Carnaval Virtual: Noite de estreias na abertura do Grupo de Acesso 2

Nesta sexta-feira, 12 de novembro de 2021, tiveram início os desfiles do Carnaval Virtual 2021. As onze escolas do Grupo de Acesso II encantaram os espectadores. E as estreantes não se intimidaram! Apresentaram sambas e enredos fascinantes, além de uma plástica incrível. Madrugada adentro, desfilaram com maestria, propondo desfiles diversificados e esteticamente deslumbrantes.

UNIDOS DE MESQUITA

Abrindo os desfiles, a estreante Unidos de Mesquita apresentou o enredo “Rendeiras – a tradição bordada no Sertão”. Seu belo samba louvou a “tradição do Ceará” e a “cultura que bordou meu coração”. A escola apresentou a história da tecelagem e da renda, destacando a tradição nordestina das mulheres rendeiras, em belos tons de azul e amarelo. Destaque para a primeira alegoria, que apresentou Iemanjá em sua relação com as mulheres rendeiras e a costura pelo mar.

Abre-alas da Unidos de Mesquita

BELAS ARTES

A segunda escola a entrar na Passarela Virtual trouxe o lindo enredo “As mais belas artes da vida”, cantando “mais uma chance pra sonhar e aproveitar a vida” e “o lado belo da vida”, no qual “a natureza é uma obra-prima”, transmitindo uma mensagem importante para os tempos atuais. O desfile trouxe uma apresentação lúdica, leve e multicolorida, conectando a vida à natureza. Com três carros alegóricos, destaca-se o festivo terceiro carro, intitulado “A Aliança! Voando no Reino dos Céus”. 

Alegoria de número 3 da Belas Artes.

BAMBAS DE OURO

A Bambas de Ouro emocionou com o enredo “De verdades ditas (benditas!), a pioneira. Rachel, a mulher que só sabia escrever”. Terceira escola a desfilar, homenageou a escritora Rachel de Queiroz. A agremiação entrou na Passarela Virtual com uma bela Comissão de Frente e apresentou um desfile no qual o Sertão predominou. Destacaram-se o abre-alas, representando o “Memorial de Maria Moura”, e a terceira alegoria, mostrando a homenageada na Academia Brasileira de Letras.

Alegoria 3 da Bambas de Ouro

ACADÊMICOS DA TAMARINEIRA

A animada Tamarineira, quarta escola a entrar na Passarela Virtual, trouxe o enredo “Eu quero é Maíz! Milho, o sustento da vida”, contando a incrível história do milho. Como brinca a sinopse: “Que me desculpem os outros cereais, mas eu sou ‘de maíz'”. A Tamarineira pisou na Passarela Virtual com três carros alegóricos e um tripé. Destaque para o abre-alas, “A criação definitiva – homens do milho”, e a segunda alegoria, apresentando a temática das Festas Juninas. A escola tematizou em seu desfile variados produtos que incluem o milho em sua composição.

Carro Abre-Alas da Acadêmicos da Tamarineira.

 ALEGRIA DA ACLIMAÇÃO

Em ritmo alegre, a agremiação paulistana estreou na avenida como a quinta escola a desfilar. Com o enredo “Ô Abre-Alas que a alegria vai passar – a história do Carnaval Brasileiro”, mostrou como a festividade europeia tomou forma verde e amarela por aqui. Com maestria o Rei Momo se juntou ao Pierrot, Colombina e Arlequim iluminando a passarela em uma composição suave. A Ala 3 homenageou o Ameno Resedá – O rancho dos ranchos. Destaque ainda para a irreverente Alegoria 2 – A simbiose perfeita. Em tempo, sua Ala de Baianas incendiou corações. 

Alegoria 2 da Alegria da Aclimação.

SERPENTE DE OURO

Sexta escola a desfilar a Serpente trouxe o enredo “Luz del Fuego – o fruto proibido”.  Em vermelho, branco e amarelo, homenageou aquela que foi transgressora na arte da representação e liberação do corpo feminino. Eros Volusia foi empoderada com uma alta qualidade em sua evolução e em um perfeito equilíbrio estético em suas cores. Destaque para a Comissão de Frente – A Eva do novo século em uma coreografia sensual e a Alegoria 2, ressaltando o Teatro de Revista. 

