‘O Pagador de Promessas’ é o enredo da Filhos do Tigre

Logo oficial da agremiação.

A vermelho e branco de São Gonçalo do Carnaval Virtual, a Filhos do Tigre apresentará o enredo O Pagador de Promessas de pesquisa de Marcos Felipe Reis e Vanderson Cesar. A escola tem como embasamento de seu enredo a obra de Dias Gomes, que se tornou o filme dirigido por Anselmo Duarte em 1962. A escola terá como carnavalesco Thiago Miranda na busca pelo título inédito do Grupo de Acesso 1.

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Confira abaixo a sinopse da escola:

E lá vai o romeiro, caminhando pela estrada. Depois de prometer a Santa Barbara, numa festa de terreiro, segue carregando sua cruz. Todo dia pelo árido chão do sertão, em meio à terra batida renovando sua esperança e sua fé.

Qual é a sua cruz?

O fardo que tens a carregar?

São nossas cruzes que fazem a gente caminhar por entre os obstáculos. Por entre ruas, estradas, deboches de outros que não entendem a força da fé.

Onde Zé do burro vai parar?

Subindo as escadarias, pela igreja da Santa domadora das tempestades, seu destino final. Mas a fé termina quando chegamos a um ponto?

“É preciso ser honesto, pois o santo há de procurar em seus assentamentos”. E quem quer brincar com Iansã, a senhora dos raios?

Bate o sino da igreja, que acorda Zé no raiar de um novo dia. Depara-se então com o padre para lhe contar sua promessa: ao tratar de Nicolau, que sangrou por um machucado que por nada parava. Zé saiu de casa sem seu amigo burro, que estava mal de febre. Tentou de tudo, em meio a rezas e rituais de benzer. Até que parou no candomblé, que não agradou o padre. Mas Zé contou de promessa de Iansã, que teria ferido Nicolau com um raio e não iria voltar atrás com coisa pouca. “Uma cruz tão pesada quanto à de Cristo” levaria para a festa da Igreja. O burrico voltou a ficar bom de um dia pro outro e ir atrás de Zé, um milagre da santa. O padre, ouvindo aquilo, acusou o romeiro de heresia para cultuar outros deuses, longe de sua fé. Não atribuiu a santa o milagre, que “não iria acontecer em terreiro de candomblé”. A bagunça estava feita na cabeça de Zé do Burro.

Queria igualar-se ao filho de Deus? 

Não! Queria pagar sua promessa, ter consciência tranqüila. Mas o padre não cedeu e impediu o romeiro de adentrar àquela igreja. 

E em toda prova de fé, existem os que aproveitam da pureza do próximo. A bela Rosa foi mal levada pelo cafetão. O jornalista, só queria um furo para seu jornal, transformou Zé num salvador que quer dividir as terras de todo mundo, já que parte de sua promessa era partilhar a terra com os menos favorecidos. A procissão chega pela escadaria. A Santa, em meio ao andor decorado de flores passa enchendo os olhos do Romeiro, que sobe lado a lado de sua devoção. Não seria possível andar sete léguas e não conseguir fazer seu agradecimento. 

A imagem de Santa Barbara então se vira, como se compadecesse com seu fiel que a observa adentrar sua igreja. Nesse momento, Zé do Burro vê o padre fechar a porta da igreja para os devotos do candomblé, para os mais pobres, para as moças que ganham a vida pelas noites. “Mas quem será afinal Zé do Burro?” 

Comunista? 

Revolucionário? 

Todos falam que querem ajudar, mas somente querem agradar seus próprios interesses, fazendo com que Zé se encha de fúria. 

Quem está realmente do lado da fé? 

Um povo humilde está disposto a tudo para mostrar sua gratidão. Se Deus é testemunha de nossos atos, caberia a um representante da fé por assim interromper? 

E a Santa? Se faz milagre, precisa de prova? 

Tocam então os berimbais para unir pobres, negros, aleijados, morimbundos, todos ao redor da Santa Cruz. Ginga a capoeira, a Bahia desperta em torno do pagador de promessas, que não renega sua prece à santa protetora. A zoeira fica cada vez mais alta, deixando o padre ensurdecido que bate os sinos em busca de abafar. Mas a fé negra faz zueira, ela é de festa! O povo abraça Zé do Burro. A polícia chega. Numa confusão generalizada, Zé do Burro é morto. Todos se entreolham e decidem então colocá-lo na cruz que tanto defendeu. Uma nova procissão nasce em torno de seu novo Cristo, de quem protegeu desde o início a sua fé. A cruz com o novo mártir cresce ao som do berimbau e o padre recua assustado, não sabe o que fazer. A fé, meus amigos, vem como um Tigre Feroz se apossando de seus fieis que não desistem e finalmente abrem a porta da igreja para o último sacrifício se fazer. E hoje, a Filhos do Tigre envolvida de seu manto rubro e branco pede clamor à Iansã e à Santa Barbara para reconhecerem a fé deste filho. Transforma seu samba em homenagem à tantos fiéis que são todos Zé do Burro.

Quantos por aí, somente querendo alcançar um estado de graça para vencer suas dificuldades?

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