Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Oscar 2024: ‘Oppenheimer’ é o grande vencedor

“Oppenheimer”: equipe comemora a vitória no Oscar 2024 (Foto: Divulgação – Crédito: Michael Baker / ©A.M.P.A.S.).

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) realizou na noite do último domingo (10), no Dolby Theatre, em Los Angeles, a 96a cerimônia de entrega do Oscar. E o grande vencedor da noite foi “Oppenheimer” (Oppenheimer – 2023, EUA / Reino Unido), que deixou o auditório com sete das 13 estatuetas a que concorria, incluindo as de melhor filme, direção para Christopher Nolan, ator para Cillian Murphy e ator coadjuvante para Robert Downey Jr.

 

A vitória de “Oppenheimer” em tantas categorias era esperada e foi celebrada pela plateia do Dolby Theatre, que se levantou diversas vezes para aplaudir os vencedores pelo longa que conta um pouco da trajetória de J. Robert Oppenheimer, popularmente conhecido como o “pai da bomba atômica”, interpretado por Murphy. “Estou um pouco emocionado. Obrigado à Academia, a Chris Nolan e a Emma Thomas. Essa foi a jornada mais louca, estimulante e criativamente satisfatória em que vocês me levaram nos últimos 20 anos. Devo a vocês mais do que posso dizer. Muito obrigado. Cada membro da equipe, cada membro do elenco de ‘Oppenheimer’, vocês me ajudaram a superar tudo. Todos os meus colegas indicados, eu continuo admirado com vocês. De verdade. Quero agradecer à minha incrível equipe. Um grande agradecimento a Craig Bankey, Brendan Murphy, Mary Murphy, Yvonne McGuinness, minha parceira na vida, e nossos – meus dois filhos, Malachy e Aran, que estão sentados lá em cima. Eu os amo muito. E sou um irlandês muito orgulhoso de estar aqui esta noite”, disse o ator, que completou: “Fizemos um filme sobre o homem que criou a bomba atômica. E, para o bem ou para o mal, estamos todos vivendo no mundo de Oppenheimer. Portanto, eu realmente gostaria de dedicar este filme aos pacificadores de todo o mundo”.

 

O discurso de Robert Downey Jr., ator que conquistou o mundo como Tony Stark / Homem de Ferro também chamou a atenção por lembrar, mesmo que rapidamente, o passado que estampou manchetes de jornais escandalosas. “Gostaria de agradecer à minha infância terrível e à Academia – nessa ordem”, disse o ator, agradecendo a esposa por tirá-lo da situação ruim em que se encontrava. “Gostaria de agradecer à minha veterinária – quero dizer, esposa, Susan Downey, que está ali. Ela me encontrou como um animal de estimação de resgate, rosnando, e você me amou de volta à vida. É por isso que estou aqui”, lembrando, ainda, de seu advogado: “Meu advogado especializado em entretenimento, Tom Hanson, há 40 anos, metade dos quais ele passou tentando conseguir um seguro para mim e me tirando da cadeia – obrigado, irmão”.

 

É importante ressaltar que Nolan recebeu sua estatueta de melhor direção das mãos de Steven Spielberg, que há 30 anos recebia o mesmo prêmio por um longa-metragem também sobre a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), “A Lista de Schindler” (Schindler’s List – 1993, EUA), que, assim como “Oppenheimer”, recebeu sete Oscars. E que houve uma “dobradinha” muito interessante nesta edição, pois outro título sobre o conflito, adversário direto de “Oppenheimer” nas categorias de filme e direção, foi agraciado com os prêmios de melhor filme internacional e som, “Zona de Interesse” (The Zone of Interest – 2023, EUA / Reino Unido / Polônia).

 

Melhores atores do Oscar 2024: Robert Downey Jr., Da’Vine Joy Randolph, Emma Stone e Cillian Murphy (Foto: Divulgação – Crédito: Michael Baker / ©A.M.P.A.S.).

 

O primeiro prêmio da noite foi entregue à Da’Vine Joy Randolph, agraciada com a estatueta de melhor atriz coadjuvante por “Os Rejeitados” (The Holdovers – 2023, EUA), de Alexander Payne. Favorita da categoria, Randolph já estava em lágrimas antes mesmo da abertura do envelope. Ao subir ao palco, a atriz lembrou as inseguranças da carreira, dizendo que não conseguia enxergar a si própria, sendo incentivada pela família e pelo professor que a ajudou quando era a única garota negra de sua classe.

 

“Deus é tão bom. Deus é tão bom. Sabe, eu – eu não achava que deveria estar fazendo isso como uma carreira. Comecei como cantora. E minha mãe me disse: ‘Atravesse aquela rua e vá para o departamento de teatro. Há algo para você lá’. E agradeço à minha mãe por ter feito isso. Agradeço a todas as pessoas que entraram em meu caminho e estiveram ao meu lado, que me conduziram e me orientaram. Sou muito grata a todas vocês, pessoas lindas que estão aí. Por muito tempo, sempre quis ser diferente, e agora percebo que só preciso ser eu mesma. E agradeço a vocês. Agradeço a vocês por me verem. Ron Van Lieu, eu lhe agradeço quando eu era a única garota negra naquela classe, quando você me viu e me disse que eu era suficiente. E quando eu lhe disse que não me via, você disse: ‘Tudo bem. Vamos trilhar nosso próprio caminho. Você vai criar uma trilha para si mesma’”, disse Randolph.

