Zulmiro é o enredo da Belas Artes para o Carnaval Virtual 2023

Logo oficial do enredo

Após a permanência no Grupo de Acesso I, a ACCESV Belas Artes divulgou o enredo que levará para a disputa de 2023.

Pavilhão oficial da agremiação.

De autoria de seu presidente, Igor Cesar Cine, a escola de Curitiba/PR, contará a lenda do pirata Zulmiro com o enredo: “Zulmiro – O Tesouro da Ilha da Trindade”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Breno Tagliari.

Confira abaixo a sinopse do enredo:

Introdução:

Você acredita em Piratas?
E se eu te contasse que existe um pirata brasileiro?

Curitiba possui essa mitologia: a lenda do Pirata Zulmiro.

E para solucionar este mistério, a Belas Artes te convida a embarcar nesta viagem pela avenida virtual em busca do Tesouro Perdido do Pirata Zulmiro, baseado no livro “A Verdadeira Ilha do Tesouro” escrita com os mais de dezoito anos de pesquisa do Economista e Jornalista Investigativo curitibano Marcos Juliano.

Capítulo I – A Investigação

Tudo começou em 2002. Quando Marcos descobre os boatos de túneis subterrâneos secretos no centro de Curitiba. Curioso, começa entrevistar a vizinhança, onde a grande maioria das pessoas relataram que o centro histórico da cidade, região próxima ao Largo da Ordem, os prédios eram conectados por túneis que desciam a igreja na região da Praça da Matriz, Praça Tiradentes, Igreja da Ordem e a Igreja do Rosário.
Ao ir à Biblioteca Pública e a Casa da Memória de Curitiba, pesquisar nos jornais antigos, teve acesso a uma reportagem de 1972, escrita pelo jornalista Cid Destefani, que falava sobre a existência de túneis mais afastados da região central, próximo ao Bosque Gutierrez. A reportagem também citava a existência de um tesouro escondido por um pirata nesses túneis das Mercês. E para engrandecer ainda mais a reportagem, o final revelava que a outra parte desse tesouro estava escondida em uma ilha próxima ao Atlântico Sul: A Ilha da Trindade. Ilha onde atualmente é uma base da marinha brasileira.

Assim, inicia-se uma busca do Marcus Juliano para desvendar se a lenda do
Pirata Zulmiro era verdadeira ou não …

Capítulo II – O Velho do Mato

Cartas escritas no ano de 1896, por um cidadão inglês que alegava ser amigo de Zulmiro em Curitiba, entre os anos de 1879 e 1880. Eram elas oito cartas publicadas em um jornal escritas por Edward Yang. Inglês que abrigou-se aos vinte anos de idade em Santos, que partiu de trem para Curitiba, em 1979, no meio do Ciclo da Erva-Mate. Em sua viagem, morou em uma fazenda.
A produção dessa erva era transportada pela Estrada da Graciosa, que passava pelas colônias arredores da cidade, entre elas, a Colônia Argelina – fundada por imigrantes da Argélia e Alemanha. Nessa estrada havia uma parada de tropeiros, com uma hospedaria chamada Casa do Burro Bravo, que atuava também como um bar e bordel. Seria este o primeiro bordel nos arredores da capital curitibana. Local com fama pela confusão e alegria dos ‘burros viajantes’ que passavam por essa estrada.
O inglês ao se apresentar ao dono do estabelecimento, declara encanto pela cidade. O dono revela que havia um velho que também era inglês, há mais de 40 anos escondido entre os matagais da cidade. Curioso, Edward se interessa em conhecê-lo, visto que, era raro moradores da Inglaterra na região sul do país naquela época. As colônias inglesas eram mais comuns nos arredores de Santos e Rio de Janeiro.
Ao viajar à procura do ‘velho do mato’, eis que encontra o suposto casebre. Nele havia realmente um senhor, entendido da língua nativa britânica, com conhecimentos além, como a língua grega. Edward suspeita dele

“Como um lord pode estar escondido aqui? Nessas situações?”.

