Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2018: categoria de melhor ator

Apresentada por Jimmy Kimmel, a cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 04 de março (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

Com o Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e o Actor do SAG Awards, concedidos respectivamente pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG), Gary Oldman é o nome mais forte na corrida pelo Oscar de melhor ator deste ano por seu desempenho em “O Destino de Uma Nação” (Darkest Hour – 2017).

 

Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Gary Oldman por “O Destino de Uma Nação”, Timothée Chalamet por “Me Chame Pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017), Daniel Day-Lewis por “Trama Fantasma” (Phantom Thread – 2017), Daniel Kaluuya por “Corra!” (Get Out – 2017) e Denzel Washington por “Roman J. Israel, Esq” (Idem – 2017).

 

Gary Oldman é o favorito à estatueta dourada por seu desempenho como Winston Churchill em “O Destino de Uma Nação” (Foto: Divulgação).

 

O favoritismo de Oldman deve-se ao fato de o Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e o Actor serem os dois principais termômetros das categorias destinadas a atores no prêmio da AMPAS, colocando-o numa posição confortável, principalmente porque James Franco, vencedor do Globo de Ouro de melhor ator em filme de comédia / musical, não está concorrendo ao Golden Boy. No entanto, é imprescindível ressaltar que o prêmio da HFPA influencia somente a campanha, enquanto o do SAG exerce influência direta sobre o resultado porque parte dos membros do Sindicato também integra a Academia e tem direito a voto.

 

Popularmente conhecido como o Comissário Gordon da trilogia “Batman” (iniciada em 2005) de Christopher Nolan, Gary Oldman defende o Primeiro Ministro Winston Churchill com maestria, equilibrando obstinação e fragilidade com pitadas de humor que expõem faces distintas de uma figura controversa. Contando com a ajuda de uma caracterização primorosa, o veterano brinda o público com um trabalho de composição impressionante que já lhe rendeu 26 prêmios individuais.

 

Com 21 prêmios individuais conquistados até o momento, Timothée Chalamet é o principal oponente de Oldman por sua performance como Elio, adolescente de 17 anos no período de descoberta da sua sexualidade em “Me Chame Pelo Seu Nome”. É um trabalho sensível que explora com muita segurança e respeito não apenas as dúvidas do personagem, como também sua paixão por Oliver (Armie Hammer), homem mais velho que trabalha como assistente de seu pai durante o verão numa bela região da Itália.

 

Protagonista de “Corra!”, Daniel Kaluuya é uma das surpresas do mundo do cinema no ano passado por sua atuação como Chris Washington, jovem negro que se sente inseguro por viajar para conhecer os pais de sua namorada, brancos e de família abastada. Apostando em pequenas doses de humor, Kaluuya passeia com muita naturalidade entre horror e suspense, crescendo na tela a cada cena. É uma interpretação segura que lhe rendeu nove prêmios individuais até agora.

 

Com quatro prêmios individuais já recebidos, Daniel Day-Lewis oferece ao público um trabalho de composição complexo que, supostamente, marca sua despedida da tela grande. Em “Trama Fantasma”, o ator vive um renomado estilista britânico de meia-idade que se envolve com uma jovem de origem humilde que tenta modificar seu estilo de vida. É uma atuação de gestos contidos que explora com propriedade a dependência emocional do personagem em relação à irmã Cyril (Lesley Manville), suas excentricidades e rigidez.

 

Dentre os cinco indicados da categoria, o único ator que não pôde ter seu desempenho analisado no Especial Oscar 2018 é Denzel Washington porque “Roman J. Israel, Esq” não foi apresentado à imprensa nem tem data de estreia definida nos cinemas brasileiros. O ator ainda não recebeu nenhum prêmio individual por seu trabalho neste longa-metragem.

 

Considerando que a Academia não costuma surpreender em seus resultados, pode-se dizer que Gary Oldman é quem tem mais chances de levar a estatueta dourada para casa, tendo Timothée Chalamet como maior adversário. Daniel Kaluuya e Daniel Day-Lewis têm chances menores e Denzel Washington é a zebra do ano.

 

A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 04, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

Gary Oldman:

Gary Oldman em “O Destino de Uma Nação” (Foto: Divulgação).

