Em papo com Mano Brown, Zeca fala de desânimo e falta de espaço para o samba

O cantor e compositor Zeca Pagodinho foi convidado do PodCast Mano a mano, do rapper Mano Brown, em episódio publicado no Spotify nesta quinta-feira (7).

Zeca e Brown falaram sobre diversos assuntos, entre eles, o samba. Zeca, que será tema de enredo da Grande Rio em 2023, pontou a mudança dos tempos que, segundo ele, tiraram o espaço do gênero mais popular do país.

“Cara, tivemos que parar com o ‘Mais feliz’, um álbum tão bonito, tão romântico, paramos por causa da pandemia. Um repertório tão bom. Voltamos com ele porque temos que aproveitar aquilo. E outra coisa, cara. Tô ficando desanimado, porque a gente reclamava antigamente mas tinha rádio. Tocava samba todo dia. Hoje só tem duas rádios que tocam samba, e mesmo assim só sábado e domingo. Não tem mais programa da madrugada, que a gente ia lá, a malandragem toda do samba. Não tenho tempo pra escrever. Costumo dizer que o lado artista engoliu o compositor. Não dá, cara, chego em casa tem um monte de coisa pra resolver, não dá pra compor. Quero ficar com a minha filha, meus netos”, detalhou.

Zeca também falou da vida que leva em Xerém, na Baixada Fluminense, onde mantem um sítio, famoso por tantos encontros musicais e eventos promovidos pelo sambista.

“Eu não gosto de tirar foto, principalmente em Xerém. Porque é o único lugar que eu sento na praça, leio jornal, tomo uma cerveja na praça mesmo. Em algum lugar eu quero ser o Jessé. Quando chega a noite, todo mundo vai pra minha casa, até o dono do botequim. Xerém tem isso, as pessoas sentadas no meio fio, e eu gosto de ficar ali, daquele jeito”, conta.

“Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar” é a escolha da atual campeã do Grupo Especial carioca para o desfile do próximo ano.

Campeã 2022

Fala, Majeté: Sete Chaves de Exu foi o enredo campeão da tricolor de Caxias neste ano, desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad. O samba-enredo é assinado por Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr. Fragga, Claudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal.

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