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Edu Martini e Elias Andreato: arrasando com o Diabo

Não parece ser esse o contato mais próximo de nós com o Diabo! No cotidiano isso é mais do que provável. Só que, o Diabo se defende e tenta negar todos os estereótipos atribuídos a ele. É um breve resumo da comédia “Papo com o Diabo”, que vai além do encontro com o “Capiroto”, o espetáculo também reúne dois dos maiores nomes do teatro: o ator Eduardo Martini dirigido por Elias Andreato, um compêndio para qualquer artista.

 

Eduardo Martini escolheu o texto de Bruno Cavalcanti para laçar Elias Andreato para comandar seus passos, seus movimentos e suas expressões como o “Demônio”. Um diálogo nada intenso, como pode levar a crer um roteiro lidando com o “Inominável”. É uma comédia rasgada, daquelas mais populares, mas sem a busca do “tudo pela risada”. Todos os movimento de Eduardo são trabalhados para, unidos ao texto, fazer o público gargalhar. Difícil um risinho frouxinho, ou é gargalhada ou é!

 

Já vi o Elias dirigir um pouco de tudo, um repertório eclético de textos e só bons espetáculos. Onde ele coloca a mão resulta em muito aplauso do público. Eduardo poderia aparecer cheio de manias de um também diretor e inundado de vícios de um ator de comédias. Mas, não, aparece quase limpo e doado a Elias. Há pequenas intervenções do gestural habitual de Martini em seus espetáculos, é muito difícil livrar-se de um requebrado que o acompanha por palcos e mais palcos. Mas, fica nítida a direção de Elias Andreato em seu olhar, em seus passos e na sua condução de um texto aparentemente simples. O texto é simples, mas é bem aparamentado, é bem amarrado e de fácil compreensão. Elias, no colo dessa simplicidade, veste um colar de pérolas.

 

O espetáculo também coloca o “Cão” de frente com o público, há inúmeras interações com a plateia. Isso pode desandar qualquer espetáculo. Eu até acho meio chato às vezes, mas, Martini sabe ir até as pessoas, sabe usar esse artifício de maneira fantástica.

 

Papo com o Diabo | Foto: Claudia Martini

“Lúcifer” insiste em afastar as maldades atribuídas a ele. Fala sobre sua sexualidade, sobre Deus e sobre o que anda acontecendo no mundo. Para isso ele surge luxuoso, vestido pela figurinista Adriana Hitomi. É um figurino de derrubar no chão qualquer um. É espetacular, maravilhoso. A maquiagem também é um desbunde. A iluminação de Marcus Filomenus algo divino, ou melhor, infernal (no bom sentido). Que luz! Que luz!

 

O espetáculo conta com algumas canções, e desta vez vejo Eduardo em sua melhor forma vocal. Nada de canções como as de musicais, são palavras encaixadas em arranjos muito bem feitos e imprescindíveis em um texto bem diferente para o teatro. Sobre o “Cabrunco”, não imaginei que cantava e dançava feito uma seda sobre um salto vermelhão.

 

Eduardo encontrou no “Satã” um jeito genuíno de liberar todas as suas feras de 40 anos de carreira quase que inteira só de teatro. Esse “Belzebu” não é aquela coisa ridícula criada naquela série chatérrima “Vade Retro”, exibida pela Rede Globo. Isso é um texto, escrito, dirigido e encenado para o público se divertir!

 

Eu confesso que fui ao espetáculo aguardando algo muito bom. Fui lá e encontei algo maravilhoso, das mãos de Eduardo Martini e Elias Andreato, dois nomes que tenho o maior orgulho de conhecer de perto.

 

A produção do espetáculo é de Valdir Archanjo e Bira Saide. O espetáculo saiu de cartaz nessa semana do Teatro Itália, onde cumpriu temporada em São Paulo. Ao final da peça, ao cumprimentar o ator, deu para desfiar de seu entusiasmo e de salas cheias na temporada que o “Papo com o Diabo” ainda não terminou. Pode crer, o “Azazel” vai voltar!

Nyldo Moreira

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