Comissão de Frente da Serpente de Ouro.

IMPÉRIO DA FÊNIX

Em um ritmo envolvente a escola de Niterói foi a sétima a desfilar,  com o enredo “Mibaraió, Marajoara, Marajó”. Como descrito em sua sinopse, o Império da Fênix renasceu com um ótimo samba-enredo, se vestiu em Amazônia e fez uma viagem para homenagear a Ilha do Marajó, descrita misticamente em uma leitura plástica perfeita. No desfile, a cultura marajoara foi representada em lendas, sincretismo, sítios arqueológicos e até pelos sons da Terra. Destaque para a Alegoria 2 – Mistura de Fé, trazendo uma simbiose amazônica, e ao Primeiro Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira.

Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira do Império da Fênix.

REPÚBLICA DAS UNGIDAS

Oitava escola a desfilar trouxe o enredo “S.A.A.R.A. – a dádiva do Rio de Janeiro”, representando o comércio árabe instalando-se no centro do Rio. Uma verdadeira “Feira de Baghdad” para nossa Cidade Maravilhosa. Em apresentação inspirada, apresentou a cultura dos povos islâmicos em diáspora para nossa Terra, em uma homenagem aos imigrantes do Oriente Médio pioneiros do comércio no Brasil, reverenciando a resistência do Saara. Destaque para a Ala 1 – Baianas – Lojas de tecidos e ao Carro 3 – Uma Terra de amizade e tolerância.

Carro 3 da República das Ungidas

 CRESCENTE

Estreando na Passarela Virtual, a Crescente parafraseou em sua sinopse obras-primas da MPB para abordar questões pungentes e reflexões necessárias à sociedade brasileira na atualidade. O desfile desdobrou em imagens belos versos de nossa música, com destaque para a comissão de frente, que trouxe como pivô o malandro buarquiano. Um verdadeiro passeio “Crescente” do cancioneiro popular, que se encerrou deixando esperança e a importante certeza de que tudo isso “Vai passar”!

Comissão de Frente da Crescente.

O AMOR DA MINHA VIDA

Décima agremiação a se apresentar, O Amor da Minha Vida propôs evocar a memória afetiva de um folião. Desfilaram as primeiras emoções de um sambista: encantar-se com o carnaval, apaixonar-se por uma escola de samba, vibrar com um desfile e torcer pelo campeonato! O abre-alas trouxe os símbolos das agremiações do carnaval carioca, provando que coração carnavalesco tem espaço para todas. O ponto alto da apresentação foi o dinamismo cromático. A segunda alegoria, toda em preto e branco, ganhou destaque em meio a um desfile que soube explorar muito bem todas as cores.

Carro 2 da O Amor da Minha Vida.

CORUJA NEGRA 

Encerrando com competência a primeira noite de desfiles, a Coruja Negra apresentou o enredo “A lenda das três princesas – Encantarias”. O desfile louvou Mariana, Toya Janira e Herondina, princesas turcas que se ajuremaram na religiosidade do Norte e Nordeste do Brasil. Destacou-se o conjunto de fantasias, em uma apresentação que alternou referências estéticas das culturas árabe, indígena, africana e europeia.

Ala 4 da Coruja Negra.

Texto elaborado coletivamente pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos de Carnavais e Festas – NesCaFe (@necf.ufrj):

Clark Mangabeira é pós-doutorando em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ); enredista da U. de Vila Isabel, U. de Padre Miguel e Mocidade Alegre; antropólogo, professor da Universidade Federal de Mato Grosso e pesquisador do NesCaFe/CNPq.

Du Carmo Vido é doutoranda em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ); professora de Artes do Município do Rio de Janeiro; professora convidada da Pós-graduação em Figurino e Carnaval – UVA e pesquisadora do NEsCaFe/CNPq.

Leo Jesus é doutorando em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ); professor substituto da Escola de Belas Artes – UFRJ; professor convidado da Pós-graduação em Figurino e Carnaval – UVA; carnavalesco da Acadêmicos do Engenho da Rainha e pesquisador do NEsCaFe/CNPq.

Verônica Valle é mestranda em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ); designer, atua com concepção visual e artística em cenografia e desenvolve projetos conceituais e artísticos para escolas de samba do Rio de Janeiro; pesquisadora do NEsCaFe/CNPq.

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