Rock in Rio: vai começar a festa

Sou fã assumido do Rock in Rio e já deixei isso claro várias vezes. Independente do gosto de cada um, das atrações de cada ano e do local onde é realizado, o clima do festival faz um bem danado à cidade. O Rio é muito mais Rio durante estes grandes eventos.

Às vésperas do festival, o que mais tenho ouvido são reclamações sobre o preço dos ingressos. Pagar mais de 500 reais por uma inteira é realmente inviável para muita gente. Caímos então no velho papo de excesso de carteirinhas de meia-entrada, nas leis que prejudicam os promotores de eventos, etc… Então realmente, pra quem não tem o benefício do desconto, é caríssimo. Mas deixemos esse papo pra lá e vamos nos concentrar em música, que é o assunto no qual me intrometo a opinar. Neste primeiro fim de semana, temos três dias bem distintos quanto à formação do lineup.

Dia 1: 27 de setembro (sexta-feira)

No primeiro dia, a organização conseguiu juntar artistas de gêneros similares ou ao menos harmônicos. No palco principal o DJ Alok, a americana Bebe Rexha e a britânica Ellie Goulding, ambas com um pop eletrônico dançante, e o rapper canadense Drake, que nas horas vagas curte provocar jogadores adversários que ousam jogar contra o seu Toronto Raptors, atual campeão da NBA. No Sunset, Seal fecha a programação que traz também Lellê e Blaya, Karol Conka e Mano Brown. Abro meu coração para declarar que nada sobre o palco me estimula neste dia. Não sou chegado ao estilo das atrações principais, não acho a menor graça num “show de DJ” e o único que me agrada musicalmente, Seal, quase me fez dormir nas duas ocasiões que o vi ao vivo, no Hollywood Rock de 1992 e no Rock in Rio de 2015. Gostaria demais de ver o lendário baixista Bootsy Collins se apresentando com Mano Brown no Sunset, porém acabo de ver que seu nome, antes anunciado, não está mais no site do evento. Fica a esperança de um bom espetáculo de Drake, por mais que a sua música não me agrade.

Dia 2: 28 de setembro (sábado)

O bom e equilibrado segundo dia é comandado pela rapaziada de Dave Grohl e sua gigantesca legião de seguidores. Embora eu não seja grande fã de seu repertório, tenho um respeito enorme pelo trabalho do Foo Fighters e seus shows costumam ser apoteóticos. Sobem também ao palco principal os californianos do Weezer com seu punk nutella, Jack Black com a sua Tenacious D e um encontro entre o CPM22 e Raimundos. Já no Palco Sunset, o que sobrou dos Titãs recebe convidados e o cansado Whitesnake fecha a programação.

Dia 3: 29 de setembro (domingo)

O dia mais eclético desta edição é o domingo. A escalação de Ivete, Goo Goo Dolls, Dave Matthews Band e Bon Jovi faz lembrar algumas junções bizarras das edições anteriores, como Ozzy/Rod Stewart em 1985 ou as traumáticas Lobão/Megadeth/Judas Priest em 1991 e Carlinhos Brown/Guns’n’Roses em 2001. Mas evoluímos. Nós e o festival. Não quer ver esse ou aquele show, há muita coisa pra fazer e ver no local. É bom voltar a ver ao vivo o monstruoso baterista Carter Beauford ao lado da banda de Davi Mateus. Ivete é tiro certo. Showzaço, cantando boas ou péssimas músicas, como de costume. E quanto ao Bon Jovi, só espero que ele desça os tons de suas músicas até o patamar necessário para a sua voz alcançar, porque em 2017, apenas um tom não foi o suficiente. Já no palco secundário, o domingo abriga dois shows que prometem muito: Elza Soares com uma penca de convidados e a dupla Iza/Alcione. A britânica Jessie J fecha uma noite que tende a ser memorável no Sunset.

Eu vou. Vamos?