Imperiais do Samba cantará a saga de Mazagão no Carnaval 2022

Logo oficial do enredo

Pavilhão oficial da agremiação

A Imperiais do Samba, atual campeã do Grupo Especial do Carnaval Virtual, lançou o enredo que levará para o seu desfile oficial de 2022.

Buscando o bicampeonato, a vermelha, preta e amarela de Santo André/SP defenderá o enredo: “QUEM OLHA PRA FORA, SONHA! (A Saga de Mazagão)”,  de autoria de Wellington Kirmeliene, presidente da escola, que será desenvolvido pelo carnavalesco Raphael Soares.

Confira abaixo a sinopse do enredo:

 QUEM OLHA PRA FORA, SONHA!
(A Saga de Mazagão)

Começo onde os sonhos começam…na mente daqueles que tentam desafiar a lógica da realidade. Me alimento onde os grandes banquetes de amor e esperança são preparados – o coração. Como sonho, amor e esperança começo a ganhar contornos e traços pela ordem do rei de Portugal. Como sonho, amor e esperança de muitos…muitos me viram de diversas formas.

Aos olhos do meu criador-arquiteto fui uma fortaleza cristã encravada no coração das infiéis terras muçulmanas de África. Fui modelo para as cidades que desejavam “renascer”. Sentinela e cidadela,  vigiava o mar como uma imponente jangada de pedra!

Logo oficial do enredo

Quando decidiram lançar eu e minha gente para outro canto, parti no olhar de soldados, mães, crianças e tantas pessoas que por vezes nem nos arquivos oficiais de Portugal mereceram menção. Era agora uma cidade sem muros que repousava no olhar da mulher enlutada. Flutuava nos olhos marejados de quem cruzou de África para Portugal sem esquecer da fé cristã. Flutuava também no olhar faiscante dos degredados e perseguidos. Estive ali, nas pupilas sedutoras da cigana que encantou as ruas de Lisboa e de Belém. Mística, colorida e luxuriante, vi por ela, o meu porto de partida…um mar de palha ao cair do sol.

O adeus é sempre o início de uma travessia. Vejo pelos olhos órfãos de uma das muitas crianças que estão na tripulação a partir. As pessoas levam meus pedaços, cacos da cidadela-fortaleza que fui. Tudo guardado em caixotes. Os inúmeros barcos que deixam, um a um, o porto da Belém portuguesa com destino à Belém brasileira, parecem barquinhos de papel que deslizam desvairados por um universo líquido, horizontal…quase infinito! Foi na ribeira desse olhar infantil que me deparei com todos que construíram as enormes engrenagens do meu ressurgir.

E foi ao olhar as gentes dessa nova terra que me assentei nos olhos escuros do indígena. Vi os recursos tomados da floresta e com os quais tentaram me construir. Misticamente, vi também a natureza cobrar o espaço que roubaram dela em meu nome. O purgatório existia e era ali…aqui…em mim! Tudo foi, pouco a pouco, sendo corroído. Adormeci nas retinas silenciadas do índio até que me clamaram sob o nome de Regeneração. Era preciso renascer…

E como uma fênix, renasci entre dois mundos!

Na longinqua Marrocos me batizaram de El Jadida!

Nas entranhas do Brasil me deslocaram para outra região próxima e ali permaneci. Sou herança que vive e revive todos os anos no olhar mestiço de herdeiros negros como de seo Vavá! Sob as bençãos de São Tiago e São Jorge mantenho viva a memória do que fui nos inúmeros olhares dos que já se foram e revivo, como memória, nos olhares dos que virão.

Vomine!! Vomine!!

De muitos nomes sou apenas, e para muitos…a eterna Marzagão.

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