‘Blade Runner 2049’: Denis Villeneuve reverencia o clássico de Ridley Scott

Dirigido por Ridley Scott, “Blade Runner – O Caçador de Androides” (Blade Runner – 1982) é um dos títulos mais importantes e cultuados do cinema de ficção-científica. Agora, 35 anos após o seu lançamento, o longa ganha uma sequência que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 05, como uma das produções mais aguardadas do ano: “Blade Runner 2049” (Idem – 2017).

Ambientada 30 anos após os acontecimentos do primeiro longa, a trama de “Blade Runner 2049” mostra o policial K (Ryan Gosling) tentando desvendar o mistério sobre o parto de uma replicante e o paradeiro da criança. Tal fato é considerado uma ameaça pelas autoridades e também um milagre por outros replicantes, colocando K numa busca desesperada por respostas e por Rick Deckard (Harrison Ford).

Fazendo jus ao clássico que o originou, “Blade Runner 2049” tem como maior trunfo a direção habilidosa de Denis Villeneuve. Assim como fez em seu último trabalho, “A Chegada” (Arrival – 2016), o diretor entrega um filme que prima pela qualidade técnica, sobretudo em termos de direção de arte, fotografia e efeitos visuais e sonoros. Tais elementos são a base da construção da atmosfera sombria proposta pelo roteiro de Hampton Fancher e Michael Green, agregando ainda mais valor à obra que se destaca não apenas como uma das mais consistentes da carreira de Villeneuve, mas também por reverenciar o clássico de Ridley Scott.

Outro trunfo dessa produção cujo orçamento não foi revelado pelo estúdio (estima-se que tenha custado entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões), é o seu elenco liderado por Ryan Gosling. Os atores assimilam com perspicácia as características de seus respectivos personagens, concedendo o máximo de veracidade possível à história. No entanto, quem mais chama atenção é Gosling, que explora a fragilidade emocional de K por meio da necessidade de descobrir sua verdadeira origem. Com isso, acaba por ofuscar um pouco Harrison Ford, protagonista do original e coadjuvante de luxo nessa sequência.

Com produção-executiva de Ridley Scott, o longa se desenvolve sem pressa para apresentar ao espectador o universo no qual o Blade Runner vivido por Gosling está inserido. Mesmo sem comprometer o resultado final, tal lentidão pode incomodar parte da plateia, principalmente por reinar absoluta nos dois primeiros atos, cedendo mais espaço à ação no terceiro graças à participação de Ford.

Tal qual seu antecessor, “Blade Runner 2049” se diferencia de outros blockbusters por apresentar diversos questionamentos pertinentes, sobretudo acerca da dominação de uma espécie sobre a outra, da busca do indivíduo por sua origem e da esperança de viver em liberdade – nesse sentido, a criança procurada por K e pelas autoridades assume um papel semelhante ao de Moisés, que libertou seu povo da escravidão no Egito Antigo. E essa esperança pode ser a semente para a produção de mais um filme da agora franquia “Blade Runner”.

Assista ao trailer oficial: