O enforcamento de Saddam Hussein em 30 de dezembro de 2006 foi considerado por muitos o fim da Guerra do Iraque, também chamada de Segunda Guerra do Golfo, mas na prática a realidade era outra e os meses que se seguiram foram marcados pelo aumento da violência no país que fora controlado pelo ditador por 24 anos (1979 – 2003). Com isso, o ano de 2007 se tornou um dos mais violentos do conflito, levando milhares de soldados americanos ao Iraque numa tentativa de garantir a ordem e também a segurança de civis americanos que trabalhavam nas cidades iraquianas, como as equipes responsáveis pela construção de oleodutos. Um trabalho tão perigoso quanto o front, pois eles tiveram de lidar com ataques de diversos grupos contrários à ocupação, bem como com os de lobos solitários que conheciam cada metro quadrado de suas cidades e tinham como lema o “olho por olho”.
A vingança motivada pelo ódio num país assolado por anos de regime ditatorial e guerra é o ponto de partida de “Na Mira do Atirador” (The Wall – 2017), que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 24. Sob a firme direção de Doug Liman, o longa surpreende por sua capacidade de equilibrar suspense psicológico e drama de guerra, prendendo a atenção do espectador ao se tornar um filme sobre uma espécie de “exército de um homem só”. E o homem em questão é o militar Ize (Aaron Taylor-Johnson), que tem somente um muro em ruínas para se proteger de um atirador inteligente cuja posição exata ele desconhece.
“Na Mira do Atirador” é uma produção que explora com afinco a vulnerabilidade de oficiais no meio do nada e com poucas chances de sobrevivência face à obstinação de indivíduos que exigem seu país de volta. Desta forma, a ação surge como um tempero do drama de Ize, mostrado não somente pela situação à qual se encontra, mas também por meio de um trauma de guerra que o assombra há tempos, deixando-o ainda mais fragilizado num ambiente inóspito.
Popularmente conhecido como Pietro Maximoff / Mercúrio dos filmes da Marvel, Aaron Taylor-Johnson entrega seu trabalho mais maduro e complexo. Numa composição de personagem precisa, o ator assume a responsabilidade de ficar sozinho em cena durante quase todo o tempo, transmitindo à plateia toda a tensão e desespero de um homem que não consegue avisar ao exército sua situação de risco e, portanto, está largado à própria sorte, comunicando-se somente com seu algoz, cujo rosto nunca é mostrado.
Utilizando momentos de silêncio para aumentar a tensão, “Na Mira do Atirador” foge da zona de conforto de produções de guerra ao não apresentar clichês inerentes ao gênero, sobretudo no que tange ao patriotismo americano. É um filme desprovido tanto de heroísmo quanto de vitimização para mostrar a exposição de homens numa área de conflito por meio de uma batalha que é, acima de tudo, um jogo psicológico.
Assista ao trailer oficial legendado:
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