Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2018: categoria de melhor ator coadjuvante

Apresentada por Jimmy Kimmel, a cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 04 de março (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

Pouco conhecido do grande público, apesar de ser um veterano, Sam Rockwell é o favorito ao Oscar de melhor ator coadjuvante deste ano por “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017). Tal favoritismo deve-se ao fato de Rockwell ter vencido os dois principais termômetros da categoria: o Actor no SAG Awards, concedido pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG), e o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA).

 

Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Willem Dafoe por “Projeto Flórida” (The Florida Project – 2017), Woody Harrelson por “Três Anúncios Para um Crime”, Sam Rockwell por “Três Anúncios Para um Crime”, Christopher Plummer por “Todo o Dinheiro do Mundo” (All the Money in the World – 2017) e Richard Jenkins por “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017).

 

No longa, Sam Rockweel surge em cena como uma avalanche devido à irascibilidade de seu personagem, Dixon, policial racista que abusa de seu poder e ainda segue as ordens da mãe, tão complicada quanto ele. Ou seja, é o típico produto do meio que precisa encontrar a sensatez numa cidade pequena e conservadora. É um interessante trabalho de composição que rendeu ao ator 22 prêmios até o momento.

 

Colegas de elenco em “Três Anúncios Para um Crime”, Woody Harrelson e Sam Rockwell disputam a mesma estatueta (Foto: Divulgação).

 

Também indicado por “Três Anúncios Para um Crime”, Woody Harrelson recebeu apenas um prêmio pelo papel do xerife em estado terminal que serve como guia de Dixon, no sentido de tentar lhe mostrar a razão. É uma atuação que equilibra força e sensibilidade de forma bastante contida, mostrando a versatilidade de seu intérprete.

 

No entanto, o maior adversário de Rockwell não é o seu colega de elenco, mas Willem Dafoe. Interpretando o gerente de um hotel popular em “Projeto Flórida”, o ator aposta suas fichas no instinto protetor e quase paternal de seu personagem para com a pequena Moonee (Brooklynn Prince), menina que leva uma vida desregrada em consequência dos atos de sua mãe negligente. É um trabalho que surpreende pela delicadeza num ambiente que representa o lado pouco explorado de Orlando (Flórida) e que já rendeu 27 prêmios a Dafoe.

 

Delicadeza também é uma das características do trabalho de Richard Jenkins em “A Forma da Água”, filme que lhe rendeu apenas dois prêmio até agora. Esbanjando carisma a cada cena, sobretudo ao lado de Sally Hawkins (Elisa), Jenkins compôs um personagem adorável e divertido, mas com sensibilidade suficiente para compreender os sentimentos de sua amiga e vizinha.

 

Escalado aos 45 minutos do segundo tempo para regravar todas as cenas de Kevin Spacey em “Todo o Dinheiro do Mundo”, uma das consequências do escândalo de assédio sexual envolvendo o ator, Christopher Plummer surge na tela apostando na insensibilidade do milionário que se recusa a pagar o resgate do próprio neto. O resultado positivo de um trabalho feito às pressas se deve à experiência e desenvoltura do veterano que, até agora, não recebeu nenhum prêmio individual pelo longa inspirado em fatos reais.

 

Considerando os resultados do Globo de Ouro e do SAG Awards, principalmente o do SAG porque parte dos membros do Sindicato também integra a AMPAS com direito a voto, pode-se dizer que Sam Rockwell é quem tem mais chances de vencer o Oscar de melhor ator coadjuvante, mas tendo Willem Dafoe como adversário mais forte. Com chances menores na disputa estão Woody Harrelson e Richard Jenkins, enquanto Christopher Plummer é considerado a zebra da categoria.

 

A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 04, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

Willem Dafoe:

Willem Dafoe em “Projeto Flórida” (Foto: Divulgação).

