Carnavalesco da Tucuruvi questiona jurados e revela como será desfile sobre Bezerra da Silva

07/06/2022 às 15h48 - Por Redação SRzd

Dione Leite na Festa de Lançamento do CD do Carnaval de São Paulo 2022. Foto: SRzd/Cesar R. Santos

Em 2023, o carnavalesco Dione Leite completará quatro Carnavais consecutivos assinando os desfiles da Acadêmicos do Tucuruvi. Desde que chegou, ele passou por diversas fases da escola: em 2019, a queda do Grupo Especial; no ano seguinte, o vice-campeonato no Grupo de Acesso 1; e em 2022, a manutenção na elite do samba paulistano.

Em entrevista ao SRzd, o artista avaliou o desfile deste ano – assinado ao lado de Fernando Dias – e questionou a avaliação do júri da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo. A agremiação terminou a apuração na 11ª posição após apresentar o enredo “Carnavais… De lá pra cá, o que mudou? Daqui pra lá, o que será?”.

Dione também afirmou que terá um “universo vasto de possibilidades” no tema 2023, que homenageará o sambista Bezerra da Silva. Durante a conversa, o profissional explicou como serão divididos os trabalhos com o carnavalesco Yago Duarte neste projeto. Confira:

SRzd: Quanto ao Carnaval 2022, como você define a apresentação da Acadêmicos do Tucuruvi?

Dione Leite: Um Carnaval totalmente atípico para todos, porém o mais esperado independentemente de qualquer situação, pois precisávamos seguir e buscar novos projetos para a manutenção do Carnaval. Foi um desfile lindo, cheio de identidade e energia de uma comunidade maravilhosa que é a Acadêmicos do Tucuruvi.

SRzd: A falta de acabamento foi citada pelos jurados nas justificativas do quesito “alegoria”. Como você avaliou esses apontamentos? Foram justos?

Dione Leite: É complicado falar o que é justo no Carnaval. Temos ciência do que é o balizamento, porém, a questão de sermos a primeira escola torna o julgamento mais criterioso. Abrir o Carnaval é um grande desafio. Agora o que precisamos entender é, por exemplo, como que um espelhinho caído de 3cm pode ser mais importante que o contexto e leitura de uma obra? Vale mais uma vez refletir. O nosso desfile era muito sobre isso.

Desfile 2022 da Acadêmicos do Tucuruvi. Foto: Fausto D’Império/SRzd

SRzd: Sobre o enredo 2023, a Tucuruvi aposta em uma homenagem, assim como no Carnaval 2020 (sobre o ator e comediante Chico Anysio). O tema também é popular, como os escolhidos para 2020 e 2022 (sobre os Carnavais de São Paulo). Podemos dizer que foi adotada uma mesma linha de enredo?

Dione Leite: Uma escola de samba deve usar seus enredos para comunicar e falar pela sua comunidade. É uma arma potente que temos nas mãos, onde não podemos desperdiçar. A Tucuruvi é uma grande escola e entende seu papel perante a sua comunidade. A direção de Carnaval preocupa-se sempre em solicitar enredos que tenham amplitude e cunho de responsabilidade e isso nos ajuda demais. Acredito ser uma linha muito relevante em uma escola que tem explorado bem seus temas de enredo.

SRzd: Como você e o Yago Duarte vão desenvolver o enredo sobre Bezerra da Silva? Será mais ligado a musicalidade que tinha forte apelo social?

Dione Leite: Falar de Bezerra da Silva é falar do povo, é encontrar nas linhas cantadas a identidade direta de quem é um “Da Silva” no Brasil. É um universo vasto de possibilidades que nos tem tomado de prazer em criar. Com certeza será um grande Carnaval para o povo do Tucuruvi.

Logo do enredo 2023 da Acadêmicos do Tucuruvi. Foto: Yago Duarte/Divulgação

SRzd: Como surgiu essa parceria com Yago Duarte e como será a divisão de trabalhos?

Dione Leite: Esta parceria foi se criando naturalmente pelo simples fato de estarmos juntos desde 2019, quando ingressei na escola. Quando fui realizar a renovação, a direção de Carnaval me sugeriu que Yago Duarte fosse valorizado artisticamente pelo seu potencial profissional, e óbvio que nunca recusaria uma oportunidade desta, em ter ao meu lado um artista como ele, que tem uma extrema inteligência e com um futuro brilhante pela frente. Não acredito em divisão. Pode ser este o erro em criar duplas e comissões de Carnaval em algumas agremiações. Se você tem dois, use-os da melhor forma possível em todos os lugares onde dominam e principalmente possam crescer. O importante neste processo é quem te lidera, pois precisa ter uma gestão de Carnaval com muita estratégia, visão e, principalmente, competência para fazer com que a máquina ande sem que nenhuma das engrenagens fique forçando mais que a outra. O nosso diretor de Carnaval Rodrigo Delduque faz isso com maestria. Com certeza será maravilhoso trabalhar ao lado de um profissional e amigo como o Yago Duarte. Gravem este nome, ele não está a passeio no Carnaval.