De olho no ensaio: comunidade incansável da Beija-Flor mostra excelente evolução

Ensaio na Beija-Flor é coisa séria. E não tem hora pra acabar. Problema nenhum para a tribo nilopolitana, que sabe que os treinos exaustivos às quintas-feiras são recompensados na hora da apuração. A mais nova série do SRzd, De olho no ensaio, fez sua estreia na atual campeã do Carnaval, que mostrou, no último treino (10), as credenciais de sempre que levam a azul e branca a ser uma das favoritas ao caneco.

Dentre os pontos positivos do ensaio de quadra da agremiação, o De olho no ensaio destaca a força da comunidade nilopolitana, que desfila por cerca de três horas sem perder o fôlego e o empenho. A organização do treino em geral, bem como a excelente evolução e disposição das alas, também é marca da preparação da escola.

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De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

Comunidade incansável

Não é fácil ensaiar na Beija-Flor. A cinquenta dias da folia, o treino na quadra da azul e branca começa por volta das 23h e adentra a madrugada. Na última quinta (10), acabou às 2h. Mas em outras ocasiões já chegou perto das 3h e 4h da manhã. Para aguentar a pesada rotina e fazer bonito na Sapucaí, só mesmo a tribo nilopolitana, que aguenta firme o treino o mantém o samba no gogó durante horas.

Segundo o diretor de harmonia, Valber Frutuoso, o horário tão criticado por quem está de fora da Beija-Flor já é algo tradicional e compreendido pelos componentes da escola.

“A gente começou os ensaios em 2018 iniciando bem mais cedo. Agora é janeiro, época de férias, e as pessoas têm um pouco mais de disponibilidade. Então, conseguimos equilibrar, porque esse é o nosso ensaio tradicional, que é técnico, mas é também comercial. Eu busco sempre o equilíbrio entre as partes e no final dá tudo certo”, afirmou.

De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

Elogiar o canto da comunidade também é chover no molhado. Se não há aquela explosão como na parte final do samba do último ano, há uma constância na harmonia da Beija-Flor e fica difícil achar um desfilante que não tenha a obra na ponta da língua.

O samba do enredo “Quem não viu, vai ver… as fábulas do Beija-Flor”, criticado pela fusão e por não ter acompanhado o nível da composição vencedora do Prêmio SRzd-Carnaval 2018, rende consideravelmente bem. Mérito também da bateria de mestres Plínio e Rodney, que em mais um ano mantém suas principais características: sustentação do ritmo, cadência e convenções dentro da melodia.

De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

“A comunidade da Beija-Flor é uma comunidade pronta. Agora é acertar alguma coisa de ajuste, entrosamento, alinhamento entre uma ala e outra. Eu quero uma escola solta e brincando bastante. É nisso que a gente está trabalhando. A escola tá cantando pra caramba e é legal ter essa crescente. Não adianta começar explodindo e depois murchar. É preferível começar devagarinho. Eu sou dessa teoria. Devagar se vai longe”, disse Frutuoso.

Dentre as alas que ensaiam na quadra da agremiação, alguns destaques: ala de baianas, onde as senhoras cantam e evoluem durante todo treino; ala coreografada do final da escola, onde o grupo imita beija-flores e veste um bonito figurino; ala das crianças, a primeiras da agremiação, onde meninos e meninas cantam, sambam e brincam a noite inteira e ainda mandam beijos e coraçõezinhos para a rainha de bateria, Raissa de Oliveira.

A majestade dos ritmistas, por sinal, é inspiração para as crianças que preenchem a quadra nilopolitana. A relação entre a rainha e passistas mirins é de encher o Carnaval de esperança. Raissa, que começou na Beija-Flor aos 12 anos, é espelho para aquelas que tem sonho de um dia reinar à frente da bateria.

De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

Excelente evolução

A teoria do diretor Valber Frutuoso pode ser comprovada: a Beija-Flor está mais solta e leve. Os componentes evoluem de forma livre nas alas sem perder o alinhamento e a organização. Dá pra ver felicidade no povo que sai de suas casas para varar a noite de quinta no chão azul e branco.

A bateria que começa o treino no palco, desce na metade do ensaio. Os cantores não participam da totalidade do treino. Em determinados momentos, o samba é cantado somente pela comunidade.

Uma das novidades em comparação a anos anteriores é a instalação de bebedouros. Agora, os componentes podem se hidratar durante o evento. A falta de água gratuita era uma das grandes críticas dos desfilantes nos últimos tempos.

De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

Sem parar de dançar um minuto, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, vão para o 24º Carnaval com a bandeira da Beija-Flor. Acostumada com os ensaios e a receber nota 10 na apuração, se engana quem pensa que a dupla caiu no comodismo. Segundo a porta-bandeira, “o casal não senta na sua história e tenta a todo ano se superar e fazer melhor”.

“Nós testamos aqui parte da coreografia oficial, afinal, é um ensaio como qualquer outro, e pra gente serve de termômetro. É importante testarmos alguns passos. Mas a dança completa só no dia do desfile”, explicou Selminha Sorriso.

De todos os segmentos da azul e branca, somente a comissão de frente (que ensaia separada) e o intérprete Neguinho da Beija-For (substituído por Bakaninha) não participaram da última quinta-feira (13).

De olho no ensaio da Beija-Flor (10 de janeiro). Foto: SRzd

*Colaborou Vinicius Albudane.

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