Mais uma estreante do Carnaval Virtual, Acadêmicos da Asa Branca lança seu enredo
O Carnaval Virtual 2021 promete muitas novidades. O recém criado Grupo de Acesso II está recheado de novas escolas dispostas a mostrar à que vieram, uma delas é a Acadêmicos da Asa Branca, que já chega apadrinhada por outras duas escolas da liga, a Me Chama Que Eu Vou que estreou no carnaval de 2020 e a já veterana Unidos do Tijucano.
Confira abaixo a sinopse do enredo da Asa Branca:
Do alto das ladeiras de Olinda, ouvimos tambores a zoar. E ao fundo o povo cantando junto com o cortejo que vem de lá:
“Cheguei meu povo, cheguei pra vadiar Cheguei meu povo, cheguei pra vadiar
Sou eu a Nação Estrela não prometo pra faltar”
Pra ver o cortejo passar o povo começa a se juntar nas janelas dos casarões históricos com ansiedade a mil para o momento de folia. Mas, se engana quem acha que apenas assistir é o suficiente. A multidão aos poucos se aperta nas ladeiras, eufóricos para dançarem e celebrarem a chegada do cortejo com mais de 200 anos de história e tradição.
Alguns ainda se perguntam quem é esse povo Batuqueiro? Quem são esses que descem as ladeiras marcadas de história da fabulosa Recife? Quem é essa gente que com suas roupas e danças conseguem misturar Europa e África num gingado sem igual, capaz de arrastar a multidão? Nessa festa não há distinção entre ricos e pobres, pretos, brancos e indígenas, pois todos são tomados por uma magia inexplicável, uma alegria que nos faz esquecer por um breve momento das dores e angústias do nosso dia a dia.
A resposta é simples, e de novo veio em forma de canção. ”Cante sinhá, toque sinhô, Sou afro-africano e também Nação Nagô”. Esse é o povo negro, que apesar das lutas, foram fundamentais na construção cultural disso que chamamos de Brasil.
Não à toa o Som do cortejo real resplandece um batuque marcado por ancestralidade, força, fé e resistência, de um povo que apesar da dor e do sofrimento, com as bênçãos de Olorum, o deus criado do mundo, escolheu celebrar e não desistir da vida.
Nessa corte, homens e mulheres do povo, caboclos valentes, se transformam em Reis e Rainhas, que junto com a porta-estandarte, a Dama do paço carregando a sua calunga, os vassalos, Duques e Duquesa, as poderosas mães Yabas, e os batuqueiros que dão o tom a esse cortejo, celebram a Coroação de um rei imaginário, de uma terra distante, o lindo Congo, na mãe África, terras de magias sem iguais.
O Estandarte do cortejo anuncia que o batuque que celebra o reinado do povo preto na cidade tem o nome de MARACATU. Uma mistura perfeita de fé, alegria e resistência. Uma manifestação cultural que carrega consigo a história do povo negro, que apesar de marcados pelo terror da escravidão e da proibição de cultuar seus deuses, nunca se entregou, lutou contra tudo isso, e por meio de elementos de seus opressores, glorificava seus deuses e celebrava no ritmo dos seus antepassados.
Cria das comunidades, assim como o samba, as nações de Maracatu ensaiam o ano todo para a tão esperada apresentação nas ladeiras durante o carnaval. Não havia de ser diferente, afinal é no carnaval que o povo vai à rua para brincar, esquecer por um momento as amarguras da vida, principalmente os mais humildes, que sofrem com as injustiças desse país tão desigual. Mas quando o batuque começa o que todos mais querem é colocar tudo isso de lado e descer a ladeira atrás do Maracatu e de tudo que ele representa.
Assim o maracatu segue coroado, repleto de alegria e representatividade.
E graças ao carnaval, que nos permite lembrar de manifestações culturais tão incríveis que existem nesse imenso Brasil, convidamos todos para ir atrás desse cortejo, para conhecer essa história incrível e celebrar essa manifestação cultural que o povo de Pernambuco nós dá.
Se eu fosse você já estaria preparado, pois o mestre já apitou, a bandeira já está no mastro, e no girar da porta-bandeira nossa festa ancestral vai começar.
“Toca o gonguê, balance o ganzá, É no baque virado que a Asa Branca vai passar”.
Autoria e Curadoria: Ademar Neto e Thiago Moreira
Pesquisador: Thiago Moreira
Texto: Ademar Neto e Thiago Moreira.
Referências Bibliográficas:
MARACATU ESTRELA BRILHANTE DO RECIFE. Cheguei meu povo. Recife, 2004. Disponível em: https://www.letras.mus.br/maracatu-estrela-brilhante-do-recife/1661747/. Acesso em 9 dez. 2020.
MARACATU ESTRELHA BRILHANTE DO RECIFE. Toque o gonguê. Recife, 2004. Disponível em: https://www.letras.mus.br/maracatu-estrela-brilhante-do-recife/1661746/. Acesso em 9 dez. 2020.
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