Nascido em 21 de março de 1958 em New Cross, Londres (Inglaterra), Gary Oldman se formou em Teatro pela Rose Bruford Drama College em 1979 e começou a carreira nos palcos, atuando em diversas peças antes de se aventurar no cinema com o drama “Remembrance” (Idem – 1982), de Colin Gregg. Conciliando televisão e teatro, Oldman voltou à tela grande com os filmes “Sid & Nancy” (Sid and Nancy – 1986) e “O Amor Não Tem Sexo” (Prick Up Your Ears – 1987), chamando a atenção do público e da crítica. Nos anos seguintes, se arriscou como diretor e roteirista de “Violento e Profano” (Nil by Mouth – 1997) e atuou em longas de sucesso como “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar” (JFK – 1991), “Amor à Queima-Roupa” (True Romance – 1993), “A Conspiração” (The Contender – 2000), “Hannibal” (Idem – 2001) e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (Harry Potter and the Prisoner of Azkaban – 2004), caindo nas graças do público jovem como o Comissário Gordon da trilogia “Batman”, de Christopher Nolan. Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira também foi na categoria de melhor ator por “O Espião Que Sabia Demais” (Tinker Tailor Soldier Spy – 2011).

* Entre os 26 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “O Destino de Uma Nação”, estão: os já citados Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e o SAG Award; o BAFTA Film Award; o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o COFCA Award, da Central Ohio Film Critics Association; o DFCS Award, da Denver Film Critics Society; o IFC Award, da Iowa Film Critics Awards; o NYFCO Award, da New York Film Critics, Online; o OFCC Award, da Oklahoma Film Critics Circle Awards; o Desert Palm Achievement Award, do Palm Springs International Film Festival; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

Timothée Chalamet:

Timothee Chalamet em “Me Chame Pelo Seu Nome” (Foto: Divulgação).

Nascido em 27 de dezembro de 1995 em Nova York, Nova York (EUA), Timothée Chalamet começou a carreira muito novo, participando de comerciais de televisão e montagens teatrais na Big Apple. A estreia no cinema aconteceu em 2008 com os curtas-metragens de terror “Sweet Tooth” (Idem – 2008), de Rory Kindersley e Jason Noto, e “Clown” (Idem – 2008), de Tate Steinsiek. Nos anos seguintes, trabalhou em peças de teatro, programas de televisão e telefilmes, encarando o desafio de seu primeiro longa em “Homens, Mulheres e Filhos” (Men, Women & Children – 2014), de Jason Reitman. Participou de “Interestelar” (Interestellar – 2014) e de filmes pouco conhecidos do público brasileiro, como “Traumas de Infância” (The Adderall Diaries – 2015) e “One and Two” (Idem – 2015), até conquistar a crítica com “Me Chame Pelo Seu Nome”, produzido pelo carioca Rodrigo Teixeira. Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os 21 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Me Chame Pelo Seu Nome”, estão: o Austin Film Critics Award e o Breakthrough Artist Award, da Austin Film Critics Association; o FFCC Award, da Florida Film Critics Circle Awards; o Dorian Award, da Gay and Lesbian Entertainment Critics Association (GALECA); o Hollywood Breakthrough Award, do Hollywood Film Awards; o ICP Award, do Indiewire Critics’ Poll; o ICS Award, da International Cinephile Society Awards; o KCFCC Award, da Kansas City Film Critics Circle Awards; o ALFS Award, da London Critics Circle Film Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards; e o NYFCC Award, da New York Film Critics Circle Awards.

 

Daniel Day-Lewis:

Daniel Day-Lewis em “Trama Fantasma” (Foto: Divulgação).

Nascido em 28 de abril de 1957 em Greenwich, Londres (Inglaterra), Daniel Day-Lewis estudou teatro ainda na escola, estreando direto no cinema numa participação não creditada em “Domingo Maldito” (Sunday Bloody Sunday – 1971), de John Schlesinger. Trabalhou em peças de teatro, telefilmes e seriados até voltar para a telona com “Gandhi” (Idem – 1982), de Richard Attenborough, chamando a atenção no seu filme seguinte, “Rebelião em Alto Mar” (The Bounty – 1984), ao lado de Mel Gibson. No entanto, o estrelato chegou por meio de longas como “Meu Pé Esquerdo” (My Left Foot: The Story of Christy Brown – 1989), “O Último dos Moicanos” (The Last of the Mohicans – 1992) e “Em Nome do Pai” (In the Name of the Father – 1993). Com uma filmografia relativamente curta devido à opção de dar um intervalo entre os trabalhos no cinema, Day-Lewis anunciou que “Trama Fantasma” seria o encerramento de um ciclo, pois se aposentaria. Vencedor de três estatuetas do Oscar de melhor ator por “Meu Pé Esquerdo”, “Sangue Negro” (There Will Be Blood – 2007) e “Lincoln” (Idem – 2012), Day-Lewis também foi indicado nesta categoria em anos anteriores por “Em Nome do Pai” e “Gangues de Nova York” (Gangs of New York – 2002). Esta é a sua sexta indicação ao Oscar.

