Carnavalescos da Grande Rio, Zeca e o enredo: ‘Crônica transgressora’

Grande Rio divulga nome do enredo e logo oficial. Foto: Arte

Grande Rio divulga nome do enredo e logo oficial. Foto: Arte

A Acadêmicos do Grande Rio divulgou, na noite desta quarta-feira (6), o título do enredo em homenagem ao cantor e compositor Zeca Pagodinho.

“Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar” é a escolha da atual campeã do Grupo Especial carioca.

Os carnavalescos da escola, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, falaram ao SRzd o que estão preparando para um desfile que não se trata de uma simples homenagem.

De acordo com Bora, trata-se de uma festa, de um ritual de celebração: “Entendemos que a dimensão festiva dos desfiles das escolas de samba, algo que curiosamente às vezes é colocado em segundo plano, é um componente fundante e profundamente político. Iremos celebrar a vitória de 2022, um feito inédito na história da Grande Rio, exaltando o ‘modo de vida’ de Zeca. Não se trata, evidentemente, de uma biografia linear, algo que nunca fizemos. Cantaremos o universo simbólico dele e exaltaremos a sua personalidade de cronista. Entendemos Zeca como um cronista da vida dos subúrbios cariocas, um artista que se comunica de maneira extraordinária com a sua legião de fãs. Justamente por ser muito popular, às vezes é considerado ‘pouco denso’, o que, para nós, não faz sentido. A crônica é profundamente transgressora. Estamos mergulhados na poesia”, explicou.

Para Haddad, o “espírito do enredo” já está condensado no cartaz de apresentação, criado, pelo terceiro ano consecutivo, pelo artista Antônio Gonzaga: “Podem esperar um desfile alegre, vibrante, com o espírito das ruas cariocas. Um desfile solar, jocoso, bem-humorado, que irá celebrar a vida cotidiana. O pôster do enredo, criado por Toín Gonzaga, sintetiza esse espírito: é uma espécie de colagem de anúncios, faixas, cartazes de rua. Caquinhos, pipas, engradados, cobogós. Fugimos das visões monumentalizadoras e sóbrias, que não combinam com o ‘Zeca way of life’. A pintura de Guilherme Kid, reinterpretada e inserida na arte de Antônio, é a essência disso. Estamos muito felizes com essa troca e com a permanência da experimentação”.

Pelo quarto ano, o enredo é assinado pelos carnavalescos em parceria com o historiador e antropólogo Vinícius Natal, que destaca a importância da proposta para a compreensão da importância do movimento do pagode: “Falar de Zeca é falar do samba e do pagode em suas múltiplas dimensões. É direcionar as lentes para essas expressões musicais que no mais das vezes são consideradas menores. Além disso, é uma reflexão potente sobre centro e periferia: a partir dos diálogos que estabelecemos com diferentes interlocutores, algo que sempre fazemos, entendemos que os subúrbios têm posição de centralidade. Olhamos o subúrbio como centro, pensando outras geografias e outras formas de se encarar o espaço urbano e as vivências cotidianas. Trata-se de uma celebração do samba, do pagode, das coisas que mais amamos em uma agremiação sambista: as ruas, as barraquinhas, a sociabilidade, o dia a dia”.

A sinopse com todos os detalhes da história que a tricolor de Caixas vai contra na Marquês de Sapucaí em 2023 será apresentada para os compositores na sexta-feira, 8 de julho, às 19 horas, na quadra social da Grande Rio.

Campeã 2022

Fala, Majeté: Sete Chaves de Exu foi o enredo campeão da tricolor de Caxias neste ano, desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad. O samba-enredo é assinado por Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr. Fragga, Claudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal.

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