Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Tom Cruise completa 60 anos

“Missão: Impossível”: franquia é produzida e protagonizada por Tom Cruise (Foto: Missão: Impossível – Efeito Fallout / Divulgação e Crédito: Paramount).

Tom Cruise é protagonista e produtor de “Top Gun: Maverick” (Foto: Divulgação / Paramount Pictures).

Maior astro em atividade no cinema mundial, Tom Cruise celebra seu 60o aniversário neste domingo (03) com diversas comemorações paralelas, entre elas, a do sucesso absoluto de seu novo filme, “Top Gun: Maverick” (Top Gun: Maverick – 2002, EUA), protagonizado e produzido por ele. Com direção de Joseph Kosinski, o longa foi ovacionado no Festival de Cannes deste ano, onde o ator recebeu uma Palma de Ouro honorária, e se tornou o primeiro título da filmografia de Cruise a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão em bilheterias ao redor do globo – US$ 1,03 bilhão, até o momento, de acordo com o Box Office Mojo.

 

Nascido em 03 de julho de 1962 em Syracuse, Nova York (EUA), Thomas Cruise Mapother IV quase se tornou padre antes de abraçar a carreira artística, paixão que surgiu ao encenar uma versão do musical “Eles e Elas” (Guys and Dolls – 1955, EUA), de Joseph L. Mankiewicz, no teatro do colégio. A estreia no cinema aconteceu há 41 anos com “Amor Sem Fim” (Endless Love – 1981, EUA), sob a direção de Franco Zeffirelli. Mas somente em 1983, aos 21 anos de idade, que Cruise despertou a atenção do público e da indústria cinematográfica com filmes como “Vidas Sem Rumo” (The Outsiders – 1983, EUA / França) e “Negócio Arriscado” (Risky Business – 1983, EUA), respectivamente dirigidos por Francis Ford Coppola e Paul Brickman.

 

A repercussão positiva de “Negócio Arriscado” possibilitou a contratação para dar vida ao indisciplinado piloto de caça Pete “Maverick” Mitchell em “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986, EUA), de Tony Scott. Maior bilheteria de 1986 com US$ 357,2 milhões, o longa transformou o ator em astro do primeiro time de Hollywood, um dos rostos mais cobiçados de toda a indústria. O carinho pelo clássico cresceu ao longo dos anos, assim como a pressão para a realização de uma sequência, que aconteceu somente quando o protagonista e, agora, produtor conseguiu adequar a trama ao avanço tecnológico, mantendo a essência do original e seguindo a regra básica de não utilizar recursos de computação gráfica (CGI), uma ousadia para os dias atuais.

 

Kyra Sedgwick e Tom Cruise em cena de “Nascido em 4 de Julho” (Foto: Divulgação).

 

 

Nos anos que sucederam “Top Gun – Ases Indomáveis”, o ator se afastou do cinema de ação, trabalhando em títulos como “Cocktail” (Cocktail – 1988, EUA), de Roger Donaldson, “Rain Man” (Rain Man – 1988, EUA), de Barry Levinson, e “Nascido em 4 de Julho” (Born on the Fourth of July – 1989, EUA), de Oliver Stone, que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator – a estatueta ficou com Daniel Day-Lewis por “Meu Pé Esquerdo” (My Left Foot: The Story of Christy Brown – 1989, Irlanda / Reino Unido). Mas a necessidade por adrenalina o levou às pistas de corrida em “Dias de Trovão” (Days of Thunder – 1990, EUA), também de Tony Scott, contracenando com Nicole Kidman, com quem se casou em 1990, após se divorciar de Mimi Rogers, que o apresentou à Cientologia – pais de Isabella e Connor, Kidman e Cruise ainda dividiram a cena em “Um Sonho Distante” (Far and Away – 1992, EUA), de Ron Howard, e “De Olhos Bem Fechados” (Eyes Wide Shut – 1999, Reino Unido / EUA), o último longa dirigido por Stanley Kubrick.

 

Nicole Kidman e Tom Cruise em cena de “Dias de Trovão” (Foto: Divulgação).

