Apelidada de “rádio com imagens”, a televisão chegou ao Brasil em setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi de São Paulo. Engatinhando, o veículo de comunicação de massa mais popular do país não oferecia programação 24 horas à época, mas fazia o possível para se estabilizar, oferecendo programas variados que conquistaram o público rapidamente, sobretudo devido ao carisma de atores e apresentadores. Um deles era a jornalista, poeta e romancista Edna Savaget, cuja trajetória se confunde com a televisão, conforme é apresentado no documentário “Silêncio no Estúdio”, uma das estreias desta quinta-feira, dia 14, nas salas de exibição cariocas.
Dirigido por Emilia Silveira, o longa tem como trunfo a utilização de imagens de arquivo dos primórdios da televisão brasileira, bem como das décadas seguintes, mostrando sua evolução. Os avanços tecnológicos que transformaram o veículo e permitiram que as emissoras deixassem a programação local em segundo plano para que pudessem assumir o status de rede, transmitindo para todo o país, incomodou Savaget, que acreditava que o programa perderia a alma se não falasse para um público específico, abordando seus problemas e necessidades. Resultado: se demitiu no ar enquanto apresentava o “Show da Cidade”, na Rede Globo, no início dos anos de 1970.
Precursora de programas de variedades, chamados à época de “femininos”, Edna Savaget teve uma trajetória interessante, mas pouco abordada nesse documentário desprovido de distanciamento emocional entre a câmera e seu objeto de estudo, no caso, a jornalista. Isso se deve ao fato de uma de suas filhas, Luciana, integrar o time de roteiristas. Com isso, “Silêncio no Estúdio” se tornou uma produção de reverência à Savaget, uma mulher de “personalidade intensa”, segundo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Assumindo uma roupagem televisiva, “Silêncio no Estúdio”, título de um dos livros de Savaget, é traído por seu roteiro capenga e superficial que não explora a mulher por trás da imagem da pública nem mesmo por meio de depoimentos de familiares e amigos, como Haroldo Costa e Fernanda Montenegro. Dessa forma, o documentário é válido somente por apresentar às gerações mais novas um dos principais nomes da história da televisão brasileira, uma profissional que se definia como “uma jornalista a serviço da televisão”.
Assista ao trailer oficial:
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