Maguila é o homenageado da Me Chama Que Eu Vou

Logo oficial da agremiação.

A verde, branco e azul do Rio de Janeiro, a Me Chama que eu vou, escola do Grupo de Acesso 1, apresentará em 2021 o enredo Pra que nunca se esqueça, um abraço Maguila. A escola carioca, presidida por Igor Jes, na busca de ascender ao Grupo Especial para o ano que vem apostou na contratação de Theo Neves como carnavalesco, que fez sua estreia no Carnaval Virtual pela Flor de Lótus na edição especial ocorrida em fevereiro.

Confira abaixo a sinopse da escola:

Logo oficial completo da agremiação.

Começa a luta da vida pelas rendas e fios, nossa história se inicia no dia 11 de julho 1958. Nascido José como tantos outros, mas também Adilson, Rodrigues e Santos. Maguila? A sua versão futurística, por ora. Dono da sua vida, um Rei descorado foi descoberto lutador. Linhas cruzadas que formam o seu destino. Mãe Dé. Senhora dos encantos. Curandeira antiga, dona de saberes, por muitos já esquecidos. Trouxe ao mundo, através das suas mãos, o menino. O sopro foi dado por ela, foi dito em palavras que a tal da criança nascida era especial. Linhas entre linhas sempre formam estradas que levam a jornadas e também desalinhamentos. Com Adilson não foi diferente. Agora ele é Sapo. Apelido adotado pelo pai. Cresceu no amor e seguiu na fé. Época dos milagres do Padim Ciço, de raízes fortes, dos antepassados dos Reis do sertão, Lampião e Maria bonita, com as suas tradições nordestinas, festas e xaxados. Tradições que passaram da avó, para mãe até chegar nos filhos. Mais velho, o menino Sapo, saiu da roça e desbravou o mundo. Sem fé, nada se faz, nada se cria e nada nasce. Precisou dela para seguir. Precisou, muito além, para viver. Lá se foi Sapo para o seu primeiro round, assim como tantos outros imigrantes o seu destino era a grande São Paulo, deixou os estudos e partiu para ficar com o seu irmão. Negou a sua coroa nordestina e escolheu ser plebeu na terra da garoa. Uma luta pode ter um ponto negativo ou positivo. Para Sapo, foi algo bom. Mais tarde seria algo maravilhoso, mas até então ele não sabia, afinal, como poderia saber?

Como nada acontece por acaso, antes de ir para São Paulo, Sapo assistiu à primeira luta de boxe na casa do seu tio, lá em Aracaju, pela TV Tupi. Certos episódios na vida de um homem são marcantes, e esse de fato foi. Do sonho do menino nas telas, a busca pela realidade. A sua ambição acabara de nascer e já tinha até nome. Sapo queria ser boxeador. Faltava tempo até o fato se concretizar, mas Sapo não desanimaria. Migrou para São Paulo com um propósito ainda maior, sabendo que daria certo em algum momento. Entre idas e vindas, brigas não faltaram. Sapo hoje se via perdido pela imensidão paulistana, com as dificuldades de se viver numa selva de pedra. Foi morar em um caminhão, que ficava em frente a obra em que trabalhava. “Eu morava andando”, dizia. Sapo não só morava andando, como também convivia com os seus monstros internos e externos na selva de pedra, afinal toda luta acontece dentro de um ringue. Em cada uma das suas lutas, a cada round que passava a vida ia-lhe conduzindo aos poucos ao trono. Conheceu Fátima, mãe de seus filhos. Não tardou que seus frutos nascessem e Sapo se viu tendo que trabalhar de dia e de noite. A pessoa que o ajudou se chama Luizão, o mesmo que daria seu mais famoso apelido. O passar dos anos encarregou-se de transformar o plebeu em rei. José, que um dia já foi Sapo. Agora finaliza a sua metamorfose e torna-se Maguila nosso campeão como conhecemos hoje. A descoberta do boxe tardou, mas chegou. Foi orientado pelo Ralph Zumbano que abriria ainda muitas portas para nosso Rei lutador. Numerosas lutas, muitas vitórias, algumas derrotas, mas nada abalava nosso campeão sempre atrás de mais desafios. Como o acaso quase sempre não é por acaso, mais uma vez suas portas foram escancaradas com a entrada de Luciano do Valle em sua vida. Esse planejava criar um Show do Esporte e viu no boxeador uma atração de peso para o que estava por vir. Suas conquistas e lutas pessoais lhe conduziam ao trono. Travou e venceu batalhas.

