Globo de Ouro 2017: “La La Land – Cantando Estações” é o grande vencedor

A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) realizou na noite do último domingo, dia 08, no The Beverly Hilton Hotel em Los Angeles, a 74^a cerimônia de entrega do Globo de Ouro, cujo anfitrião foi Jimmy Fallon, que subiu ao palco com sua língua afiada criticando não apenas o sistema eleitoral americano, mas também o ano de 2016.

Como já era esperado, a festa deste ano consagrou o musical “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016), de Damien Chazelle. A produção levou todas as sete estatuetas a que concorria, incluindo direção, filme e atores principais de comédia/musical para Ryan Gosling e Emma Stone. A vitória do longa não apenas o fortalece na corrida pelo Oscar, bem como chama a atenção para um gênero subestimado pela cinematografia contemporânea.

Na categoria de filme dramático a disputa acirradíssima ficou por conta de “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (Idem – 2016) e “Manchester à Beira-Mar” (Manchester by the Sea – 2016), com seis e cinco indicações, respectivamente. A vitória do segundo era considerada certa porque seu protagonista, Casey Affleck, recebeu o prêmio de melhor ator em drama. Por esta razão, a vitória de “Moonlight: Sob a Luz do Luar” foi uma grande surpresa. É válido ressaltar que ambos os filmes só venceram nas categorias citadas acima.

E surpresa pode ser considerada a marca registrada desta cerimônia, que começou com a grande zebra da noite: Aaron Taylor-Johnson, agraciado com o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante. Entregue por Ryan Reynolds e Emma Stone, o primeiro prêmio da noite, causou certo impacto porque o Mercúrio dos filmes da Marvel desbancou o favorito Mahershala Ali, der “Moonlight: Sob a Luz do Luar”.

O mesmo aconteceu na categoria de melhor atriz em drama. A grande favorita ao prêmio era a israelense Natalie Portman por “Jackie” (Idem – 2016), mas o Globo de Ouro ficou com a francesa Isabelle Huppert por “Elle” (Idem – 2015), de Paul Verhoeven – “Elle” também ficou com o prêmio de melhor filme estrangeiro.

No entanto, se havia uma certeza absoluta neste Globo de Ouro era a consagração de Viola Davis na categoria de melhor atriz coadjuvante. Uma das profissionais mais aclamadas da atualidade, Davis recebeu seu Globo de Ouro por “Fences” (Idem – 2016) das mãos de Michael Keaton. Muito emocionada, a atriz agradeceu a todos que acreditaram no projeto, especialmente ao seu colega de cena e diretor, Denzel Washington. “Eu sou sua amiga e fã”, disse a atriz.

Viola Davis ainda foi a responsável por apresentar um dos momentos mais importantes da noite: a homenagem à Meryl Streep, que recebeu o Cecil B. DeMille Award, prêmio especial concedido pelo conjunto da obra. Durante a apresentação, Davis destacou que o trabalho da homenageada “a faz lembrar o significado de ser artista”, citando, ainda, sua experiência no set de “Dúvida” (Doubt – 2008), quando se sentiu insegura ao contracenar com ela.

Ovacionada pela plateia e lamentando o fato de estar sem voz, Meryl Streep subiu ao palco muito emocionada e começou seu discurso agradecendo à comunidade hollywoodiana. Perguntando “quem somos nós?” e “o que é Hollywood?”, a veterana lembrou a diversidade da indústria, composta por profissionais de diversas cidades americanas, bem como de diversas nacionalidades, falando um pouco sobre suas histórias pregressas para criticar Donald Trump e sua posição em relação aos imigrantes. “Desrespeito gera desrespeito. Violência incita violência”, disse a atriz que este ano concorria na categoria de comédia/musical por por “Florence: Quem É Essa Mulher?” (Florence Foster Jenkins – 2016). Foi um discurso politizado que enalteceu a imprensa e seu valor junto à sociedade, pedindo ajuda para proteger jornalistas no futuro. “Todos devemos ter muito orgulho do nosso trabalho. Como dizia Carrie Fisher, ‘pegue seu coração partido e transforme-o em arte’”, finalizou Streep.

