Das coisas mais lindas que passaram pelos palcos das casas de shows e teatros neste ano que se finda foi, sem sombra de dúvidas, o encontro de Maria Bethânia e Zeca Pagodinho. Registrado e lançado em CD e DVD, pela Biscoito Fino, e nas plataformas de streaming. O show entitulado “De Santo Amaro a Xerém” passeia pelo samba, o cancioneiro brasileiro e faz uma ponte aérea entre a Bahia e o Rio de Janeiro. Um encontro que eu não esperava, mas que já esperava há anos!
Difícil e um tanto desnecessário é parar para refletir sobre qual show mais me arrebatou nesse ano. Desnecessário, pois quase tudo me trouxe um orgulho tamanho do Brasil e não cabe colocá-los em uma disputa. A música é música, e não uma disputa. Quando saudável, apenas para recordar… lembro do encontro de Caetano Veloso com seus filhos Moreno, Zeca e Tom: um show impecável, um afinamento e refinamento de vozes familiares desfiando um repertório inenarrável. A “Semente da Terra”, de Milton Nascimento, apresentado recentemente no Sesc Pinheiros, em que a voz do cantor reverbera até hoje nos meus ouvidos. Um show do tamanho do Bituca, que para mim será sempre o maior cantor do Brasil. O retorno dos Tribalistas, lotando estádios pelo Brasil e reafirmando a imensidão de palavras que ainda cabem na boca de Arnaldo Antunes, na afinação irresvalável de Marisa Monte e na percussão de Carlinhos Brown.
Lembro ainda da força, da garra e da coragem de Beth Carvalho, deitada em um divã comemorando o samba em cima de um palco. O gigantismo e a voz do milênio, a tradução da mulher e da história de Elza Soares, repetindo a marca de uma das maiores intérpretes desse país. A brancura e toda a sintonia de Simone e Ivan Lins. A cabeça genial de Gilberto Gil em um álbum novo e sensível. A releitura de Silva sobre as canções de Marisa Monte, algo belíssimo! As “Caravanas” de Chico Buarque passeando por entre as letras de um dos mais desejados compositores. E a reafirmação daquela eterna “maior cantora do Brasil”, Gal Costa, com o álbum e show “A Pele do Futuro”, sublime, como a música que traz sua discoteca, a maturidade da voz que ganha novos tons e um repertório de causar arrepios e um contentamento enorme. É neste álbum que Gal retoma o dueto com Maria Bethânia!
“De Santo Amaro a Xerém” está no meio desse terreirão consagrado! “Ogum”, a canção que me levou às lágrimas. Sempre tive um apreço e aproximação com essa música. Imaginem o que é ouvir Zeca Pagodinho cantando como se a sua frente estivesse um enorme São Jorge, e por trás entrando Maria Bethânia recitando uma das mais poéticas orações de uma divindade. A canção que faz o enredo do show, “Amaro a Xerém” é de Caetano Veloso, e traduz toda a riqueza e simplicidade dos berços dos intérpretes – Zeca, de Xerém. E Bethânia, de Santo Amaro. – Os apoteóticos enredos de suas escolas, Portela e Mangueira e as baladas memoráveis da santamarense. O samba caciqueado de Zeca e a tradição de reunir os mais célebres compositores que visitam seu quintal.
Dona Ivone Lara, Chico Buarque, Silvio Caldas… imaginem Zeca cantando “Naquela Mesa”, de Nelson Gonçalves e Chão de Estrelas. Arlindo Cruz, Paulo Vanzolini, Adriana Calcanhoto, Noel Rosa… tem tudo isso e muito mais em um só show. Vou lembrar pro resto da vida o que foi presenciar isso tudo.
Voltei do show, dias depois ouvi e ouvi e ouvi inúmeras vezes o álbum todo para ter certeza do que era bom e do que a gente precisa para traduzir a vastidão e beleza que ainda há neste país!
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