República das Ungidas cantará Arahuay no Carnaval Virtual 2023

Logo oficial do enredo

Na busca por uma vaga no Grupo de Acesso I, o GRSAESV República das Ungidas apresentou o seu enredo para o Carnaval Virtual 2023.

Pavilhão oficial da agremiação

De autoria de Eduardo Tannús, Rafaella Guimarães, Robert Mori, Breno Vasconcellos e Rafael Monteiro Tannús, a amarelo, vermelho e branco, de Barra Mansa/RJ, irá defender o enredo “Arahuay”, pelo Grupo de Acesso II.

Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela agremiação:

Arahuay

Burguesia ignorante gera cegueira moral!
Cegueira moral gera caos social!
Caos social gera ódio, muito ódio!
Ódio que tirou a espingarda e a camisa da seleção do ócio!
E transformou o Brasil em uma vergonha mundial!
Os patriotários não aceitaram perder. O choro era tão livre que confundiram com libertinagem. Com isso, saíram fedendo dos quartéis que acamparam, fretaram ônibus questionáveis e foram
a Brasília despejar o seu chorume.
Chorume que destruiu preciosidades.
E Marianne Moretti chorou.
Chorou pelo Araguaia, que ela criou chorando pelo que os fazendeiros das fronteiras agrícolas faziam enquanto ela idealizava o mural para o Congresso Nacional
Moretti, hoje um anjo, como está pelo rio que a comoveu em vida?
Um longo e calmo rio, nascido no Vale da Serra dos Caiapós, desenhando em meandros intermináveis vasos sanguíneos, onde indígenas Caiapós, Carajás e Avá-Canoeiros fincaram suas
raízes. Um rio que corre entre campos de capim dourado, cerrados de pequizeiros, cerradões de Ipês, matas de galerias de buritizais até se dividir e formar um coração: a maior ilha fluvial do
mundo – a Ilha do Bananal.
Entre araras, pirararas, cacharas, piabas e pirarucus, Aruanã, o peixe apaixonado, pediu a Tupã e seu desejo tornou-se realidade: ser pai dos “Iny”, conhecidos depois como Carajás, habitantes da pulsante Ilha do Bananal.
Porém, nas terras dos Goyá, chegou o Diabo velho, aquele que só sabia destruir em busca do ouro e os seus capachos. Anhanguera passou no início do século XVIII trazendo a morte e a escravidão, gerando o primeiro caos social naquela região.
Após a primeira cicatriz, Pires de Campos resolveu entendê-la ainda mais, indo até a Ilha do Gentio Curumarê, Ilha de Santa Ana, Nova Beira ou simplesmente Bananal. Escravizou os Carajás e saiu vendendo pelo sertão afora os indígenas.
O ouro foi descoberto em afluentes do Araguaia, como o Rio Vermelho, que banha a primeira capital de Goiás. Com a decadência do metal precioso, pensou-se em navegar o Rio Araguaia para dele tirar proveito o comércio entre as capitanias de Goiás e do Grão-Pará.
Esquecido nas subsistências, os caboclos e negros, abandonados à própria sorte, tentavam trazer suas devoções a cada dia de vida existente. Afinal, viver perante cada sofrimento, era um dia a se comemorar e a agradecer. Aos santos, aos padroeiro! Sant’Anna de Goiás, São João de Mato Grosso, Divino Espírito Santo, Santo Antônio, Nossa Senhora, festa dos Reis Magos, São Benedito… Sacramentos em homenagem àqueles que acalentavam corações tão devotos.
Porém, da explosão das cachoeiras, os olhos da ganância acharam que o rio sempre florestado deveria produzir somente “agronegócio”.
E assim, depois do Diabo Velho e do Diabo Novo, chegou a hora dos diabos das fronteiras agrícolas trazendo seus “direitos pela terra” entre grilos e chumbo, nos anos de chumbo.
Não demorou para os ribeirinhos se cansarem da violência e se rebelarem contra as repressões genocidas do governo militar. A guerrilha foi formada e duramente reprimida. Mas sua luta por direitos da terra ficaram eternizadas, ao passo que as almas choraram o agronegócio, a poluição, a pesca ilegal e o assoreamento.
Foram necessárias intensas medidas socioeducativas, ambientais e estruturais para um rio apelidado de “lixão” pelos próprios nativos voltar a ser o lar das pirararas, piabas, piracanjubas, cacharas e pirarucus. Área de alimento dos jaburus e de descanso para capivaras, tracajás e lobos-guarás. E quem resolveu restaurar o rio? Os mesmos ancestrais que enraizaram suas vidas em prol da natureza: os povos indígenas que batizaram o calmo paraíso de águas douradas.
Irmanada com os povos ribeirinhos, populações tradicionais e que tanto lutaram contra a destruição, a República das Ungidas traz a reflexão: o dia que o rio correr sem interferências destrutivas, trará aos nativos a vida de sempre e aos turistas a certeza de momentos inesquecíveis, além da restauração das almas e das artes.
Que o sonho de Aruanã e seus filhos seja sempre realidade! Um salve aos caciques, cacicas, pajés e populações tradicionais que protegem nosso importante patrimônio hídrico! O nosso Araguaia, o rio das “araras vermelhas”!

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