Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2018: categoria de melhor atriz

Apresentada por Jimmy Kimmel, a cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 04 de março (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

No início de janeiro, a cerimônia do Globo de Ouro apontou Frances McDormand como uma das favoritas à estatueta do Oscar de melhor atriz deste ano, algo fortalecido pelo SAG Awards. De lá para cá, resultados de outras premiações têm impulsionado ainda mais a campanha de McDormand por seu desempenho em “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017).

 

As indicadas ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Sally Hawkins por “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017), Margot Robbie por “Eu, Tonya” (I, Tonya – 2017), Saoirse Ronan por “Lady Bird – A Hora de Voar” (Lady Bird – 2017), Meryl Streep por “The Post: A Guerra Secreta” (The Post – 2017) e Frances McDormand por “Três Anúncios Para um Crime”.

 

Frances McDormand é a favorita à estatueta de melhor atriz por “Três Anúncios Para um Crime” (Foto: Divulgação).

 

O favoritismo da esposa de Joel Coen é explicado por suas já citadas vitórias nos dois principais termômetros do Oscar, o Globo de Ouro de melhor atriz em filme – drama e o Actor do SAG Awards, concedidos, respectivamente, pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG). No longa que já lhe rendeu 22 prêmios individuais, Frances McDormand oferece ao público um interessante trabalho de composição de Mildred, mulher outrora vítima de violência doméstica que precisa lidar não apenas com a dor da perda da filha, a lentidão das investigações e suas consequências, como também com a raiva da população e o remorso.

 

Com 20 prêmios individuais até o momento, Sally Hawkins é a principal oponente de Frances McDormand. Protagonista de “A Forma da Água”, Hawkins brilha em cena como uma mulher muda que se apaixona pela criatura aprisionada no laboratório em que trabalha. É uma performance calcada na sensibilidade e que explora com destreza a dor de uma vida solitária como consequência do preconceito.

 

Pegando carona nos movimentos em prol das mulheres na indústria do entretenimento, pois é dirigido e roteirizado por uma mulher, “Lady Bird – A Hora de Voar” rendeu à sua protagonista, Saoirse Ronan, uma indicação ao Oscar. Com 12 prêmios individuais até o momento, inclusive o Globo de Ouro de melhor atriz em filme – comédia / musical, Ronan, dentre as cinco concorrentes, é quem oferece o pior desempenho em termos de atuação. É um trabalho superficial e desprovido de emoção que reflete a inconsistência do roteiro do longa sobre uma adolescente que tem vergonha da família e sonha com a liberdade, sustentada pelos pais, numa universidade da Costa Leste dos Estados Unidos.

 

Baseado em fatos reais e considerado por muitos como um produto de defesa de Tonya Harding, “Eu, Tonya” extraiu de Margot Robbie seu melhor trabalho na tela grande. No papel da patinadora condenada por orquestrar um atentado contra sua rival, Nancy Kerrigan (Caitlin Carver), Robbie surge em cena com uma força surpreendente, equilibrando drama e raiva com precisão, regados à dose considerável de malícia. A personagem lhe rendeu seis prêmios individuais até agora.

 

Assim como no ano passado, quem aparenta ter menos chance de levar a estatueta dourada para casa é a veterana Meryl Streep, porque “The Post: A Guerra Secreta” perdeu força nas últimas semanas no que tange à temporada de premiações. Recordista da AMPAS com 21 indicações, Streep brinda a plateia com um brilhante e complexo trabalho de composição, um dos melhores de sua carreira, que surge na tela de forma discreta e termina completamente agigantado por explorar com propriedade a insegurança de uma mulher num alto cargo em plenos anos 1970.

 

Agraciada com apenas um prêmio individual por “The Post: A Guerra Secreta” até o momento, Meryl Streep vive Kay Graham, mulher fragilizada pelo suicídio do marido e que precisa assumir o controle do jornal fundado por seu pai, o The Washington Post, mas sem o respeito do conselho. Mas o cargo no jornal lhe exige tomar uma decisão que mudará não apenas o cenário político dos Estados Unidos, como também os rumos de sua empresa e seus funcionários, implicando, ainda, na preservação ou não da amizade com o homem que encomendou o estudo minucioso sobre a campanha americana no Vietnã, Robert McNamara (Bruce Greenwood).

 

Considerando que os resultados do Globo de Ouro e do o SAG Awards, principalmente o do SAG que é o maior indicativo do Oscar nas categorias de atores principais e coadjuvantes, pois parte de seus membros também integra a AMPAS e tem direito a voto, pode-se dizer que, hoje, o cenário é favorável à Frances McDormand. Contudo, a atriz tem Sally Hawkins e Saoirse Ronan em seu encalço, seguidas por Margot Robbie e com Meryl Streep correndo por fora.

 

A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 04, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.