Uma das melhores profissionais da história da cinematografia mundial, Meryl Streep recebeu 322 indicações a diversos prêmios, sendo agraciada com 164 deles. Dentre indicações e vitórias, ela se destaca como uma das recordistas tanto do Oscar quanto do Globo de Ouro, tendo vencido oito das 30 estatuetas a que concorreu (incluindo a indicação deste ano) – melhor atriz coadjuvante por “Kramer vs. Kramer” (Idem – 1979) e “Adaptação” (Adaptation – 2002); atriz em filme – drama por “A Mulher do Tenente Francês” (The French Lieutenant’s Woman – 1981), “A Escolha de Sofia” (Sophie’s Choice – 1982) e “A Dama de Ferro” (The Iron Lady – 2011); atriz em filme – comédia / musical por “O Diabo Veste Prada” (The Devil Wears Prada – 2006) e “Julie & Julia” (Idem – 2009); e atriz em minissérie / telefilme por “Angels in America” (Idem – 2003).

Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia foi a merecida homenagem à Debbie Reynolds e Carrie Fisher, mãe e filha que deixaram sua marca registrada na história do cinema. As duas faleceram no final do ano passado com uma diferença de menos de 24 horas, entristecendo seus fãs e toda a comunidade hollywoodiana.

Este ano, a HFPA optou não por uma Miss Golden Globe, mas três. As escolhidas foram Sophia, Sistine e Scarlet, herdeiras de Sylvester Stallone, que no ano passado foi aplaudido de pé pela plateia ao receber o prêmio de ator coadjuvante por “Creed: Nascido Para Lutar” (Creed – 2015), longa em que reprisou seu icônico personagem Rocky Balboa.

O Globo de Ouro é considerado a segunda maior premiação da indústria hollywoodiana e uma importante prévia do Oscar, cujos indicados serão divulgados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts & Sciences – AMPAS) no dia 24.

Confira a lista completa de vencedores:

Melhor filme – drama:

– “Moonlight: Sob a Luz do Luar”;

Melhor filme – comédia / musical:

– “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor ator – drama:

– Casey Affleck – “Manchester à Beira-Mar”;

Melhor atriz – drama:

– Isabelle Huppert – “Elle”;

Melhor ator – comédia / musical:

– Ryan Gosling – “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor atriz – comédia / musical:

– Emma Stone – “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor ator coadjuvante:

– Aaron Taylor-Johnson – “Animais Noturnos”;

Melhor atriz coadjuvante:

– Viola Davis – “Fences”;

Melhor direção:

– Damien Chazelle – “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor roteiro:

– Damien Chazelle – “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor canção original:

– “City of Stars” – “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor trilha sonora original:

– “La La Land – Cantando Estações”;

Melhor animação:

– “Zootopia – Essa Cidade é o Bicho” (Zootopia – 2016);

Melhor filme estrangeiro:

– “Elle”;

Melhor série de TV – drama:

– “The Crown” (Idem – desde 2016);

Melhor série de TV – comédia / musical:

– “Atlanta” (Idem – desde 2016);

Melhor minissérie / telefilme:

– “The People v. O.J. Simpson: American Crime Story” (Idem – 2016);

Melhor ator em série de TV – drama:

– Billy Bob Thornton – “Goliath” (Idem – desde 2016);

Melhor atriz em série de TV – drama:

– Claire Foy – “The Crown”;

Melhor ator em série de TV – comédia / musical:

– Donald Glover – “Atlanta”;

Melhor atriz em série de TV – comédia / musical:

– Tracee Ellis Ross – “Black-ish” (Idem – desde 2014);

Melhor ator em minissérie / telefilme:

– Tom Hiddleston – “The Night Manager” (Idem – 2016);

Melhor atriz em minissérie / telefilme:

– Sarah Paulson – “The People v O.J. Simpson: American Crime Story”;

Melhor ator coadjuvante em série de TV / minissérie / telefilme:

– Hugh Laurie – “The Night Manager” (Idem – 2016);

Melhor atriz coadjuvante em série de TV / minissérie / telefilme:

– Olivia Coleman – “The Night Manager”;

Cecil B. DeMille Award:

– Meryl Streep.