Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Dia Internacional da Mulher: respeito e direitos

No Dia Internacional da Mulher é bom lembrar sempre que elas merecem respeito e direitos. Muita gente banaliza até a comemoração, mas os direitos começaram a ser conquistados não tem tanto tempo e ainda temos muito a alcançar para tentar chegar mais perto da desejada igualdade. Somos maioria no Brasil, 104.548.325, para 98.532.431, mas é muito comum vermos mais homens até nas fotos, nas mesas de negócios, de congressos, câmaras, assembleias, que mulheres, o que demonstra que falta muito ainda a ser feito neste campo.

Apesar das conquistas, há centenas de mulheres que ainda apanham e são até assassinadas pelos companheiros – 10 por dia no Brasil. Nem se fale dos abusos até na família, da discriminação diária, dos comentários absurdos tipo “louca”, “gorda”, “tá velha, né?”, “tá na menopausa ou “tá menstruada?”, “não deu ontem”, daí para pior. Homem amadurece, fica bonito grisalho, mulher é questionada porque não pinta os cabelos brancos, porque engordou ou por qualquer coisa. As interrupções nas reuniões achando que sempre ela tem que parar de falar para ele dar a sua opinião, ainda ocorrem sem que até elas se deem conta.

Essas discriminações existem em todos os lugares, no condomínio, no trabalho, nas casas, nas famílias. Até o colégio, que nasceu só de meninas, até hoje usa os pronomes de tratamento no masculino. Só tem mães nas reuniões, mas a reunião é dos pais. Só têm professoras, mas se referem aos professores. Colégio que se diz atento e inclusivo não se toca da falta de educação para a igualdade na prática e que diferença este pequeno gesto pode fazer no futuro das profissionais. Viver sendo chamada de “Prezados” não é bacana ou ser tratada como “senhores” nas reuniões.

Precisamos de mais mulheres na política, de mais representação feminina no Judiciário, mais juízas, mais desembargadoras, mais presidentas, nos órgãos de classes, de representação, nos cargos estratégicos, no poder. Somos maioria. Mas, não venham com esta de que “direitos iguais” então nós que cuidemos de tudo, das tarefas do lar, da agenda das crianças, das compras, da logística de casa, de tudo e ainda trabalhemos fora para contribuir igual para as despesas da casa.

A igualdade é tratar os desiguais com desigualdade para atingir a igualdade, portanto, é preciso sim que a mãe tenha licença maternidade para poder amamentar que isto de fato só ela pode fazer, mesmo que o pai seja necessário para apoiar e auxiliar em outras tarefas. Colaboração mútua. É preciso que o pai tenha a licença para cuidar do seu filho também, mas que ela tenha a oportunidade de levar ao filho ao médico se quiser, de sair mais cedo para as apresentações do colégio, a maternidade precisa ser apoiada por toda a sociedade, assim como estas tarefas de cuidar da casa e da família seja valorizada em todos os sentidos.

O Governo Lula aprovou uma lei prevendo igualdade salarial, LEI Nº 14.611 DE 3 DE JULHO DE 2023mas sabemos que até sair do papel vai muita luta, como tudo para o sexo feminino. É preciso exigir a efetividade destes direitos e cobrar sempre, não dá para assistir calada a qualquer situação de discriminação, seja no Brasil seja em outros países, muitos que ainda tratam a mulher como coisa ou animal. Não tem religião que justifique nenhuma limitação de direitos. Não tem política que  justifique de mulheres oprimidas, todas devem ser livres para serem e fazerem o quiserem.

Até quando a mulher fica doente é questionada muito mais que o homem porque embora pareçamos fracas, na verdade nos exigem de tudo, umas mulheres-maravilhas, que não somos mesmo e nem temos a obrigação de ser. Somos mulheres e queremos viver plenamente esta condição, estar aonde queremos, vestir o que quisermos, ter filhos se quisermos e quando quisermos, sermos de fato donas da nossa vida e destino. E ai do homem que vier criticar o “tal do feminismo” porque o que deve ser banido é o machismo, este que crítica uma pessoa porque é mulher, que se acha mais, por gênero, raça, sexo, cor, condição social. Nós avançamos muito nas nossas lutas por muitas que se expuseram e o mínimo que qualquer uma e um tem que fazer é respeitar. As mulheres precisam ter mais espaço, mais vez e voz. Enquanto houver discriminação haverá necessidade de um dia, pelo menos, para lembrarmos das lutas e direitos das mulheres.

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