 

Confira um pequeno perfil das indicadas:

Sally Hawkins:

Sally Hawkins em “A Forma da Água” (Foto: Divulgação).

Nascida em 27 de abril de 1976 em Dulwich, Londres (Inglaterra), Sally Hawkins cresceu sob a influência artística de seus pais, autores e ilustradores de livros infantis. Formada pela Royal Academy of Dramatic Art, a atriz começou no teatro e estreou no cinema com o curta-metragem “Mirror, Mirror…” (Idem – 1996). Seu primeiro longa-metragem foi o blockbuster “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” (Star Wars: Episode I – The Phantom Menace – 1999), de George Lucas, numa participação não creditada. Trabalhou em programas de televisão até voltar ao cinema sob a direção de Mike Leigh em “Agora ou Nunca” (All or Nothing – 2002), chamando a atenção do público e da crítica. Nos anos seguintes, conciliou trabalhos na TV, teatro e cinema, participando de filmes como “O Segredo de Vera Drake” (Vera Drake – 2004), “O Sonho de Cassandra” (Cassandra’s Dream – 2007), “Jane Eyre” (Idem – 2011) e “As Aventuras de Paddington” (Paddington – 2014). Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira foi na categoria de melhor atriz coadjuvante por “Blue Jasmine” (Idem – 2013).

* Entre os 20 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “A Forma da Água”, estão: o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o COFCA Award, da Central Ohio Film Critics Association; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o KCFCC Award, da Kansas City Film Critics Circle Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards; o NFCS Award, da Nevada Film Critics Society; o OFCC Award, da Oklahoma Film Critics Circle Awards; o PFCC Award, da Philadelphia Film Critics Circle Awards; e o SEFCA Award, da Southeastern Film Critics Association Awards.

 

Margot Robbie:

Margot Robbie em “Eu, Tonya” (Foto: Divulgação).

Nascida em 02 de julho de 1990 em Dalby, Queensland (Austrália), Margot Robbie começou a atuar após a graduação pela Somerset College e a subsequente mudança para Melbourne. Trabalhou no curta-metragem “Tourism Australia: Dundee – The Son of a Legend Returns Home” (Idem – 2008), iniciando a carreira na televisão num episódio do seriado “City Homicide” (Idem – 2007 – 2011) em 2008. A estreia em longas-metragens foi na ação “Vigilante” (Idem – 2008), de Aash Aaron, mas somente três anos depois começou a trabalhar na indústria hollywoodiana, no seriado “Pan Am” (Idem – 2011 – 2012), ao lado de Christina Ricci. Após a série televisiva, Robbie assinou contrato para estrelar o longa britânico “Questão de Tempo” (About Time – 2013), de Richard Curtis. Voltou para a capital do cinema no mesmo ano para rodar “O Lobo de Wall Street” (The Wolf of Wall Street – 2013), dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Leonardo DiCaprio. Porém, a atriz foi alçada à fama devido ao seu desempenho como Arlequina em “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad – 2016), de David Ayer. Apesar das inúmeras críticas negativas ao longa, Robbie caiu nas graças do público como a vilã da DC e namorada do Coringa (Jared Leto). Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os seis prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Eu, Tonya”, estão: o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o Critics Choice Award (melhor atriz em comédia), da Broadcast Film Critics Association Awards; o FFCC Award, da Florida Film Critics Circle Awards; e o NYFCO Award, da New York Film Critics, Online.

 

Saoirse Ronan:

Saoirse Ronan em “Lady Bird – A Hora de Voar” (Foto: Divulgação).

Nascida em 12 de abril de 1994 em Nova York, Nova York (EUA), Saoirse Ronan começou a carreira ainda na infância, no seriado irlandês “The Clinic” (Idem – 2003 – 2009) em 2003. A estreia no cinema, e em Hollywood, foi com a comédia-dramática “Nunca é Tarde Para Amar” (I Could Never Be Your Woman – 2007), de Amy Heckerling. O sucesso da atriz chegou no mesmo ano por meio do drama “Desejo e Reparação” (Atonement – 2007), de Joe Wright. Desde então, participou de filmes como “A Hospedeira” (The Host – 2013), “O Grande Hotel Budapeste” (The Grand Budapest Hotel – 2014) e “Brooklyn” (2015). Esta é a sua terceira indicação ao Oscar. As outras foram na categoria de melhor atriz coadjuvante por “Desejo e Reparação” e atriz por “Brooklyn”.

* Entre os 12 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Lady Bird – A Hora de Voar”, estão: o já citado Globo de Ouro de melhor atriz em filme – comédia / musical; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o DFCS Award, da Denver Film Critics Society; o Gotham Independent Film Award, do Gotham Awards; o IFJA Award, da Indiana Film Journalists Association, US; o IFC Award, da Iowa Film Critics Awards; o NYFCC Award, da New York Film Critics Circle Awards; e o SFFCC Award, da San Francisco Film Critics Circle.

