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Festival Paralímpico nacional abre portas de sonhos a crianças com deficiências

Portais de sonhos e esperanças se escancararam em todo o Brasil, para cerca de 7 mil crianças e jovens (10 a 17 anos) portadores de deficiências. No ultimo sábado, 22 de setembro, Dia Nacional do Atleta Paralímico, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) promoveu pela primeira vez o Festival Paralímpico, que se espalhou por 48 cidades nos estados e do Distrito Federal, dando a essas crianças e jovens a oportunidade de experimentar variadas modalidades adaptadas. Ao todo, mais de 10 mil pessoas estiveram envolvidas nas ações.

Em cada um dos 48 núcleos, três esportes foram colocados à disposição de crianças com e sem deficiência, com a intenção de familiarizar o maior número possível de jovens com o Movimento Paralímpico. Diversos medalhistas mundiais e paralímpicos, como Petrúcio Ferreira, Terezinha Guilhermina (atletismo), Ricardinho, Jefinho (futebol de 5), Patrícia Santos, Camille Rodrigues, entre outros, estiveram presentes nas sedes do Festival.

“O CPB expandiu as fronteiras do desporto paralímpico no país, para mostrar a todo o Brasil o que representa o esporte para pessoa com deficiência. Estou muito emocionado neste sábado, e este modelo de oportunidade por intermédio do esporte, que é o que nós acreditamos, proporcionou a todos nós do Comitê Paralímpico Brasileiro o dia mais feliz dos últimos tempos”, disse Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e bicampeão paralímpico (Atenas 2004 e Pequim 2008) de futebol de 5, para cegos.

No Rio, cerca de 60 crianças participaram do Festival, na sede do Vasco da Gama, em São Januário. Nadadora natural de Santo Antônio de Pádua (RJ), Camille Rodrigues, campeã parapan-americana em Toronto 2015 e atleta do clube, prestigiou o evento.

“Iniciativas como esta, do Festival do Dia do Atleta Paralímpico, ajudam na parte mais difícil que é começar. Ensina as modalidades e também onde e como começar a treinar”, explicou ela, um dos destaques da abertura do “Fantástico”, da Rede Globo. “O Festival ajuda no que é mais difícil pra quem tem deficiência que é o por onde começar. Desta forma, as crianças podem conhecer modalidades e também um lugar que ofereça essa oportunidade. Fora que ter esse contato com as pessoas e ser reconhecida é um sinal de que estou no caminho certo”.

Camille Rodrigues. Foto: Lívia Prates/www.vasco.com.br

Além de Camille, outros nomes consagrados do esporte se juntaram aos iniciantes durante a festa, como os jogadores de futebol de sete Diego Delgado, Felipe Rafael e Gilvano Diniz, medalhistas de bronze nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e também atletas vascaínos. Em São Januário, crianças e o jovens puderam experimentar o futebol de 7, judô e o vôlei sentado, todas essas modalidades integrantes do programa dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.

Dentre os visitantes estavam Evellyn, de 8 anos, Ellen, de 6, e Eloá, de 3 anos. Elas vieram com os pais de São João de Meriti, a 27 quilômetros do Rio de Janeiro. O objetivo da viagem era apresentar a mais velha das irmãs, que nasceu com má formação congênita, ao esporte paralímpico.

“Quero muito mostrar a ela que ela pode fazer tudo que as outras duas, que não têm deficiência, fazem. Que ela pode estar junto, participar. Ainda não sei que esporte ela vai gostar, mas espero que ela se torne atleta”, torce.

Evellyn foi rápida em escolher um favorito: judô. Ela chegou a visitar o tatame montado para o Festival três vezes. “Gostei muito mesmo de lutar”, disse.

Lívia Prates, coordenadora do Festival no Rio, avaliou o evento como muito positivo para a formação de novos atletas.

“A maioria já saiu daqui perguntando sobre aulas e quando vai ser o próximo”, comentou a professora.

CT de São Paulo recebe 500 crianças e jovens no evento

Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

No CT Paralímpico de São Paulo (acima), mais de 500 crianças com e sem deficiência puderam ter contato com atletismo, tênis de mesa e vôlei sentado.

