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“La La Land – Cantando Estações”: cada escolha, uma renúncia

Um dos gêneros fortes do cinema clássico, sobretudo dos anos dourados (1930 – 1940), época em que a cinematografia explorava cada possibilidade oriunda do advento do som e da fala no final da década de 1920, o musical tem sido subestimado há muito tempo. Volta e meia ele tenta ressurgir das cinzas, como aconteceu nos anos de 1990 com “Evita” (Idem – 1996), “Todos Dizem Eu Te Amo” (Everyone Says I Love You – 1996) e o adolescente “The Wonders – O Sonho Não Acabou” (That Thing You Do! – 1996). Na década seguinte, a explosão ficou por conta, basicamente, de “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” (Moulin Rouge! – 2001) e “Chicago” (Idem – 2002), vencedor de seis estatuetas do Oscar, inclusive a de melhor filme.

 

Nesta década, o gênero ressurge com a promessa de arrebatar inúmeros prêmios da atual temporada. Cotado para o prêmio da Academia e grande vencedor do Globo de Ouro 2017 (venceu nas sete categorias a que foi indicado), “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016) entra em cartaz no Brasil nesta quinta-feira, dia 19, utilizando uma belíssima roupagem de cinema clássico.

 

“La La Land – Cantando Estações” conta a história de dois jovens que tentam a sorte na Cidade dos Anjos – Sebastian (Ryan Gosling) na música e Mia (Emma Stone) no cinema. Entre aspirações e adversidades, os dois se encontram e vivem uma história de amor.

 

Pela sinopse, imagina-se um filme bobinho e açucarado, digno da “Sessão da Tarde”. Mas o que encontramos na sala de exibição é uma verdadeira aula de cinema ministrada por Damien Chazelle, o jovem diretor e roteirista que tem conquistado plateias de todo o mundo em sua busca pela perfeição. Aqui, a perfeição surge como um espetáculo que funciona como uma bela homenagem ao cinema e à cidade de Los Angeles, ao som de jazz, tendo como suportes sua belíssima fotografia, trilha sonora, montagem ágil, figurino, maquiagem, direção de arte e elenco.

 

Com um elenco em sintonia e totalmente à vontade no universo musical, os destaques são os protagonistas Emma Stone e Ryan Gosling, que têm química de sobra em cena, agregando ainda mais valor a esta obra. Stone oferece a melhor atuação de sua carreira, enquanto Gosling surge com a leveza de quem está se divertindo em cena, mesmo quando o drama precisa tomar conta da narrativa. Não bastasse isso, os atores abrilhantam ainda mais as performances musicais inspiradas em diversos clássicos que permeiam nossa memória afetiva, como o já citado “Cantando na Chuva” e “A Noviça Rebelde” (The Sound of Music – 1965), por exemplo.

 

Ryan Gosling e Emma Stone em ótimas atuações (Foto: Divulgação).

 

O roteiro de Chazelle é inteligente e explora com muita competência não apenas as características e diferentes realidades de seus personagens, como também o tom crítico à indústria. Assim como “Cantando na Chuva” (Singin’ in the Rain – 1955) criticou a maneira como astros e profissionais do cinema mudo foram descartados na Era Falada, “La La Land – Cantando Estações” mostra a face cruel de Hollywood, que cobra de seus profissionais um preço alto a cada conquista. É a velha fábrica de sonhos e ilusões sendo implacável ao proporcionar um choque de realidade para quem nela – ou dela – tenta sobreviver. E isto pode ser condensado numa única frase de Sebastian à forasteira Mia: “É L.A. (Los Angeles). Eles veneram tudo e não valorizam nada”.

 

Oferecendo à plateia uma deliciosa viagem à Era Clássica de Hollywood, marcada também pelos musicais da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), “La La Land – Cantando Estações” é uma obra espetacular de Damien Chazelle, sua segunda pérola em dois anos – a primeira foi “Whiplash – Em Busca da Perfeição” (Whiplash –2014). É um filme sobre sonhos, amor e, principalmente, sobre como a vida deveria ser e como ela realmente é. Mas, acima de tudo, é sobre a escolha que tem a renúncia como custo alto.

 

Assista ao trailer oficial:

Ana Carolina Garcia

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Ana Carolina Garcia
Tags: CinemaEmma StoneGlobo de OuroOscarRyan Gosling

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