* Os quatro prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Trama Fantasma” são:  o PFCC Award, da Philadelphia Film Critics Circle Awards; o Seattle Film Critics Award, da Seattle Film Critics Awards; o TFCA Award, da Toronto Film Critics Association Awards; e o VFCC Award, do Vancouver Film Critics Circle.

 

Daniel Kaluuya:

Daniel Kalluya em “Corra!” (Foto: Divulgação).

Nascido em 24 de fevereiro de 1989 em Londres (Inglaterra), Daniel Kaluuya começou a carreira nos palcos e estreou no cinema com o drama “Shoot the Messenger” (Idem – 2006), de Ngozi Onwurah. Nos anos seguintes, dedicou-se mais à TV, participando de poucos filmes como “Cass” (Idem – 2008), “Chat: A Sala Negra” (Chatroom – 2010), “O Retorno de Johnny English” (Johnny English Reborn – 2011) e “Sicário: Terra de Ninguém” (Sicario – 2015). A fama chegou com “Corra!” e “Pantera Negra” (Black Panther – 2018), uma das produções mais aguardadas deste ano. Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os nove prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Corra!”: o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o Black Reel, da Black Reel Awards, de ator e ator estreante; o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o GAFCA Award, da Georgia Film Critics Association (GAFCA); o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; e o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA.

 

Denzel Washington:

Denzel Washington em “Roman J. Israel, Esq” (Foto: Divulgação).

Nascido em 28 de dezembro de 1954 em Mount Vernon, Nova York (EUA), Denzel Washington se interessou pela carreira artística enquanto estudava jornalismo na Fordham University. Após a formatura, atravessou o país e fixou residência em São Francisco (Califórnia), onde se matriculou no American Conservatory Theater, estreando nos palcos no ano seguinte. Seu primeiro trabalho na TV foi o telefilme “Wilma” (Idem – 1977), de Bud Greenspan, mas somente quatro anos depois conseguiu seu primeiro papel no cinema, na comédia “A Cara do Pai” (Carbon Copy – 1981), de Michael Schultz. Conciliou TV, teatro e cinema até atingir o estrelato com “Um Grito de Liberdade” (Cry Freedom – 1987), de Richard Attenborough, e “Tempo de Glória” (Glory – 1989), de Edward Zwick. Desde então, seu nome virou sinônimo de competência, sobretudo porque o ator sempre apostou em trabalhos diferenciados que lhe oferecessem certo desafio, inclusive nas funções de diretor e produtor. Um dos nomes mais importantes da cinematografia mundial, Washington tem em seu currículo filmes como: “O Dossiê Pelicano” (The Pelican Brief – 1993), “Filadélfia” (Philadelphia – 1993), “Maré Vermelha” (Crimson Tide – 1995), “O Grande Debate” (The Great Debaters – 2007) e “O Livro de Eli” (The Book of Eli – 2010). Vencedor de duas estatuetas do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante por “Tempo de Glória” e ator por “Dia de Treinamento” (Training Day – 2002), Washington se tornou o segundo negro a receber o prêmio da categoria principal – o primeiro foi Sidney Poitier por “Uma Voz Nas Sombras” (Lilies of the Field – 1963). Esta é a sua nona indicação ao prêmio da AMPAS. As outras seis foram na categoria de ator coadjuvante por “Um Grito de Liberdade” e ator por “Malcolm X” (Idem – 1992), “Hurricane: O Furacão” (The Hurricane – 1999), “O Voo” (Flight – 2012) e “Um Limite Entre Nós” (Fences – 2016), também como produtor na categoria de melhor filme.

* O ator ainda não recebeu nenhum prêmio individual por sua performance em “Roman J. Israel, Esq”.

 

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