Com ‘cola’, a corrupção começa na sala de aula

Se a educação perdeu espaço no debate eleitoral para as questões de corrupção, uma instituição de ensino decidiu lançar uma campanha que traz a reflexão sobre o comportamento ético na sala de aula e sua conexão com as práticas cotidianas. Muitos que batem no peito a importância de resgatar os valores mais nobres de cidadania, começam a semana pensando em transgredir regras para passar nos testes escolares.

Numa série de vídeos lançados neste mês de outubro, a Unicesumar, um dos maiores grupos escolares do país, transporta para o dia a dia de profissionais as mesmas manobras aplicadas para atingir as notas das provas. A cena de um médico, durante um transplante do coração, que recorre a uma “cola” desenhada na palma da mão para realizar um procedimento de alto risco, faz parte da campanha “Cola Não Rola”.

Este e outros vídeos têm como objetivo conscientizar estudantes sobre o processo de fraude que caracteriza o ato de “colar” nas provas e que provoca lacunas no conhecimento, a exemplo do médico do filme.

“Algumas frases da campanha são rígidas – ‘Cola não forma, deforma’ ou ‘Cola é corrupção’ –, e merecem atenção para que os estudantes entendam que “colar” é autoengano e autossabotagem”, destaca Wilson de Matos Silva, reitor da instituição. “Em época de eleições, quando os brasileiros cobram idoneidade de candidatos, é importante lembrar que ‘colar’ nas provas também é uma forma de ser corrupto”, explica.

As ações da campanha também propõem a desmistificação do ditado popular “quem não cola, não sai da escola”. A “cola” é uma parte negativa da cultura do jeitinho brasileiro, uma enganação, uma trapaça não só contra a instituição de ensino, mas contra si mesmo. “A campanha é um convite à reflexão dos estudantes e, se for preciso, a uma mudança de comportamento. Leva a pensar que tipo de profissional cada um quer ser”, completa o reitor. E que tipo de cidadão também seremos?