Nascido em 22 de julho de 1955 em Appleton, Wisconsin (EUA), Willem Dafoe começou a construir sua carreira no teatro ainda na adolescência, o que o levou a Nova York, onde fundou o The Wooster Group em 1977. Três anos depois, estreou no cinema em “O Portal do Paraíso” (Heaven’s Gate – 1980), de Michael Cimino, que o demitiu após uma gargalhada no set e não colocou seu nome nos créditos finais. No ano seguinte, assumiu a responsabilidade de protagonizar o drama “The Loveless” (Idem – 1981), de Kathryn Bigelow e Monty Montgomery. Sem deixar o teatro de lado, Dafoe investiu no cinema e chamou a atenção de fato como o Sargento Elias em “Platoon” (Idem – 1986), de Oliver Stone. Sempre explorando papeis diferentes que pudessem mostrar ao público sua versatilidade, o ator acabou com o rótulo de excêntrico, o que o afastou de projetos maiores, como ele mesmo disse em várias entrevistas. Entre seus filmes mais conhecidos estão “A Última Tentação de Cristo” (The Last Temptation of Christ – 1988), “Nascido em 4 de Julho” (Born on the Fourth of July – 1989), “Homem-Aranha” (Spider-Man – 2002), “A Vida Marinha com Steve Zissou” (The Life Aquatic with Steve Zissou – 2004), “O Aviador” (The Aviator – 2004) e o sucesso adolescente “A Culpa é das Estrelas” (The Fault in Our Stars – 2014). Além destes títulos, é válido ressaltar que Dafoe protagonizou o último longa-metragem de Hector Babenco, “Meu Amigo Hindu” (2015). Esta é a sua terceira indicação ao Oscar, todas na categoria de melhor ator coadjuvante. As outras foram por “Platoon” (Idem – 1986) e “A Sombra do Vampiro” (Shadow of the Vampire – 2000).

* Entre os 27 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Projeto Flórida”, estão: o Austin Film Critics Award, da Austin Film Critics Association; o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o DFCS Award, da Detroit Film Critic Society, US; o IFJA Award, da Indiana Film Journalists Association, US; o KCFCC Award, da Kansas City Film Critics Circle Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards; o NBR Award, da National Board of Review, USA; o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA; o NYFCC Award, da New York Film Critics Circle Awards; o Icon Award, do Palm Springs International Film Festival; e o TFCA Award, da Toronto Film Critics Association Awards.

 

Woody Harrelson:

Woody Harrelson em “Três Anúncios Para um Crime” (Foto: Divulgação).

Nascido em 23 de julho de 1961 em Midland, Texas (EUA), Woody Harrelson se formou em Artes e Inglês pela Hanover College em Indiana e em seguida foi para Nova York, onde começou a trabalhar com teatro. Trabalhou como figurante em “Loucuras em Harper Valley” (Harper Valley P.T.A. – 1979), estreando de fato no cinema anos mais tarde com a comédia “Uma Gatinha Boa de Bola” (Wildcats – 1986), de Michael Ritchie. Começou a chamar a atenção da indústria e do público no seriado “Cheers” (Idem – 1982 – 1993) e em filmes como “Doutor Hollywood” (Doc Hollywood – 1991) e “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” (White Men Can’t Jump – 1992), conhecendo o estrelato com “Proposta Indecente” (Indecent Proposal – 1993) e “Assassinos por Natureza” (Natural Born Killers – 1994). Profissional versátil, Harrelson sempre apostou em projetos diferenciados tanto na TV quanto no cinema, recebendo duas indicações ao Oscar em anos anteriores: melhor ator por “O Povo Contra Larry Flint” (The People vs. Larry Flynt – 1996) e ator coadjuvante por “O Mensageiro” (The Messenger – 2009).  Esta é a sua terceira indicação ao prêmio da Academia.

* O único prêmio individual recebido por sua performance em “Três Anúncios Para um Crime”, até o momento, é: o PFCC Award, da Philadelphia Film Critics Circle Awards.

 

Sam Rockwell:

Sam Rockwell em “Três Anúncios Para um Crime” (Foto: Divulgação).

