De olho no ensaio: ‘Certinha de Ramos’? Imperatriz deixa apelido de lado em treino alegre e vibrante
De olho no ensaio da Imperatriz (20 de janeiro). Foto: SRzd
“Investir no sonho e vestir a fantasia” são as palavras de ordem na quadra da Imperatriz Leopoldinense. Quem conhece a escola por seus desfiles técnicos e pouco animados pode se surpreender com a apresentação que a verde e branco ensaia para seu desfile na Marquês de Sapucaí. O Carnaval 2019 da Imperatriz promete desconstruir o estigma de uma escola fria, como ficou conhecida nos anos 90 e início de 2000. O enredo, com um viés cômico, reforça seus valores no ensaio, e o samba, ora desacreditado, mostra sua força na comunidade.
O De olho no ensaio testemunhou a alegria, técnica e maturidade do treino da Imperatriz no último domingo (20). Quando Arthur Franco, intérprete oficial, entoa os primeiros acordes da obra de 2019, os componentes respondem de prontidão com felicidade, animação e samba na ponta da língua. Tradicionalmente com início às 23h, a verde e branco ensaia por 1 hora sem perder o astral e a força.
Encantadora e feliz, chega Imperatriz
Como no aclamado hino do Carnaval de 1980, a verde e branco de Ramos treina de forma ‘encantadora e feliz’. Evolução e harmonia são os pontos altos do ensaio. De forma maciça, a composição de Elymar Santos, Maninho Do Ponto, Julinho Maestro, Dudu Miler, Márcio Pessi e Jorge Arthur, mexe com a comunidade e faz com que o canto seja forte durante todo o treino. Nos trechos “Troca-troca ê na beira da praia” e “Imperatriz, sentimento não tem preço, tem valor”, os desfilantes fazem coreografias figurando trocas e batem no peito em alusão ao amor pela agremiação.
Para o diretor de harmonia, Júnior Escafura, a ideia da escola é brincar Carnaval: “O primeiro desafio é descaracterizar a Imperatriz como militarista e certinha. Vamos fazer um desfile organizado, mas os componente estarão soltos. Nosso samba é muito carnavalesco. A proposta é fazer uma apresentação diferente. O desfilante brinca o tempo todo, ninguém se lamenta, até porque Carnaval é alegria”.
Tradição, elegância e maturidade
Não há como não perceber a sintonia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da verde e branco da Leopoldina. Rafaela Theodoro e Thiaguinho Mendonça se encontram em estado de graça. Em apresentação no meio da quadra, a dupla esbanja elegância e maturidade nos passos tradicionais e apostam na dança como ponto forte do Carnaval 2019.
“A gente sempre tem algo a construir. É nisso que eu e Thiago nos baseamos. Tentamos manter uma característica diferente, porque você consegue visualizar que alguns casais mantém as mesmas todos os anos. Acho que nossa marca é a renovação. Para o desfile, utilizaremos mais a dança do que elementos coreográficos”, explicou a porta-bandeira, fã declarada de Maria Helena, eterna defensora do pavilhão da Imperatriz.
Outra novidade no quadro de casais é Beatriz Paula, que estreou no posto de segunda porta-bandeira da escola há duas semanas. A jovem dançará com Marcílio Diamante, o experiente segundo mestre-sala e ex-par de Elaine Fernanda, que se acidentou e pode ficar de fora do desfile. O casal recém formado substituiu o primeiro do meio para o final do ensaio e demonstrou bom entrosamento apesar de pouco tempo junto.
Swing da Leopoldina quer ‘nota 10 na bateria’
Desde que mestre Lolo assumiu a bateria da Imperatriz, a agremiação não perdeu décimo algum no quesito. Contudo, parece que o 9,9 descartado no ano passado, único recebido em sua trajetória na escola, mexeu com o sentimento do músico. A ‘Swing da Leopoldina’ é uma das maiores responsáveis pelo sucesso do samba no treino. Com um rendimento excelente e bossas ousadas, os ritmistas absorveram a ideia do mestre e se encontram totalmente imersos na melodia do hino.
“Ainda não tive muitos ensaios de rua. Estou mais na quadra. Então, não sei o que pode botar e o que pode tirar. Isso vejo mais pra frente. Mas, no todo, acredito que o conjunto está bom. Estamos com bossas bem elaboradas, estamos com raiva mesmo pelo décimo perdido ano passado”, riu Lolo, que também alegou haver necessidade de manter o ritmo da bateria um pouco mais acelerado por conta do samba do enredo “Me dá um dinheiro aí”.
Com exceção dos bailarinos do coreógrafo da comissão de frente, comandada por Fábio Batista, e da rainha de bateria Flávia Lyra, a Imperatriz se apresentou com equipe completa no último ensaio de quadra (20). As musas Ketula Mello, Natália Nascimento e Nathalia Reis abrilhantaram o treino e esbanjaram samba no pé.
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