Capta que algum segredo pairava no ar. Curioso em descobrir, inicia-se assim uma amizade com ele, de aproximadamente um ano. Em Abril de 1880, o jovem Yang recebe uma carta da família, na qual motiva-o a retornar para Inglaterra. Em sua despedida, o velho do mato assim lhe diz:

“Como irás partir, irei te contar toda a minha história. Mas jurarás que
não contará para ninguém enquanto eu for vivo…”

Capítulo III – A Revelação

Nessa época, a cultura do juramento era algo honroso e levado à sério, o ‘juramento solene’. E começa a história, revelando:

“Realmente, eu sou um pirata. Nasci na cidade de Cork,situada perto da costa sudoeste da Irlanda, parte do Reino Unido. Origem nobre, família que possuía várias propriedades. Motivo pelo qual conseguiu boa formação, como a escola inglesa de Eton College*…”

[01] Eton College: fundado sob o nome de King ‘s College of Our Lady of Eton beside Windsor é uma escola interna para rapazes, fundada em 1440 por Henrique VI da Inglaterra (privada e independente). Educa alunos com idades entre 13 e 18 anos. Embora seja chamada escola pública, no Reino Unido tal nomenclatura refere-se predominantemente a escola particular.

“Depois dessa escola, entrei para a Marinha Real Britânica, me tornando um oficial. Em uma de minhas missões pelas Ilhas Bermudas, no mar do Caribe, acabei tendo um desentendimento com outro oficial superior. Nesta briga acabei tirando sua vida, por acidente. Então, fugi com medo, devido a Lei Marcial…”

[02] Corte marcial, Tribunal Marcial ou Conselho de Guerra é o tribunal militar que determina punições a membros das Forças Armadas submetidos às leis do direito militar. Virtualmente todas as forças armadas do mundo mantém um sistema de corte marcial para o julgamento de militares que quebrem de algum modo a disciplina, a hierarquia ou as regras militares. Além disso, pode ser usada para julgar e processar inimigos prisioneiros de guerra por crimes de guerra ou contra a humanidade.

“Vou então ao Porto da Flórida, ano de 1823-24. O porto tinha fama de ser um ‘Porto Pirata’, pois grande parte do tráfico de escravos entrava pela Flórida, estado situado no extremo sul dos Estados Unidos, com o Oceano Atlântico de um lado e o Golfo do México do outro.

Entro sem pensar em um dos navios deste porto. Era este, um Navio Negreiro, que transportava escravos. Sigo viagem. Oito meses depois me torno Comandante do navio, resultado de um motim, conflito com o comandante anterior e seus aliados, na qual eu saí vitorioso.
Ergo uma bandeira preta, abandono meu nome originário, e me torno Zulmiro – meu novo nome. Para todos revelo ser um pirata de origem grega. E sigo ao Atlântico Sul.
Faço pacto com outros dois piratas, um pirata espanhol chamado José Sancho e um capitão pirata russo apelidado de Zarolho – vítima de um golpe de espada na face, deixando-o cego de um olho e uma cicatriz amedrontadora.
Nós três juntos, escolhemos uma ilha no meio do Atlântico, a Ilha da Trindade. Seria este local o lugar onde escondemos os nossos tesouros e roubos obtidos pelos sete mares.
O fim: Meu comparsa José Sancho acabou tendo um conflito em uma de suas viagens com a marinha espanhola em 1828-29, e teve seu navio afundando. Zarolho, foi levado para Cuba, tendo toda sua tripulação enforcada. E da nossa trindade, apenas restou eu.
Acabei sendo também capturado, era um navio de guerra inglês no meio do oceano. O Capitão era Harry Keppel, que por coincidência do destino, era meu antigo colega da Academia Naval. Este ficou triste por ver minha situação, visto que sou de origem nobre, e me ajuda na fuga. Me deixou aqui no Brasil, alegando que eu iria lhe mostrar onde estava o ‘depósito do tesouro’ escondido. Só que a fuga carregava uma promessa: “Eu iria me esconder do Brasil e abandonar a pirataria”.
E assim, cheguei a Curitiba, arrebatei uma jovem escrava para conseguir me casar e me refugiar no país. E agora, anos depois, aqui está você meu jovem, escutando a minha história.
Dos três piratas apenas restou eu, apenas eu sei onde está o tesouro. E irei lhe dizer onde ele está escondido…”

Escreve então no papel um roteiro, o suposto “Mapa do Tesouro”, entregando para Edward Yang.

Capítulo IV – J.F. Bastos

Logo oficial do enredo

Edward, jovem na época, viaja para Inglaterra, retornando ao Brasil 16 anos depois, em 1896. Este havia se desinteressado pela história do velho do mato. Porém, ao ler uma reportagem no jornal que contava sobre uma expedição inglesa nos arredores da Ilha da Trindade, um gatilho lhe desperta interesse novamente.

