A diversidade de cervejas no mercado brasileiro cresce a cada dia e embala as conversas nas rodas de amigos, nas comemorações da família e na mesa do bar. Mas, afinal, o que faz uma boa cerveja? Ingredientes definem a sua qualidade? Cerveja boa é cerveja clara? Quanto mais amarga, melhor? O mestre cervejeiro da Ambev, Luciano Horn, que trabalha há 13 anos na companhia e estudou engenharia de bebidas por quatro anos e meio na Alemanha, esclarece sete mitos desta bebida que é uma paixão nacional.
MITO – Nenhuma cerveja é melhor ou pior que a outra; elas simplesmente são diferentes. São os ingredientes que dão às cervejas as características diversas para atenderem aos mais variados paladares e ocasiões. Esse mito nasceu da Lei de Pureza alemã, decretada pelo duque Guilherme IV da Baviera por razões fiscais na Idade Média, que obrigavam a utilização de lúpulo, matéria-prima com produção mais restrita e controlada, que tornava fácil de entender o quanto se havia produzido de cerveja (nessa época, o lúpulo era utilizado basicamente para a produção da bebida). Além disso, por ser uma matéria prima muito utilizada na produção de pães, o trigo também não seria utilizado na produção cervejeira. Hoje, é consenso no mundo cervejeiro de que a qualidade da bebida não depende do uso do puro malte. No mercado mundial, há cervejas excelentes que seguem a escola alemã assim como as escolas americana e belga, entre outras.
MITO – A cor não define a qualidade da cerveja, nem seu teor alcóolico, como muita gente acredita. Ela pode ser amarela, dourada, âmbar, acobreada, marrom ou preta, dependendo dos ingredientes utilizados, mas a coloração não indica se é boa ou ruim.
VERDADE – A qualidade do conjunto dos ingredientes impacta totalmente na qualidade final do produto. Assim como na gastronomia, a receita de uma cerveja pode conter cevada, milho, arroz, laranja, pimenta, café e diversos outros ingredientes, mas se eles não tiverem qualidade, o resultado será ruim.
MITO – A qualidade da cerveja não depende do amargor. Ele indica apenas que a bebida foi produzida com mais lúpulo. Os mestres cervejeiros “brincam” com as características da cerveja para criar diversidade. Se quiserem produzir uma cerveja mais leve e refrescante, usam cereais como milho e arroz ao lado da cevada. Se o objetivo é criar uma bebida mais aromática, trabalham com a fermentação.
MITO – Historicamente é comum as cervejarias utilizarem os cereais mais disponíveis em seu país, porque tendem a ser mais acessíveis. Mas é claro que tudo depende da receita da bebida. Há cervejas muito complexas e caras no mercado mundial que utilizam milho em sua composição. Para se ter uma ideia, estima-se que 80% das cervejas consumidas no mundo sejam feitas de milho e/ou arroz, as chamadas American Lagers.
VERDADE – Os estilos de cerveja refletem o modo de fazer a cerveja, os diferentes ingredientes usados em diversas regiões do mundo e até as condições climáticas locais. Por exemplo, as Weiss, mais encorpadas, nasceram na Alemanha, enquanto a Pilsen se difundiu no Brasil por ser uma cerveja mais leve, cristalina e refrescante, adequada ao nosso clima. Há cervejas boas em todos os estilos.
VERDADE – As alterações de temperatura durante o transporte e o armazenamento alteram o sabor e o aroma da cerveja. Por isso, procure guarda-la em locais arejados, frescos e que não bata sol. Armazene as garrafas em pé e cheque a data de produção: cerveja é como verdura, quanto mais fresca, melhor.
Saúde!
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