 

Quem também não segurou as lágrimas foi Emma Stone, que se surpreendeu ao ser anunciada como vencedora da estatueta de melhor atriz por “Pobres Criaturas” (Poor Things – 2023, Irlanda / Reino Unido / EUA), de Yorgos Lanthimos – ao todo, o longa recebeu quatro Oscars. Vencedora do Oscar na mesma categoria em 2017 por “La La Land: Cantando Estações” (La La Land – 2016, EUA / Hong Kong), de Damien Chazelle, Stone era uma das favoritas, mas tinha como principal concorrente a vencedora de importante indicativo do Oscar, o SAG Awards, Lily Gladstone, a primeira atriz descendente de povos originários dos Estados Unidos a disputar a estatueta – Gladstone estava na corrida por seu desempenho no filme de Martin Scorsese, “Assassinos da Lua das Flores” (Killers of the Flower Moon – 2023, EUA), que não faturou nenhum dos 10 prêmios a que concorria, o mesmo aconteceu com “Maestro” (Maestro – 2023, EUA) e “Vidas Passadas” (Past Lives – 2023, EUA / Coreia do Sul), respectivamente dirigidos por Bradley Cooper e Celine Song.

 

Ryan Gosling durante a performance de “I’m Just Ken” (Foto: Divulgação – Crédito: Phil McCarten / ©A.M.P.A.S.).

 

Apresentada por Jimmy Kimmell, a cerimônia de entrega do Oscar 2024 começou com poucos minutos de atraso, mas compensou o telespectador pela agilidade com a qual foi conduzida, contando com momentos de leveza que permitiram o diálogo com o público, sobretudo a fatia mais jovem que há muito perdeu o interesse pelo evento da AMPAS. Um desses momentos, não há como negar, foi a performance de Ryan Gosling durante o número musical de “I’m Just Ken”, uma das canções indicadas – a estatueta ficou com outro sucesso de “Barbie” (Barbie – 2023, EUA / Reino Unido), “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell. O ator conseguiu levar para o palco do Dolby Theatre a essência do personagem que ofuscou as Barbies do longa de Greta Gerwig, arrancando gargalhadas da plateia, assim como John Cena, que entrou usando apenas o envelope com o vencedor de melhor figurino para entregar o prêmio da categoria.

 

Com uma distribuição de prêmios previsível e equilibrada, a cerimônia deste ano concedeu prêmios a profissionais que estão começando a pavimentar seus próprios caminhos na concorrida indústria, entre eles, Cord Jefferson, agraciado com a estatueta de melhor roteiro adaptado por “Ficção Americana” (American Fiction – 2023, EUA), filme dirigido por ele para a Amazon. No geral, apesar do aceno ao streaming, o Oscar 2024 seguiu a tendência da temporada e priorizou o modelo tradicional de cinema, grande responsável pela manutenção do funcionamento das engrenagens hollywoodianas.

 

No entanto, há a necessidade de fazer uma crítica negativa à transmissão do evento no Brasil pelo canal por assinatura TNT, que priorizou comentários em detrimento da cerimônia propriamente dita. Os comentários foram relevantes, pertinentes, importantes para melhor ambientar os telespectadores, mas não há justificativa para a não exibição do anúncio do prêmio de melhor animação em curta-metragem nem do discurso da presidente da AMPAS, Janet Yang, substituído, na transmissão brasileira, pela reprise da apresentação musical de Billie Eilish e seu irmão, Finneas O’Connell.

 

Confira a lista completa de vencedores:

Melhor filme:

– “Oppenheimer”.

Melhor direção:

– Christopher Nolan – “Oppenheimer”.

Melhor ator:

– Cillian Murphy – “Oppenheimer”.

Melhor atriz:

– Emma Stone – “Pobres Criaturas”.

Melhor ator coadjuvante:

– Robert Downey Jr. – “Oppenheimer”.

Melhor atriz coadjuvante:

– Da’Vine Joy Randolph – “Os Rejeitados”.

Melhor roteiro original:

– Justine Triet e Arthur Harari – “Anatomia de Uma Queda” (Anatomie d’une chute – 2023, França).

Melhor roteiro adaptado:

– Cord Jefferson – “Ficção Americana”.

Melhor animação:

– “O Menino e a Garça” (Kimitachi wa dô ikiru ka – 2023, Japão).

Melhor filme internacional:

– “Zona de Interesse”.

Melhor fotografia:

– Hoyte van Hoytema – “Oppenheimer”.

Melhor edição (montagem):

– Jennifer Lame – “Oppenheimer”.

Melhor design de produção:

– James Price, Shona Heath e Zsuzsa Mihalek – “Pobres Criaturas”.

Melhor figurino:

– Holly Waddington – “Pobres Criaturas”.

Melhor maquiagem e cabelo:

– Nadia Stacey, Mark Coulier e Josh Weston – “Pobres Criaturas”.

Melhor trilha sonora:

– Ludwig Göransson – “Oppenheimer”.

Melhor canção original:

– “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell – “Barbie”.

Melhor som:

– Tarn Willers e Johnnie Burn – “Zona de Interesse”.

Melhores efeitos visuais:

– Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi e Tatsuji Nojima – “Godzilla Minus One” (Gojira -1.0 – 2023, Japão).

Melhor documentário:

– “20 Days in Mariupol” (20 Days in Mariupol – 2023, Ucrânia).

Melhor documentário (curta):

– “The Last Repair Shop” (The Last Repair Shop – 2023, EUA).

Melhor animação (curta):

– “WAR IS OVER! Inspired by the Music of John and Yoko” (WAR IS OVER! Inspired by the Music of John and Yoko – 2023, EUA).

Melhor curta:

– “A Incrível História de Henry Sugar” (The Wonderful Story of Henry Sugar – 2023, Reino Unido / EUA).

 

Confira a galeria de fotos do Oscar 2024:

 

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