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Olha o Black Sabbath aí, gente!

Tony Iommi no cavaquinho, Geezer Butler no violão de sete e Ozzy Osbourne, o Jamelão de Birmingham, como intérprete. Paradoxal, não? Na noite em que se comemorava o Dia Nacional do Samba, coube ao Black Sabbath, considerada por muitos a banda precursora do heavy metal, ocupar aquele que, há 38 anos, é o solo sagrado dos desfiles no Rio de Janeiro.

No lugar de fantasias coloridas, preto. Apenas preto. Uma outro tipo de Black Friday, desta vez sem enganação com o consumidor, para receber o show daquela que deverá ser a última turnê da banda. Pontualmente às 21h30min as luzes se apagaram. No telão, imagens do nascimento de um diabrete, que sai de um galpão abandonado para espalhar destruição em uma cidade. Em meio ao fogo, aparece o nome da banda em chamas. Os sinos que introduzem a soturna canção homônima à banda – primeira faixa de seu primeiro álbum, igualmente homônimo – começam a soar. Tio Ozzy abre os braços e dá início ao ritual.

O som parece levemente embolado na área mais próxima ao palco. Chegando um pouco para trás, as coisas clareiam e tudo é ouvido com perfeição, até o tímido teclado de Adam Wakeman – filho do lendário tecladista do Yes – que participa da turnê como um dos músicos de apoio. O outro é o vigoroso baterista Tommy Clufetos, que acompanha a banda ao vivo desde 2012, quando Bill Ward declinou do convite a uma nova reunião, supostamente por causa de divisão de grana.

Repertório baseado nos primeiros álbuns

O setlist seguiu privilegiando as canções da primeira fase da banda. As ótimas “Fairies Wear Boots” e “After Forever” deram uma boa agitada no público. Em “Into the Void”, tio Ozzy deixou bem perceptíveis várias notas na trave. Tudo bem. Ninguém esperava nada diferente. Depois de tudo o que colocou pra dentro, estar vivo já é vitória para ele.

As pausas entre os riffs de “War Pigs” foram as deixas pro povão berrar à vontade naquele que foi o momento de maior interação do público em um show com alguns momentos de inexplicável frieza. Assim como em 2013, Ozzy disparava “I love you all” a todo o momento. Logo após “Behind the Wall of Sleep”, Butler executou um pequeno solo coberto de efeitos por todos os lados. Ao fim, com sua técnica peculiar de pizzicato, onde percute as cordas de seu instrumento movendo os dedos praticamente juntos, o baixista introduziu “N.I.B.”, outro clássico tirado do álbum de estreia, de 1970.

A instrumental “Rat Salad” veio a seguir e, com ela, o momento mais modorrento da noite. Um interminável e torturante solo de Clufetos com cinco ou seis trechos diferentes que terminavam sempre da mesma forma, em esporrentas acelerações de alguma sequência. Musicalmente desnecessário, apesar de fazer parte do rock’n’roll way of life.

Encerramento com clássicos

Enfim, quando volta ao palco, Iommi chama o riff de “Iron Man” e o povo acorda do sono profundo imposto por Clufetos. A sequência final do show segue com “Dirty Woman”, a música mais nova da noite com apenas 40 anos, a porrada “Children of the Grave” e, após um miguezinho pra fingir que rolou bis, “Paranoid”, a canção mais emblemática do Sabbath.

Após publicarem mais cedo no Facebook oficial da banda uma foto com a bandeira da Chapecoense afixada embaixo da bateria e a frase “Respeito e condolências para os nossos amigos brasileiros”, era esperada algum tipo de homenagem aos que se foram no acidente de terça-feira, mas ficou só na imagem.

Apenas 1h35min de palco e todos foram para casa mais cedo. Eles estão velhos, nós também. Uma despedida curta porém digna de quem já fez muito pelo rock.

Setlist

  1. Black Sabbath
  2. Fairies Wear Boots
  3. After Forever
  4. Into the Void
  5. Snowblind
  6. War Pigs
  7. Behind the Wall of Sleep
  8. N.I.B.
  9. Rat Salad
  10. Iron Man
  11. Dirty Women
  12. Children of the Grave
  13. Paranoid
Claudio Francioni

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Claudio Francioni
Tags: Black Sabbathozzyozzy osbournerockshowtony iommi

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