Império de Niterói cantará a flor rainha do sertão

Logo oficial do enredo

Após alguns anos galgando uma vaga entre as primeiras colocadas, o GRESV Império de Niterói divulgou o enredo que marcará a sua estreia no Grupo Especial do Carnaval Virtual 2023.

Pavilhão oficial da agremiação

De autoria do seu enredista, Fagner Pessôa, a vermelha e branca apresentará o enredo: “A santa flor rainha do sertão”. Confira abaixo a sinopse do enredo:

A SANTA FLOR RAINHA DO SERTÃO

Vou contar uma história “procês” vinda lá da seca do sertão.
A saga de um povo “cabra da peste”, sofredor, que não perde a fé.
Que o milagre da chuva irá acontecer de “valor sem igual”.
A mensageira deste milagre “é bela e formosa” em forma de flor.
Nasce do Mandacaru, de tronco firmado “no chão vermelho rachado”.
E o desabrochar “arretado” da “santa flor rainha do sertão”, mensageira de Deus na grandeza e esperança do que representa.
(cordel característico do sertão).

A Império de Niterói como um “conto de cordel”, e envolta em poesia traz para a passarela virtual, “A Santa Flor Rainha do Sertão”.

Reza a crença e a lenda popular brasileira que a flor do Mandacaru sempre que desabrocha, dos céus às águas da chuva irão cair para o solo seco molhar, irrigar e a vida germinar. Mandacaru que brota no chão rachado é o “guardião do sertão” de beleza singular, da nobre essência feito “candelabros verdes espinhentos”. O sertanejo apossado de fé e no acreditar que o milagre do céu ha de abençoar. Mandacaru é a aparição do olhar de esperança florescendo confiança em anuncio que “o céu vai chorar”, e em forma de chuva milagrosa que vem para abençoar. Mandacaru é a aparição do olhar de esperança florescendo em anuncio que as águas caídas da imensidão do céu hão de chegar. A terra seca debaixo dos pés sustenta a esperança daqueles que parecem ser “feitos de barro” e não desistem diante as dificuldades e dor da seca intensa.

… riacho virou caminho
De pedras ardendo em fogo
No poço secou a água
Menino morreu sem nome
Na caatinga o homem chora
O boi que morreu de sede
A roça que era verde
A seca torrou garrancho…
(música: A Seca – Alceu Valença.)

 Quando o astro rei aparece em miragem singular, carregando um clarão de calor incandescente do Nordeste de céu azul lá do agreste do saudoso torrão. Sertão em brasa de vermelho, na cor de barro salpicada de carmim intenso, reflete na pele suada de um povo trabalhador camuflado que parecem moldados de barro e que lutam contra a seca e seguem seus destinos. Assim é o sertão! O sol castiga essa terra seca, que parecem rendas de tão desenhadas nesta “corte do astro rei Sol dourado”. Em suas casas de “pau a pique”, onde se transformam em seus castelos cordelistas e em fidalguia Nordestina, o povo cultiva e pega a enxada para “arar o roçado”, e em seus costumes e tradições na adaptação no amor e respeito nas raízes ancestrais de seu chão. O gado puxa a carroça e nesta miragem exala poesia imaginaria, ilusória do alimento conquistar. A terra rachada debaixo dos pés, sustenta a esperança daqueles que não desistem diante a dor e provação na missão de viver neste lugar. Mandacaru enfeita o chão seco do sertão, como um verdadeiro “guardião”.

… Não se espante assim meu moço com a noite do meu sertão
Tem mais perigo que a poesia do que o juízo da razão
A tormenta gera histórias é tão vida quanto o sol.
…Não se engane que o silencio não existe no anoitecer
Fala mais vida que a cidade, tem mais lenda a oferecer…
(música: Noites do Sertão- Milton Nascimento).

O sol que se esconde em teus horizontes, anunciam a noite que não tarda. As estrelas silenciam o que espreita atenta. A luz de lamparina, lampião e velas que “alumiam” o salubre e o medo alucinógeno que assola aguçando a vasta imaginação. Resgatam da memória “contos e causos” populares que ganham vida no escuro fechado que expande a ilusão.

A noite encantada, cravejada com estrelas cintilantes, onde vagalumes errantes se esforçam em arremedar e com o fino claro do luar que dá folga ao sol enfadado que clareia o rachado chão de poeira flutuante. A senhora Noite não tem farra no silêncio. Só a cantoria da cigarra se faz escutar. Lendas se camuflam na vasta escuridão e atormentam e geram histórias que tem mais a oferecer nos rincões do sertão. Sai de perto assombração! Uma luz intensa ilumina e vemos a mula soltando fogo pelas ventas: “vá de retro” Capiroto”! endiabrado do fogo escaldante, e volta para a ilusão do além. Um uivo do homem que se transforma em lobo sobre o brilho intenso da cheia lua penetra os ouvidos. Em um voo rasante e certeiro o pássaro rasga- mortalha traz o som da dona morte que arrepia: Saiam do campo de minha visão, não atormentem minha imaginação e deixe o povo sertanejo em paz.

.. Nesta hora santa tudo se encanta na doce harmonia
Toda a natureza enche de beleza louvando Maria
E com devoção vibra de emoção o sino da igreja
No tradicional fundo musical da fé sertaneja …
(Música: A Fé Sertaneja – Cidinho e Cilmar).