Porém um nocaute veio à tona ao nosso campeão, afinal o amor sempre vence qualquer luta. Sem apoio de seu antigo amor que estava determinada a fazer com que Maguila largasse a sua mais nova profissão e após a sua primeira derrota contra o argentino Daniel Falconi, Maguila resolveu sair de vez de casa, que na realidade era somente o lugar onde morava, pois, seu lar viria mais tarde… Solteiro agora, Maguila se jogou nas fanfarras e graças que a vida de solteiro possibilita, junto ainda, com todas as facilidades que as celebridades tinham. Maguila frequentava um barbeiro próximo de sua casa e uma tal moça fazia um curso de datilografia ali perto. Essa tal moça era irmã de um amigo seu e com o passar das semanas, suas idas ao barbeiro tornaram-se cotidianas. Tempo após tempo, foi reduzindo os maus hábitos recentes e passou a namorar a moça, cujo nome é Irani Pinheiro. Como um bom e velho romance, daqueles que o pai da mocinha não gosta do seu pretendente, o de Irani e Maguila não foi diferente disso. Entretanto, ao fim dessas estórias, a mocinha vence o pai e casa-se com seu amor, o amor finalmente veio à tona. Em 1988, Maguila e Irani se casaram efetivando mais uma vitória do nosso Rei Lutador.

Entre lutas, derrotas e vitórias muitas ocorreram na vida de maguila muitas memoráveis, já outras esquecíveis. Passou por Falconi 1986 com uma grande vitória, no ano seguinte foi a vez do Quebra ossos o americano. Com mais uma grande vitória do nosso campeão contra o ex campeão mundial. 1989 lutou contra Holyfield e Foreman em 1990, infelizmente, como nem toda luta traz glórias, perdeu, mas nosso campeão se orgulha mesmo das derrotas, afinal pode ter perdido, mas ganhou o coração de vários fãs pelo mundo. Em 1995 foi a vez do Johnny Nelson, mas não teve muita sorte, pois, Maguila venceu, afinal nosso herói era como um muro. Travou e venceu suas lutas no ringue da vida. Venceu uma, duas, três… quantas? Inúmeras! Também perdeu, mas afinal quem luta também perde… é a lei da vida. Na segunda parte de sua carreira, já não era o mesmo homem que um dia havia sido. As coisas mudam e para um atleta e boxeador, o corpo muda.

Maguila viveu aquilo que podemos chamar de “sublime felicidade”, principalmente quando estava dentro do ringue. Ele era autêntico naquilo que fazia. E por justamente gostar tanto de lutar, acabou se perdendo nos caminhos sinuosos do ir e vir. Deveria ter parado, porém, continuou. Quando finalmente se aposentou, Maguila entrou em depressão, ganhou peso e resolveu se esconder das câmeras por vergonha de ser aquilo que ninguém esperava que ele fosse. Na verdade, ele não era, mas estava.

O carnaval te abraça, rei Maguila sempre será. Conta a lenda de que as pessoas só se esquecem daquilo que elas não falam ou lembram. Aqui, no caso, escrevemos esse enredo para imortalizar a alma do nosso Rei Lutador, para que as pessoas saibam quem foi Maguila, contem e recontem a vossa história. Do nosso Campeão que fez do ringue o seu reino. Falar dele é falar do nordestino batalhador que vai à luta, que sonha e faz acontecer. É dar esperanças para quem não tem e transformar as mazelas em belezas da vida. Os anos ajudaram a transformar o plebeu em Rei. E aqui, estamos imortalizando e carnavalizando sua história e alma. Maguila foi e sempre será o nosso número um, pois, o importante é isso, ele venceu o que podia e merecia ter vencido no ringue, mas não em qualquer ringue: no ringue da vida! 

PS: Este enredo é um abraço a José Adilson Rodrigues dos Santos, mas conhecido como Maguila nosso eterno campeão.

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