Nascido em 05 de novembro de 1968 em Dale City, Califórnia (EUA), Sam Rockwell começou a se interessar pela atuação ainda na infância, participando da minissérie “Joan Crawford’s Children” (Idem – 1979). A estreia no cinema aconteceu em 1989 com o terror “Palhaço Assassino” (Clownhouse – 1989), de Victor Salva, que concorreu ao prêmio do júri no Festival de Sundance. Matriculou-se no William Esper Acting Studio em Nova York e conciliou as aulas com peças e outros trabalhos, inclusive na TV e no cinema, como a primeira versão live-action de “As Tartarugas Ninja” (Teenage Mutant Ninja Turtles – 1990), de Steve Barron. Contudo, só começou a atrair a atenção com dois filmes pouco conhecidos do grande público, “A Caixa do Luar” (Box of Moon Light – 1996) e “Inocência Rebelde” (Lawn Dogs – 1997). Mesmo subestimado pela indústria, o ator alcançou o sucesso por meio de produções como “À Espera de um Milagre” (The Green Mile – 1999), “Confissões de Uma Mente Perigosa” (Confessions of a Dangerous Mind – 2002) e “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford – 2007). Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os 22 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Três Anúncios Para um Crime”, estão: os já citados Globo de Ouro e SAG Award; o BAFTA Film Award, do BAFTA  Awards; o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o Capri Supporting Actor Award, do Capri, Hollywood; o FFCC Award, da Florida Film Critics Circle Awards; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o OFCS Award, da Online Film Critics Society Awards; o Spotlight Award, do Palm Springs International Film Festival; o PFCS Award, da Phoenix Film Critics Society Awards; o SDFCS Award, da San Diego Film Critics Society Awards; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

Christopher Plummer:

Christopher Plummer em “Todo o Dinheiro do Mundo” (Foto: Divulgação).

Nascido em 13 de dezembro de 1929 em Toronto, Ontário (Canadá), Christopher Plummer começou a carreira na televisão no seriado canadense “General Motors Presents” (Idem – 1952 – 1961) em 1953, estreando no cinema cinco anos mais tarde com o drama “Quando o Espetáculo Termina” (Stage Struck – 1958), de Sidney Lumet, já nos Estados Unidos. O estrelato chegou com o musical “A Noviça Rebelde” (The Sound of Music – 1965), ao lado de Julie Andrews. Desde então, é impossível dissociar a dupla de seus respectivos personagens, o Capitão Von Trapp e a noviça Maria. Conciliando teatro, televisão e cinema, inclusive como dublador de animações, entre elas, “Fievel – Um Conto Americano” (An American Tail – 1986), o ator tem se destacado muito nos últimos anos, chamando a atenção em filmes como “O Informante” (The Insider – 1999), “Uma Mente Brilhante” (A Beautiful Mind – 2001), “A Última Estação” (The Last Station – 2009) e “Millennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres” (The Girl with the Dragon Tattoo – 2011). Vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante por “Toda Forma de Amor” (Beginners – 2010), Plummer foi indicado na mesma categoria por “A Última Estação”. Esta é a sua terceira indicação ao Golden Boy.

* O ator ainda não recebeu nenhum prêmio individual por sua performance em “Todo o Dinheiro do Mundo”.

 

Richard Jenkins:

Richard Jenkins em “A Forma da Água” (Foto: Divulgação).

Nascido em 04 de maio de 1947 em DeKalb, Illinois (EUA), Richard Jenkins é formado em Teatro pela Illinois Wesleyan University. Estreou na televisão no programa “Great Performances” (Idem – 1971 – 2016) em 1974. Conciliando teatro e TV, iniciou sua carreira no cinema com “Silverado” (Idem – 1985), de Lawrence Kasdan. Nas décadas seguintes, participou de longas como “Hannah e Suas Irmãs” (Hannah and Her Sisters – 1986), “Lobo” (Wolf – 1994), “O Homem que Não Estava Lá” (The Man Who Wasn’t There – 2001) e “Jack Reacher: O Último Tiro” (Jack Reacher – 2012). Apesar da dedicação ao cinema, foi na televisão que Jenkins se tornou conhecido do público, principalmente devido ao sucesso do seriado “A Sete Palmos” (Six Feet Under – 2001 – 2005). Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira foi na categoria de melhor ator por “O Visitante” (The Visitor – 2007).

* Os dois prêmios individuais já recebidos por sua performance em “A Forma da Água” são: o Movies for Grownups Award, da AARP Movies for Grownups Awards; e o SLFCA Award, da St. Louis Film Critics Association, US.

 

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