconselhou a ela experimentar, viver as emoções e, assim, escolher o espaço que seu coração indicasse! Desta forma, aos dez anos de idade, após desfilar como musa do GRES Mirim Filhos da Águia, acompanhada pela família, ao final do desfile, a sua “ Rainha” dizendo que gostara do que viveu, mas que seu destino era ser porta-bandeira. Ele vibrou, pois torcia por essa essa escolha. E ali, brotou a quarta geração de porta-bandeira dos Nascimento.

Recentemente, no lançamento do livro “Mestre-Sala e Porta-Bandeira, uma arte essencialmente nossa”, de Bruno Chateaubriand, eu me reencontrei com meu sagrado pavilhão do GRES Em Cima da Hora e com a linda Clarice Nascimento, que porta com singeleza esse manto azul e branco. Conversamos, fizemos fotos e eu pedi que me contasse sobre sua trajetória no samba.

E ela me contou: “Me chamo Clarice Nascimento, tenho dezesseis anos. Comecei com dez anos como musa na Filhos da Águia e depois de uns dois meses eu descobri que não era essa trajetória que eu queria trilhar, sendo assim, comecei a busca pelo projeto de porta-bandeira e mestre-sala. Então os meus pais me levaram no projeto do Galo (madureira, toca, canta e dança). Eu fiquei até 2019, fui chamada pra ser primeira porta-bandeira da Nova Geração da Estácio e fiquei até 2020. Logo depois eu comecei no projeto minueto do samba. Assim, em seguida fui chamada pra ser terceira porta bandeira da Infante do Lins. No ano de 2020 também iniciei no projeto da Mangueira (Matheus Olivério). Hoje em dia, eu danço em um bloco em São Paulo (Doentes da Sapucaí) e também é meu segundo ano como terceira porta-bandeira da Em Cima da Hora. Além da dança estar no meu sangue, por ser bisneta de Vilma Nascimento (Cisne da passarela), pretendo seguir essa trajetória na arte da dança pelo resto da minha vida”, detalhou.

Pois então, ela é assim, determinada e leve, bela e majestosa, Clarice é a certeza da ancestralidade da porta-bandeira, que sempre escolhe o corpo no qual deseja dançar e, nesse caso, já encontrou a porta aberta, pelo caminho construído desde Vilma Nascimento! Salve Clarice!

Eliane Santos de Souza é professora e pesquisadora do tema: dança, dança do samba, bailado do mestre-sala e porta-bandeira. Lecionou, como substituta, no curso de Bacharelado em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É Doutora em Arte pelo PPARTES-UERJ com a tese: Daqui de onde te vejo: reflexões de uma porta-bandeira sobre o mestre-sala, com publicação em formato de livro com o mesmo título. É Mestre em Ciência da Arte- UFF com a dissertação: Uma semiologia do samba: O bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Ainda é especialista em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Docente do Ensino Fundamental e especializada em Educação Infantil. Porta-bandeira aposentada, é apoio, orientadora e apresentadora de casais. Foi membro de comissões julgadoras do quesito mestre-sala e porta-bandeira, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, São Paulo e Uruguaiana.