Logo oficial do enredo

  A esperança ilumina e o desejo da busca do acreditar que dias melhores virão. Valei-me “PADIM CIÇO”. Tão milagreiro, com a doçura do acalento do manto perfumado de flores da virgem mãe do menino Deus, na esperança da alucinação da mensagem santa que floresce o milagre; de alegria esperada nas bênçãos, as rezas hão de alcançar. A fé e a esperança que guia o povo do sertão são grandes demais                  que se desdobram em ladainhas; novenas; terços e rosários, onde há pedidos de intercessão dos santos. E com a luz dos pavios de velas acesas em louvor sobre camafeus em homenagens a São João, São Pedro e Santo Antônio, o povo em oração pelas bandas do chão rachado resiste a muito mais do que pequenas provações diárias: resiste à fome, sede e a tristeza de ver galhos secos e a morte do rebanho. Estava escrito: “nem só de pão vivera o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Em oratórios enfeitados de cultura popular, rezas incansáveis iluminam a confiança do milagre alcançar. Em romaria sertaneja e brejeira, os santinhos benditos é a grande devoção deste povo que com as “mãos em concha”, joelham se na terra, diante o senhor e o sagrado coração da luz e proteção do divino Espirito Santo. 

“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar.;
(música de Gilberto Gil).

“mandacaru
Uma flor dessa do sertão…
Uma flor de corda, pra alegrar meu coração”.
(Música: flor de mandacaru- Chico Cesar.)

“és feito Mandacaru, cheia de espinhos por fora, por dentro cheia de água.
És feita Mandacaru na terra seca onde moras
Não mora nenhuma magoa…”
(música: Feito Mandacaru – Dominguinhos.)

Anjos querubins de chapéu com couro há de abençoar e purificar o ambiente onde o guardião do sertão (Mandacaru) protege estas vastas terras. A fé do povo, sobre o chão da caatinga; Mandacaru verdejante, que mata a fome, acumula água para matar a sede, é símbolo de resistência e da força deste povo aguerrido que jamais perde a esperança em acreditar no milagre.

Botões da esperança começam a surgir e brotar na certeza do florescer da rainha do sertão. E gotas dos milagres vão encharcando as nuvens. A flor do Mandacaru brota e ilumina a noite e o medo se transforma em esperança. A lua de intenso brilho fica voltado no cacto que reina no Nordeste encantado de magia e é retratado como fonte da cultura e personalidade característica deste povo. Uma fortaleza que nasce a noite diante espinhos, faz o povo acreditar no encantamento envolto da sintonia do sertão, onde emana a singela certeza de contos populares que: Quando a flor desabrocha, dos céus as águas irão brotar, para o solo molhar, irrigar, fazendo a vida germinar.

Preciosidade fenomenal, que na certeza que esta flor se materializa como santa e assim traz a mensagem dos santos divinos do reino de Deus celestial, que habitam no Céu astral. Seus frutos alimentam pássaros do paraíso Nordestino e da linda flor, noiva das noites quentes, visível em toda à escuridão, devido a tamanha brancura, que te faz a mais bela do sertão.

Perfuma as maiores distâncias. Pena que morre a cada noite para tristeza de quem pouco te leu.

És um poema e muito pode se falar da flor que dá no coração. A flor do Mandacaru é que faz o coração pulsar forte. Flor menina! Flor mulher! No sertão abrilhanta e encanta os olhos de quem vê. Tão delicada e singela e com aroma suave que irradia esperança. Tem toque de mistério. A flor menina espera com paciência para florescer. Floresce resistente e Forte. Enfrenta todas as dificuldades em silencio e no momento certo, floresce e renasce a esperança.

“Mandacaru quando “fulora” lá na seca
É um siná que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjoa da boneca
É siná que o amor já chegou no coração.

Neste nobre repente como poesia de cordel, raios de sol do amanhecer, enchem as nuvens de alegria e “acinzentam” o céu da esperança.

O vento em brisa dança celeste e a flor se seca deixando o povo do sertão em devoção de eterno agradecimento pela mensagem divina que veio através do seu florescer.

O canto e voo da “asa branca”, confirma que o milagre da chuva está a chegar.

O milagre há de acontecer na certeza que suas orações foram ouvidas. O povo em festa com suas roupas de chita se enfeita com flor no cabelo. O “arraial da coruja encantada vai começar”!

Pés levantam poeira do chão seco em danças típicas ao som de GONZAGÃO”. Forrozeiro pega a boneca de pano dançando feito Mamulengos. Olhos fixam no céu e as gotas do milagre começa a cair anunciado pela flor santa rainha do sertão. O chão se molha em poesia sagrada e diante o chão molhado, surge em miragem a “coruja encantada santa”, como se fosse a própria chuva que no abrir de suas asas desabrocham as flores do Mandacaru.

O verdadeiro símbolo do sertão.

Salve a chuva divina que desabrocha sorrisos no rosto reluzente de felicidade deste povo Nordestino que é sinônimo de resistência, força, esperança, fé e coragem neste nosso “enredo flor”.

PRESIDENTE: THIAGO CARDOSO.
CARNAVALESCO: ANDERSON MCIEL.
AUTORES DO ENREDO: ANDERSON MACIEL, FAGNER PESSÔA E THIAGO CARDOSO.
ENREDISTA: FAGNER PESSÔA.

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