De olho no ensaio: Mocidade arrasta o povo em treino com pique de Avenida

De olho no ensaio, série do SRzd, esteve no treino de rua da Mocidade Independente em 13 de janeiro. Foto: SRzd

Não existe mais quente. Sob um pôr do sol de 34ºC, a Mocidade Independente tomou conta da Rua Guilherme da Silveira, na Zona Oeste, para mais um ensaio de rua no último domingo (13). Na falta dos ensaios técnicos, a verde e branco faz do asfalto sua passarela do samba e desfila em pique de Avenida, já com o andamento e tempo da apresentação na Sapucaí.

O De olho no ensaio acompanhou o treino de rua da escola junto de uma multidão que se reúne, semanalmente, na Praça Guilherme da Silveira e sai desfilando com a escola, pelas laterais da pista. Há quem diga que o Carnaval tenha se distanciado do povo. Ao menos nos domingos em Padre Miguel, todo mundo se encontra para esquecer dos problemas fazendo aquilo que o Rio mais pede nessa época do ano: sambar.

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De olho no ensaio da Mocidade Independente (13 de janeiro). Foto: SRzd

Em ritmo de desfile

Com um calor típico da Zona Oeste, a Mocidade esperou o sol abaixar para dar início, perto das 20h, ao seu ensaio. Antes do treino, o vice-presidente, Rodrigo Pacheco, fez um discurso acalorado e rebateu as críticas que a escola vem recebendo por um suposto atraso no projeto do Carnaval 2019.

Antes, em entrevista ao SRzd, Rodrigo ressaltou que o tempo que a agremiação ficou sem ensaiar, devido ao protesto contra a falta de verba da prefeitura, não atrapalhou o andamento dos trabalhos: “Nós fomos a primeira escola a ensaiar na rua. Temos cerca de 90% do efetivo que já desfila há algum tempo retornando para o desfile, ou seja, já tem a técnica. Estamos bem confortáveis e tranquilos em relação a isso.”

Ele também anunciou que a Mocidade ensaiaria já no andamento que pretendem usar no dia do desfile. Assim foi feito, com direito a paradas para apresentação em determinados pontos para simular cabines de jurados, conforme fez o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, que treinou boa parte da coreografia oficial.

De olho no ensaio da Mocidade Independente (13 de janeiro). Foto: SRzd

A dupla abriu o desfile na rua, já que a comissão de frente, dos coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon, se prepara separadamente para não revelar surpresas guardadas para a segunda-feira de Carnaval.

A comunidade independente compareceu em bom número e mostrou canto forte no início da escola, impulsionado pelo belo samba do enredo “Eu sou o tempo. Tempo é vida”. Após a passagem da bateria, o volume diminuiu. Por ser o primeiro treino com andamento do desfile oficial, os componentes ainda estavam se acostumando com o ritmo rápido implementando na evolução.

“Em termos de ensaio, ainda não chegou ao ápice, mas estamos muito bem preparados. Se tivesse uma maratona de 10 km, nós conseguiríamos fazer bem, sem passar mal. Nos termos técnicos. também estamos bem apurados. Não podemos dizer que estamos prontos, até porque nem quero. A Mocidade quer estar pronta no dia do desfile e estamos num caminho bom”, disse o diretor de Carnaval, Maquinho Marino.

De olho no ensaio da Mocidade Independente (13 de janeiro). Foto: SRzd

Bateria daqui pra lá e de lá pra cá

Ousada e com identidade, a bateria da Mocidade foi um dos destaques do treino do último domingo (13). Com bossas bem elaboradas e de elevado nível de dificuldade, a Não Existe Mais Quente provou que quer manter a nota máxima no próximo Carnaval.

“Vamos executar quatro bossas na Avenida, porque eu costumo dizer que o samba tem quatro partes: a cabeça, o refrão, a segunda do samba e o refrão de baixo. Estamos com três bossas a partir de agora e semana que vem lançarei outra, a da cabeça”, revelou mestre Dudu.

Ele aproveitou para comentar a convenção que já é a sensação do pré-Carnaval: a bossa invertida. Dudu explicou que a bateria executa a bossa no refrão do meio e depois refaz de modo contrário: “Executamos ela daqui pra lá e volta de lá pra cá”, disse.

Mas se engana quem pensa que serão somente as bossas o fator surpresa da bateria. “Podem esperar alguma coisa. Até porque eu quero manter o padrão. Tenho certeza que o que faremos lá vai dar trabalho para os demais, sempre, claro, respeitando meus amigos. Mas não queremos só passar”, adiantou Dudu.

De olho no ensaio da Mocidade Independente (13 de janeiro). Foto: SRzd

Rainha da Mocidade desde 2017, além da passagem em 2013, Camila Silva esbanjou simpatia principalmente com o público que acompanhava e seguia a escola. Em determinados momentos, ela parava para sambar com crianças que assistiam ao ensaio.

“É uma loucura me dividir entre Rio e São Paulo, mas eu faço às vezes dois domingos em São Paulo e dois domingos aqui. Eu tento dar uma atenção especial ao Rio, já que não temos ensaios técnicos, e lá em São Paulo está tendo”, comentou Camila Silva, que faz ponte aérea entre as duas cidades, já que também é rainha de bateria da Vai-Vai, na terra da garoa.

De olho no ensaio da Mocidade Independente (13 de janeiro). Foto: SRzd

*Colaborou Vinicius Albudane.

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