“Achei muito interessante porque não é em qualquer lugar que tem essa inclusão. Eu nunca tinha feito vôlei sentado e achei muito divertido”, comentou Kézia Sena, 16 anos. A paulistana tem deficiência visual devido a glaucoma congênito e cursa o oitavo ano do ensino fundamental.

Um dos maiores medalhistas da história dos Jogos Pan-Americanos, o mesa-tenista Hugo Hoyama elogiou a interação com as crianças:

“O que os atletas paralímpicos têm é o mesmo que os olímpicos: a vontade de ganhar e fazer o melhor pelo Brasil. Essa interação com as crianças foi muito legal. Eu me vi nelas. Comecei a praticar tênis de mesa com sete anos e nem sabia segurar uma raquete direito. Hoje ensinei a segurar raquete, acertar a bola. Espero que daqui saiam grandes campeões”.

A atleta paralímpica Raissa Machado, da classe F56, que faturou um bronze no lançamento de dardo nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015 praticou sua modalidade com as crianças.

“A experiência com esporte tem que começar na infância. Tem muita gente que não tem a estrutura e nem o conhecimento do esporte adaptado. Antes não tinha esse incentivo e hoje a gente tem, então eu fico feliz em participar e incentivar essas crianças”, comentou.

Outros atletas estiveram presentes no evento em São Paulo. Os velocistas Aline Rocha, Yohansson do Nascimento, Verônica Hipólito, Carlos Pierre, Felipe Gomes e Vinicius Rodrigues, a Seleção Brasileira de Goalball e os Ricardinho e Jefinho da Seleção Brasileira de futebol de 5.

Dez das 48 sedes localizavam-se no Nordeste do país. A região responsável por revelar diversos campeões paralímpicos contou com a presença maciça de crianças. Garotos como Rian Mendes, de apenas 7 anos, que divertiu-se ao lado de seu ídolo, Petrúcio Ferreira, campeão paralímpico e mundial das provas de velocidade da classe T47 (amputados de braço).

“Foi bom demais encontrar o Petrúcio e praticar um pouco de esporte. Foi muito divertido e eu quero um dia ser igual um campeão como ele”, disse, em João Pessoa, Rian, que nasceu com má formação no braço esquerdo (foto abaixo).

Foto: Divulgação/CPB

Na Região Sul, Santa Catarina foi o estado com o maior número de núcleos, com quatro: Florianópolis, Joinville, Blumenau, Itajaí e Lajes. A cidade de Joinville recebeu o evento no Centro de Convenções Edmundo Doubrawa, no centro do município. Mais de 150 crianças estiveram presentes no local, experimentando as versões adaptadas de atletismo, bocha e basquete em cadeira de rodas – estes últimos com times locais auxiliando nas atividades.

Além disso, o festival na cidade também contou com a presença dos velocistas Lucas Prado, ouro nos Jogos de Pequim 2008, e Ádria Santos, tetracampeã paralímpica nos Jogos de Barcelona 1992, Sidney 2000 e Atenas 2004.

“É uma honra estar num evento tão importante como o Festival, quando comecei a treinar o esporte paralímpico não era conhecido e este evento ajuda os pais a verem que as limitações estão na nossa cabeça”, afirmou Ádria, mineira de nascimento, mas radicada na cidade catarinense.

Iniciativa integra planejamento 2017-2024 do Comitê Paralímpico

Seis estados da região Norte receberam a iniciativa  neste sábado: Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. Na capital tocantinense, Palmas, o evento foi abrilhantado pela velocista e medalhista paralímpica Terezinha Guilhermina. O evento contou com a participação de mais de 100 crianças, que tiveram a oportunidade de experimentar três modalidades: atletismo, bocha e tênis de mesa.

“Eu comecei no esporte aos 22 anos, as crianças aqui no festival estão começando mais cedo e as chances de evoluírem e conquistarem medalhas importantes no futuro são muito grandes”, comentou Terezinha.

O Festival Paralímpico é uma das iniciativas que se alinham ao novo planejamento estratégico 2017-2024 do CPB. A ideia é salientar a inclusão por meio do esporte adaptado. Para isso, a entidade esportiva  projeta manter e ampliar o Festival para os próximos anos.

Foto: Divulgação/CPB
Claudio Nogueira

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