Modernizada e confiante, a Império de Niterói destaca-se na disputa do Grupo de Acesso!

Era madrugada do dia 16 de janeiro do ano de 2016 quando o fundador e atual presidente da GRESV Império de Niterói fundou a agremiação fluminense. Segundo Thiago Cardoso, por este motivo, de ter sido fundada durante a madrugada que a agremiação recebeu como símbolo a coruja, vindo posteriormente adotar também a coroa.

Com o enredo “Malleus Maleficarum – Aqui começa o teu sortilégio”, de autoria do carnavalesco Rafael Menezes, a vermelha e branca buscará a tão sonhada vaga no Grupo Especial e para isto promete se modernizar. Nas palavras do presidente, “A Império de Niterói sempre tenta se modernizar. As mudanças vem em fantasias, alas, e a forma em que agregamos a Império nos desfiles. Em dois anos seguidos, ficamos em 7º lugar. Tanto em 2018 com a Pedra do reino e em 2019 com Caos, recebemos elogios, críticas e o reconhecimento de mudanças positivas. Seguimos sempre na linha de fazer o melhor ano a ano.”

Além do talentosíssimo Rafael Menezes, que já é figurinha carimbada no mundo do carnaval, por seu trabalho no canal Mais Carnaval no youtube, a agremiação conta também com os talentos de Alex San’n, diretor de carnaval e vice-presidente, e Wallace Buda, que vem para seu terceiro ano desempenhando a função de Intérprete.

Voltando o papo para os preparativos da Império descobrimos que a agremiação também precisou se reorganizar para dar conta de todo o trabalho devido as imposições da pandemia. Assim, “ houve uma dificuldade no sentido de conciliar as novas dinâmicas dentro de casa, devido ao isolamento social, e determinar um tempo para a pesquisa e o desenho. O desafio no meio de tantas notícias da pandemia era manter o foco e não procrastinar.”

O presidente da agremiação ainda nos relatou que em relação ao carnaval passado a agremiação modificou o cronograma de trabalho, optando desta vez iniciar pelas fantasias e não pelas alegorias, o que lhes possibilitaram uma certa tranquilidade, vez que em poucas semanas conseguiram fechar o ateliê de figurinos.

Aos torcedores e foliões que esperam ansiosamente o desfile da Coruja Virtual, podemos adiantar que inicialmente o que será visto é “o esteriótipo de bruxa criado a partir da crença de mulheres que faziam pacto com o diabo”. Seguindo na avenida, aqueles que estiverem ligados na telinha presenciarão “o fenômeno da caça às bruxas na Europa, momento ao qual será destacado o livro Malleus Maleficarum, publicado no século XV. Com as Grandes Navegações, esse imaginário das bruxas chega ao continente americano e, séculos depois, alguns fatores determinarão uma ressignificação da figura da bruxa.”


Presente também estarão as bruxas da ficção, tendo este ponto do enredo vindo da concepção do vice-presidente e do carnavalesco, os quais identificaram tal possibilidade depois de muito estudo. Assim, chegaram a conclusão que “a mudança da mentalidade ocorrida com o Iluminismo, a potência da figura do diabo foi se dissolvendo nos séculos seguintes, o que influenciou na diminuição da crença nas bruxas, assimiladas até então como mulheres que haviam feito pacto com o diabo. Outro argumento encontrado nas pesquisa é de que a caça às bruxas entrou em declínio quando as ditas elites já não se sentiam ameaçadas. Os estudos da autora italiana Silvia Federici sobre a relação entre o capitalismo e a caça às bruxas embasaram parte do trabalho.”

Na parte musical, Wallace Buda terá a seu favor a obra escrita pelo Escritório dos Seis, vencedora do concurso promovido pela agremiação. Segundo nosso entrevistado, a escolha do samba enredo se deu em virtude “de ter captado o enredo. Ele descreve tudo que o enredo trata, de forma leve e bem direta, além de ter um andamento cadenciado. O enredo fala sobre algo trágico, então precisávamos de um samba que trouxesse na essência o que contaremos, sem parecer o macabro, medonho e o samba em sua cadência, mais melódico, reflete um pouco da história do passado.”

Em sua mensagem final Cardoso destacou os objetivos do desfile, declarando que “o foco é produzir um desfile didático, fácil de entender e que traga uma discussão histórica pertinente. Queremos que o público termine de ver o desfile com a sensação de que adquiriu conhecimento e pense sobre como esse tema ainda persiste nos dias atuais, em novos formatos.”

Neste ano de 2020, a Império de Niterói será a 10° agremiação a desfilar, no dia 25 de setembro, com presença garantida da artista Suzy Brasil.

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