 

Meryl Streep:

Meryl Streep em “The Post: A Guerra Secreta” (Foto: Divulgação).

Nascida em 22 de junho de 1949 em Summit, New Jersey (EUA), Meryl Streep começou a carreira como dubladora na animação “Everybody Rides the Carousel” (Idem – 1975). Dois anos depois, estrelou o filme feito para TV “Temporada Mortal” (The Deadliest Season – 1977) e seguiu carreira na televisão e no cinema até se consagrar no drama “Kramer vs. Kramer” (Idem – 1979), que lhe rendeu seu primeiro Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 1983, ganhou o segundo Oscar da carreira, o de melhor atriz por “A Escolha de Sofia” (Sophie’s Choice – 1982). É impossível falar de Meryl Streep sem dizer que ela é uma das maiores atrizes da história do cinema. Perfeccionista na composição de seus personagens, Streep não é atriz de desempenhos regulares, pois sua presença em cena é sinônimo de uma belíssima atuação, seja qual for o gênero cinematográfico. Três bons exemplos disso são o drama “As Pontes de Madison” (The Bridges of Madison County – 1995), a comédia “O Diabo Veste Prada” (The Devil Wears Prada – 2006) e a biografia “A Dama de Ferro” (The Iron Lady – 2011). Recordista de indicações ao Oscar, 21 ao todo, incluindo a deste ano, a atriz venceu três vezes, sendo duas de melhor atriz por “A Escolha de Sofia” e “A Dama de Ferro”; e uma de melhor atriz coadjuvante por “Kramer vs. Kramer”. As outras indicações foram: três na categoria coadjuvante por “O Franco Atirador” (The Deer Hunter – 1978), “Adaptação” (Adaptation. – 2002) e “Caminhos da Floresta”; e 15 na categoria principal, por “A Mulher do Tenente Francês” (The French Lieutenant’s Woman – 1981), “Silkwood – O Retrato de uma Coragem” (Silkwood – 1983), “Entre Dois Amores” (Out of Africa – 1985), “Ironweed” (Idem – 1987), “Um Grito no Escuro” (Evil Angels – 1988), “Lembranças de Hollywood” (Postcards from the Edge – 1990), “As Pontes de Madison”, “Um Amor Verdadeiro” (One True Thing – 1998), “Música do Coração” (Music of the Heart – 1999), “O Diabo Veste Prada”, “Dúvida” (Doubt – 2008), “Julie & Julia” (Idem – 2009), “Álbum de Família” (August: Osage County – 2013) e “Florence – Quem é Essa Mulher?” (Florence Foster Jenkins – 2016).

* Até agora, a atriz venceu somente um prêmio por sua performance em “The Post: A Guerra Secreta”: o NBR Award, do National Board of Review.

 

Frances McDormand:

Frances McDormand em “Três Anúncios Para um Crime” (Foto: Divulgação).

Nascida em 23 de junho de 1957 em Chicago, Illinois (EUA), Frances McDormand formou-se em Teatro pela Bethany College em 1979 e, depois de sua especialização em Yale, conciliou o palco e as câmeras, estreando no cinema em “Gosto de Sangue” (Blood Simple – 1984), longa que marcou o início da bem sucedida parceria com Joel e Ethan Coen. Não demorou muito e a atriz começou a chamar a atenção da indústria, do público e da crítica em filmes como “Arizona Nunca Mais” (Raising Arizona – 1987), “Mississipi em Chamas” (Mississippi Burning – 1988), “Short Cuts – Cenas da Vida” (Short Cuts – 1993), “Fargo: Uma Comédia de Erros” (Fargo – 1996) e “As Duas Faces de Um Crime” (Primal Fear – 1996). Fugindo do clichê “estrela de Hollywood”, McDormand aposta em personagens que possam mostrar ao espectador sua versatilidade e força cênica. Vencedora do Oscar de melhor atriz por “Fargo: Uma Comédia de Erros”, Frances McDormand concorre à estatueta da AMPAS pela quinta vez. As outras três indicações foram na categoria de atriz coadjuvante por “Mississipi em Chamas”, “Quase Famosos” (Almost Famous – 2000) e “Terra Fria” (North Country – 2005).

* Entre os 22 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Três Anúncios Para um Crime”, estão: os  já citados Globo de Ouro de atriz em filme – drama e o SAG Award; o BAFTA Film Award, do BAFTA Awards; o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o Austin Film Critics Award, da Austin Film Critics Association; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o DFCS Award, da Detroit Film Critic Society, US; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o ALFS Award, da London Critics Circle Film Awards; o NTFCA Award, da North Texas Film Critics Association, US; o PFCS Award, da Phoenix Film Critics Society Awards; o TFCA Award, da Toronto Film Critics Association Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

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