Bar do David resiste à crise, ao fim da pacificação e apresenta petisco com cara de bicampeão

Sempre se diz que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas se esse lugar for um boteco, é bom estar atento. O Bar do David, no Chapéu Mangueira, o único localizado numa comunidade ainda no Comida di Buteco, não foi campeão do Rio e, depois, nacional à toa. A grande prova disso é que, sem se deixar levar pela fama e conquistas, David trabalhou duro para produzir mais um petisco brilhante e com pinta, sim, de primeiro lugar. O Saudosa Maloca (bolinhos de milho com queijo, recheados com carne seca ao molho de azeitonas) não deixa dúvidas quanto à qualidade da cozinha do estabelecimento e da importância que a direção do bar dá à sua gastronomia.

O Bar do David foi ampliado. Na contramão da crise, que ceifou a existência de muitos bares e, principalmente, com a falência da política de pacificação do Governo do Estado do Rio, que implodiu muitos negócios existentes em favelas, David conseguiu construir o segundo andar de seu boteco. E também investiu no segmento de cachaças, incorporando rótulos artesanais da marvada em seu repertório.

O petisco concorrente faz uma grata homenagem ao acarajé, que empresta seu formato aos quatro bolinhos servidos sobre palha de milho. David e sua esposa fazem, manualmente, todo o processo, deixando o prato bonito e bem ambientado ao quitute baiano.

David, apesar da crise e do fim da pacificação, continua tendo uma visão otimista do negócio. Para ele, os frequentadores do seu bar estão seguros. “Não temos histórico de roubos ou furtos aqui no morro. Lá embaixo a coisa está braba, mas é em todo o lugar”, afirma.

De qualquer forma, a resistência de David não deixa de ser uma luz no fim de um túnel acachapante. A cidade precisa se merecer para sobreviver ao atual momento de total desolação.

Saúde!