 

Na década de 1990, Cruise surpreendeu a indústria ao se tornar o primeiro ator a conquistar mais de US$ 100 milhões em bilheterias mundiais com cinco produções consecutivas. São elas: “Questão de Honra” (A Few Good Men – 1992, EUA), de Rob Reiner, US$ 243,2 milhões; “A Firma” (The Firm – 1993, EUA), de Sydney Pollack, US$ 270,2 milhões; “Entrevista com o Vampiro” (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles – 1994, EUA), de Neil Jordan, US$ 223,6 milhões; “Missão: Impossível” (Mission: Impossible – 1996, EUA), de Brian De Palma, US$ 457,6 milhões; e “Jerry Maguire – A Grande Virada” (Jerry Maguire – 1996, EUA), de Cameron Crowe, US$ 273,5 milhões, título que lhe rendeu outra indicação ao Oscar de melhor ator – a estatueta foi entregue a Geoffrey Rush por “Shine: Brilhante” (Shine – 1996, Austrália), de Scott Hicks.

 

“Entrevista com o Vampiro” é dirigido por Neil Jordan (Foto: Divulgação).

Alvo de críticas da autora Anne Rice, que inicialmente não aceitou sua contratação como o vampiro Lestat de “Entrevista com o Vampiro” por ter Rutger Hauer em mente para o papel, Tom Cruise recebeu sua terceira indicação ao Oscar em 2000, mas como ator coadjuvante, por “Magnólia” (Magnolia – 1999, EUA), de Paul Thomas Anderson – o prêmio ficou com Michael Caine por “Regras da Vida” (The Cider House Rules – 1999, EUA), de Lasse Hallström. Apesar de consagrado, Cruise enfrentou o ceticismo de muitos, o que o impulsionou, de certa maneira, levando-o a testar seus limites em cena, independentemente do gênero cinematográfico da produção.

 

Dirigido por Steven Spielberg nos títulos de ficção-científica “Minority Report: A Nova Lei” (Minority Report – 2002, EUA) e “Guerra dos Mundos” (War of the Worlds – 2005, EUA), Cruise consolidava a franquia “Missão: Impossível”, baseada na série de TV homônima dos anos 1960. Com isso, manteve sua posição como um dos nomes mais importantes e influentes do cinema contemporâneo, algo que o torna alvo constante tanto de profissionais da fábrica de sonhos hollywoodiana quanto da imprensa sensacionalista, que explorou, ainda explora, na verdade, seu divórcio com Katie Holmes, com quem tem uma filha, Suri.

 

A exploração midiática do terceiro divórcio de Tom Cruise afastou um pouco o público, bem como sua crença na Cientologia, mas este ano o ator ganhou protagonismo como jamais visto em toda a sua carreira graças ao já citado “Top Gun: Maverick”, que lhe fez recuperar o prestígio e respeito temporariamente arranhados, mostrando à fatia mais jovem do público seu potencial como artesão da sétima-arte. O que, de fato, ele é.

 

Único profissional de Hollywood a receber homenagem anual no Japão, que, em 2006, criou o Dia do Tom Cruise, celebrado todo 10 de outubro, segundo a Japan Memorial Day Association, em honra não apenas à sua paixão e dedicação pelo cinema, mas à atenção para com o público japonês, que o abraçou em “O Último Samurai” (The Last Samurai – 2003, EUA / Nova Zelândia / Japão), de Edward Zwick, Tom Cruise tem muito a comemorar neste domingo: o aniversário, o sucesso do novo filme e a recuperação do prestígio e respeito, especialmente junto à comunidade hollywoodiana, que nunca poderiam ter faltado ao homem que tanto faz para manter as engrenagens da indústria em pleno funcionamento. Suas produções ajudam a garantir o lucro necessário para a manutenção das atividades nas salas de exibição, disponibilizando aos espectadores seus filmes e, também, inúmeras produções made in Hollywood ou não, inclusive as de pouco apelo comercial que precisam lutar por um espaço no circuito no qual não podem assumir os papeis de reais mantenedores.

 

Hoje, o dia é de Tom Cruise, mas a celebração é de toda a indústria cinematográfica, que muito deve e tem a agradecer a ele, principalmente no cenário atual, repleto de incertezas oriundas da crise sanitária e da ascensão do streaming.

 

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