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Madureira toca, canta e dança: 32 anos de resistência!

Madureira toca, canta e dança: 32 anos de resistência!

Rio. Há 32 anos, em 24 de novembro de 1991, o GRUPO DA CALÇADA promoveu a festa “Madureira Dança e Canta” em homenagem ao casal portelense Benício da Rocha e Vilma Nascimento. Sem imaginar, naquele dia ajudamos, Carlos Augusto e eu, o primeiro casal do extinto GRES Império do Marangá, conduzidos pelo diretor de harmonia Corazil Santos, a oficializar a data como dedicada aos Casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira!

E então, foi fundado, a partir daquele evento, o MADUREIRA TOCA, CANTA E DANÇA – Programa Preparatório Mestre-Sala e Porta-Bandeira, que todos os anos, presta uma homenagem aos dançarinos nobres do samba, cuja data ficou fixada no calendário!

Este ano, a festa foi simplesmente emocionante, reunindo nomes de grande relevância para a nossa arte nobre: o Bailado de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, uma semiologia do samba! Encantando o solo sagrado do GRES Portela, que acolheu o evento, pudemos citar, conforme elencou o grande Claudinho do Império Serrano: “os presentes foram: Birinha (Vila Isabel, Chiquinho (Imperatriz Leopoldinense), Paulo Roberto (Unidos da Tijuca), Carlinhos Brilhante (Vila isabel), Jeronymo (Portela), Claudinho (Império Serrano), Cizinho (Portela), Marco Aurélio – Popô (Beija Flor), Bossa Nova (Salgueiro), Andréa Machado (Império Serrano), Adriane (Salgueiro), Matheus Machado e Jaçanã (Inocentes de Belford Roxo), Anderson Abreu e Eliza Xavier (Império Serrano). E você, claro!”.

Ao dançarem, os veteranos confirmaram a coreografia base do bailado, todavia, a festa nos permitiu igualmente apreciar a atualização da dança dos mais novos e ratificar a performance anotada no livro de José Carlos RÊGO (1996) “ Dança do Samba, exercício do prazer”.

Num show de estilos e criatividade, a porta-bandeira do Império Serrano, Eliza Xavier, foi cortejada e dançou com cinco veteranos presentes, que num desafio corporal com a linda dama, se exibiram abrindo espaço para que ela se apresentasse. Foi mágico assistir Carlinhos Brilhante conduzindo a cena com seu leque; Cizinho, elegante e cortês, delimitando o espaço e protegendo a dama; Marco Aurélio, o Popó, cria do legado Bicho Novo, marcando presença e imprimido seu estilo moldado na GRES Beija-Flor; Bira, que brilhou como segundo mestre-sala do GRES Unidos de Vila Isabel desenhando suas letras e passos com maestria no salão; e lacrando tudo, o virtuoso Claudinho do Império Serrano, espalhando o charme de sua performance imperiana para a apreciação da plateia.

Presença feminina, a sensacional Porta-Estandarte carioca, famosa e de grande valor, Maria Luíza Martins, encantou declamando um texto próprio, e assim, perfumou o ambiente festivo!

O belo e elegante Matheus Machado, herdeiro dos Machado imperianos, desfilou histórias dançadas no espaço, apenas por ali estar.

Carlinhos Brilhante da Vila Isabel me encaminhou um áudio no qual destaca o valor e a importância do evento que trouxe a cena do samba, os antigos dançarinos que fizeram história e escreveram com seus corpos de sambistas a poesia que se lê num bailado preservado!

E Charles Lopes, o diretor geral de harmonia da SRES Lins Imperial, que também sensível destacou: “Um evento de grande valia para a cultura do samba e da dança de Mestre Sala e Porta Bandeira, e também muito importante para os mais novos que fazem parte do projeto e tem um convívio com quem já dançou e quem dança atualmente.”
Instante sublime se fez no momento da oração em forma de canção, no qual, todos suplicamos a Maria, na qual veneramos o sagrado feminino, a proteção ao caminhar de todos e todas, em especial do povo do samba presente naquela roda: “ me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu caminho” dizia a letra! Foi forte e divino. Conforme escreveu em rede social o compositor Clovis de Freitas: “ Realmente momentos de muitas emoções. Muito marcante na hora da oração.”

Ali, pudemos sentir a garra, a coragem e a ousadia do casal Valdir Gallo e Estelita, que nesses 32 anos, sustentam e lutam pela preservação da dança nobre do samba.

A esse casal maravilhoso, dedico a simplicidade deste texto, que escrevi emocionada, como prova do meu carinho e respeito! Uma trajetória pelo Bailado!

Eliane Santos de Souza é professora e pesquisadora do tema: dança, dança do samba, bailado do mestre-sala e porta-bandeira. Lecionou, como substituta, no curso de Bacharelado em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É Doutora em Arte pelo PPARTES-UERJ com a tese: Daqui de onde te vejo: reflexões de uma porta-bandeira sobre o mestre-sala, com publicação em formato de livro com o mesmo título. É Mestre em Ciência da Arte- UFF com a dissertação: Uma semiologia do samba: O bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Ainda é especialista em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Docente do Ensino Fundamental e especializada em Educação Infantil. Porta-bandeira aposentada, é apoio, orientadora e apresentadora de casais. Foi membro de comissões julgadoras do quesito mestre-sala e porta-bandeira, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, São Paulo e Uruguaiana.

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