Ponte Aérea comemora 15 anos e lança enredo para o Carnaval Virtual 2022

Logo Oficial do enredo.

Novo pavilhão oficial da escola.

No último dia 01/04/2022, o G.R.C.E.S.V. Ponte Aérea completou 15 anos de fundação e, dentre as comemorações da data, a escola divulgou a reformulação do seu pavilhão oficial e apresentou o enredo que levará para a disputa do título do Grupo Especial do Carnaval Virtual 2022.

Apostando em uma temática africana, a agremiação presidida por Murilo Polato, e carnavalizada por Juanjo Caballero, buscará novos caminhos apresentando o enredo “Averekete – O encanto das águas salgadas com o reino dos céus”, de autoria de Lucas Guerra.

Confira abaixo a sinopse do enredo:

“AVEREKETE – O ENCANTO DAS ÁGUAS SALGADAS COM O REINO DOS CÉUS”

Suprema é a força que emana de Avievodun, a energia inalcançável dos Jeje. Contam que em sua imensidão, é eterna a paz. Guardião do segredo de toda existência e inexistência.

Principia o princípio, finda o findar. Fez nascer as energias Mawú e Lissá, a representação da Lua e do Sol, dando luz ao vazio, espalhando vida por onde tocassem. Brilho que toca a poeira do universo e reflete as viajantes estrelas. Juntas, as energias criadas por Avievodun formam a divindade dupla Dadá Segbô, o grande pai de toda criação.

Fez-se a terra e a natureza, criou as energias de todo mundo, os voduns. Deu à eles as famílias da água e da terra, dos céus e dos astros, do fogo e ar. Formou-se um poderoso panteão. De origem jeje. E habitados pelos filhos de Dadá Segbô. As energias foram distribuídas, e a cada vodun foram atribuídas. O panteão foi consagrado e as famílias-voduns organizadas. Os dji-vodun formaram a família dos voduns do céu. Ao mar, to-vodun se tornarão. Na terra, os vodun ayi-vodun se consagrarão. Em cada uma delas, um vodun chefe, em cada chefe uma resposta ao pai da criação.

O reino dos céus é terra do panteão do trovão. Vodun Sogbó é o grande raio que responde por todos os voduns Kavionos. O raio que risca os céus e a chuva que cai sobre as águas e a terra, o trovão que do alto ecoa e o sopro que varre os ares. Diante dos poderosos olhos de Sogbó está a verdade. Céus de luzes, cores e elementos. Vento que corre entre as nuvens, fogo que corta o ar. Energia que faz lava e água borbulhar, quentura que sobe das entranhas, chama que atiça o corpo, faz sangue ferver e se espalhar.

Entre os mares e os céus, a ligação com aquilo que vai e o que vem. Elementos poderosos que se completam. Água que apaga fogo, fogo que evapora a água. Vapor aos céus faz a água chegar, chuva que manda água retornar. Estrelas que caem do céu e se tornam do mar. Tromba que se forma n’água e adentra as nuvens. Luz que repousa nas águas, ondas que tocam os céus. Águas que refletem o brilho, astro que comanda as marés. Vitalidades que se conectam através do encantamento. Paixão que desce os céus e toca o mar. Desejo que flutua nas águas e eleva o amor. A união de Abé e Sogbó. 

Logo Oficial do enredo.

Salgadas águas que formam os oceanos, mar que é morada dos voduns guiados por Abé, mãe dos mares. Soberana do reino das águas de mistérios e encantos, que seduziu Sogbó, ao fundo do oceano. Habitat de vida e reprodução, panteão de águas que banham toda imensidão. Quimeras que protegem e conduzem os que chegam. Magia que afunda e direciona aqueles que partem. Abé senhora do mar, genitora da vida entre as águas e os céus. Rainha das salgadas águas, guardiã das estrelas caídas do céu. Deusa das profundezas e dos abismos submersos da natureza. Mãe de águas benditas e vigorosas, mãe de águas infinitas e poderosas. 

De Sogbó e Abé o elo entre mares e céus, o fruto da relação e das energias. Dessa união nasce um jovem vodun, Averekete. A nossa estrela guia. Detentor dos segredos dos dois reinos, ligação das profundezas com as altitudes. Filho da força das ondas e da luz da noite e do dia. Herdeiro dos raios, dos oceanos, dos céus e das águas. Vodun da vitalidade, da pesca e da jovialidade. Mensagem que sai do mar e vai nas nuvens, onda que quebra na praia e espalha areia. De seu pai se tornou a voz do trovão, de sua mãe o guardião da barreira do quebra-mar. Filho das águas salgadas e da imensidão do céu, príncipe vodun das tempestades e das estrelas-guias. Averekete é mistério, força e resistência. É quem traz fartura, prosperidade e abundância. É o senhor que anuncia novos tempos. Divindade jeje que hoje traz a boa nova e nos guia. Vodun que nos conduz. Guie a Ponte Aérea através da estrela, com seu brilho que reluz. Derrame todo o seu axé, encanto e magia. E nos alcance com a sua energia. 

REFERÊNCIAS

BRITO, Viviane. Corpo Território do Limiar: Incorporação/Desincorporação. Niterói – RJ: [s. n.], 2013. Disponível em: https://periodicos.uff.br/gambiarra/article/view/30840. Acesso em: 29 jan. 2022.

CARDOSO, Rosiane. ARTE, APROPRIAÇÃO E HIBRIDISMO NOS ROSÁRIOS DO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO: UMA ANÁLISE DE RESSIGNIFICAÇÕES SIMBÓLICAS DA ARTE AFRO-BRASILEIRA. Rio de Janeiro – RJ: [s. n.], 2015. Disponível em: http://cp2.gov.br/ojs/index.php/tramas/article/view/187. Acesso em: 25 jan. 2022.

FERRETTI, Sergio. A TERRA DOS VODUNS. São Luís – MA: [s. n.], 2006. Disponível em: http://www.repositorio.ufma.br:8080/jspui/handle/1/300. Acesso em: 18 jan. 2022.

FERRETTI, Sergio. PERSPECTIVAS DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS NO MARANHÃO. São Luís – MA: [s. n.], 2005. Disponível em: https://repositorio.ufma.br/jspui/handle/1/297. Acesso em: 19 jan. 2022.

GAIA, Ronan da Silva Parreira; VITÓRIA, Alice da Silva. ORIXÁS, NKISES E VODUNS: AS NOMENCLATURAS EETNIAS DOS SAGRADOS NOS CANDOMBLÉS KETU,BANTU E JEJE. Brasília – DF: [s. n.], 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistacalundu/article/download/29679/30230. Acesso em: 28 jan. 2022.

LIMA, Marta Valeria de. DOS TAMBORES DE AVEREQUETE AOS TAMBORES DE OXALÁ: História de uma relação complexa: as religiões afro-brasileiras e a sociedade de Rondônia (1911-2011). Sevilha, Espanha: [s. n.], 2013. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/tesis?codigo=88659. Acesso em: 24 jan. 2022.

PRANDI, Reginaldo. NAS PEGADAS DOS VODUNS: De como deuses africanos do Daomé aclimatados em São Luís do Maranhão, partindo de Belém do Pará, vieram a se estabelecer em São Paulo, devidamente acompanhados dos encantados do tambor-da-mina. Salvador – BA: [s. n.], 1997. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/download/20950/13553. Acesso em: 20 jan. 2022.

 

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