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As lições para o Brasil diante da guerra comercial

O que parecia ser blefe ou exagero no Programa de governo do Presidente Trump vem gradualmente sendo confirmado com um propósito estratégico e determinante de restabelecer a presença e o poder americano no cenário geopolítico e econômico mundial.

Aceitemos ou não gostemos da politica estratégica adotada pelo governo americano, mas o que realmente está por trás das políticas públicas desencadeadas pelo atual governo é a recuperação do poder político e econômico dominador dos Estados Unidos no planeta. O status e o respeito estavam sendo perdidos e a ordem econômica mundial predominantemente americana estava sendo dilapidada e reestruturada para o modelo econômico chinês. O planejamento de reduzir sua dependência de fontes energéticas e na alimentação foram rapidamente formatadas através das aquisições de grandes fornecedores e de produtores das necessidades chinesas, isto explica o vigoroso crescimento econômico experimentado pelo Brasil cujo fator predominante esteve calcado nas pesadas aquisições da China junto ao Brasil e nos investimentos realizados onde os capitais chineses adquiriram centrais hidrelétricas, terras e propriedades em setores estratégicos para reduzir a dependência chinesa o que certamente contribuiria e seria decisivo como fator limitante do expansionismo econômico chinês. Este intrincado jogo de xadrez foi percebido pelo então candidato Trump que soube aproveitar e conseguiu tocar no âmago do conservadorismo da população americana.

Os méritos desta nova retomada para a recuperação do espaço do domínio americano como o principal parceiro da economia do livre mercado e dos conceitos que regem e determinam a influência americana nos destinos democráticos pelo planeta os quais vinham sendo ameaçados pela expansão econômica e política da China que apesar de ter adotado conceitos e práticas capitalistas ainda comunga com a ideologia do regime comunista e foi neste aspecto que o monitoramento dos falcões americanos soou fortemente e tornou-se prioritária a adoção de políticas profundas e decisivas para a retomada do que havia sido perdido.

Na visão do governo americano estavam sendo estabelecidas estratégias de expansão e de capilarização da presença chinesa em setores chaves da economia mundial cujas consequências seriam ampliar a força e a abrangência do domínio chinês no mundo. Um primeiro passo foi atrair investimentos produtivos para rapidamente fortalecer a apropriação do conhecimento tácito pelos seus conterrâneos e isso foi conseguido e por muitos anos foi o motivo pela estagnação econômica européia que viram suas economias agonizarem diante da exportação maciça dos parques industriais para a China e a queda abrupta dos financiamentos que aportaram em solo chinês cujas perspectivas apontavam retornos muito mais atraentes.

A quebra deste processo tornou-se fundamental para recompor o peso e a influência econômica americana e reintroduzir o crescimento econômico americano em patamares similares aos obtidos pela economia chinesa.

Daí para a eclosão da guerra comercial cada vez mais centrada em reverter e impedir o desenvolvimento e o crescimento em ritmo acelerado do PIB chinês que a permanecer o ritmo e a disparidade entre a evolução econômica entre os dois países projetava para a perda do status americano, de possuir a maior economia planetária para no maximo 10 anos.

Uma mudança impactante e abrangente que provocaria uma reviravolta sem precedentes na história socio, política e econômica mundial e com consequências irreversíveis, imprevisíveis, sistêmicas e fundamentalistas cuja nova matriz estaria voltada para o socialismo.

A guerra comercial produzirá transformações abruptas no comércio mundial e nas economias das nações. Como em outros momentos da historia econômica, o Brasil novamente e através do seu pragmatismo habitual de sua política externa será poupado dos maiores reflexos negativos que serão observados em outros países notadamente cujas posições são mais contundentes em favor de um determinado país, o que configura uma alternativa de risco e que poderá trazer consequências inesperadas em sua realidade socioeconômica, ameaçando seu futuro.

Saber navegar sem tomar partido por quaisquer um dos lados será a grande virtude a ser trabalhada e observada pelo futuro governo brasileiro, pois a determinação e o ímpeto do atual governo americano e a dependência no comércio externo de nosso país junto as duas maiores potências econômicas exigirão muita habilidade e responsabilidade das autoridades e dos empresários brasileiros afim de não ferir e mudar a relação harmoniosa e amigável entre os países.

O resultado pode ser positivo e pode criar diferencial alavancador para a economia brasileira se compararmos a outros países mais comprometidos com uma das partes, basta saber lidar com parceiros antagônicos, mas essenciais para a geração de riqueza em moeda forte no comércio exterior e para o crescimento e o desenvolvimento sustentável do país.

Sandro Salvatore Giallanza

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Sandro Salvatore Giallanza
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