As expedições inglesas, resultado da captação do mapa do Pirata Zarolho em sua morte, não tiveram sucesso devido ao desmoronamento das paredes vulcânicas na região. Porém, na revelação com o velho do mato, Zulmiro tinha revelado em seu mapa a existência de um segundo depósito de tesouro, na qual Zarolho não conhecia.

Empolgado, tenta levantar expedições brasileiras na busca pelo tesouro, mas ninguém acredita em sua história. Eis então, que começa escrever cartas ao Jornal do Brasil relatando o caso com o pirata, porém, assina com um pseudônimo J.F. Bastos. Nessas cartas, conta a história do Pirata Zulmiro, e na última carta o
convite:

“Quero parceiros para montar uma expedição para a Ilha da Trindade”

Após a repercussão de sua carta no jornal, boatos e fofocas se espalham na busca de saber o autor das cartas. E ao descobrirem, acaba atraindo ladrões para a sua casa, onde tentam roubar o roteiro do tesouro. Edward então se torna vítima de um tiro, falecendo assassinado. E a história do Zulmiro desaparece das páginas da imprensa…

Capítulo IV – As Primeiras Expedições

Dezesseis anos se passaram, em 1910, o sobrinho de Edward, encontra nas caixas herdadas do tio Edward Yang as cartas escritas pelo tio ao jornal do Brasil, encontrando junto, o misterioso “Mapa do Tesouro”. Na qual organiza então a 1ª Expedição rumo à Ilha da Trindade, na qual não há sucesso, devido às baixas condições estruturais e as difíceis condições climáticas da região. Outras tentativas posteriormente vieram, porém, sem sucesso.

Alucinados, outras três expedições foram organizadas pelo sobrinho até a ilha. E essa insistência acaba ganhando visibilidade novamente na imprensa, e um dos jornais, revela em manchete da existência deste tesouro e que ‘o pirata estaria escondido em Curitiba’, após vazar a assinatura da data no rodapé do mapa.

A história ganha repercussão em muitos jornais: ”O Pirata Zulmiro habitou em Curitiba”. A repercussão chega na capital curitibana, deixando todos alvoroçados ao descobrirem que “O Velho do Mato era um pirata”. A repercussão une-se à descoberta de túneis subterrâneos na capital, e uma lenda de que Zulmiro teria escondido o tesouro em dos túneis deixa toda cidade em êxtase.

Em 1972, o jornalista local Cid Destefani reconta essa história nos jornais, sendo esta, a reportagem a atrair a atenção do pesquisador Marcus Juliano trinta anos depois, que inicia suas investigações.

Capítulo V – As Investigações

Marcus corre em busca destes antigos jornais. Passa por cemitérios verificando a nomenclatura das lápides dos falecidos naquela época. E foi no Cemitério São Francisco de Paula, ao lado da Praça do Gaúcho, que ao investigar o livro com os registros dos falecidos, encontrou o nome “João Francisco Inglês”. Seria este o único inglês daquele cemitério. E relacionou este com o pseudónimo das cartas de Edward Yang, que assinava como “J.F. Bastos”, possível homenagem ao Zulmiro “João Francisco Inglês”.

Em suas investigações, uma delas ao Elton Collage, encontra no registro de estudantes o verdadeiro nome de Zulmiro, John Francis Holder – a tradução originária de seu nome brasileiro, sendo este de família nobre, e também, oficial da marinha britânica.

Capítulo VI – Em busca do Tesouro

Marcus, com sua habilidade investigativa descobre muitas ligações e descobrimentos na história de John e sua passagem pelo Brasil. Marcus lança então a marca “Pirata Zulmiro” ganhando grande visibilidade local, nacional e internacional. Concede entrevistas, apresentações e podcasts falando sobre a lenda. E conseguiu organizar uma nova expedição em parceria com a Marinha Brasileira, em busca do Tesouro da lha da Trindade, que acontecerá em breve, nesta década.

E convidamos a todos vocês para embarcarem nessa viagem,
E conhecer todas as descobertas que Marcus Juliano conseguiu que não couberam nessas páginas. Mas estarão em nosso desfile.

E agora, você acredita em Piratas?
Você acredita que existe um Pirata Brasileiro?

Fonte bibliográfica

Livro: A Verdadeira Ilha do Tesouro, do autor Marcus Juliano.
Entrevista Fusão Podcast: https://www.youtube.com/watch?v=Cro1DDpnXZI
https://www.britannica.com/topic/public-school
Folha Online – BBC – Tire suas dúvidas sobre a corte marcial britânica – 18/01/2005

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