Iguaçuano apresentará a congada no Carnaval Virtual 2022

Logo completa da escola.

A verde e branco de Nova Iguaçu/RJ apresenta o seu enredo para a disputa do Grupo Especial no Carnaval Virtual 2022. Presidida com Pedro Filho, o Império Iguaçuano irá contar o enredo “Tem Congada no Terreiro”.
Confira abaixo a sinopse oficial da escola:

JUSTIFICATIVA:

“…É conga, é conga, é congada
Bate marimba e tambor
Vou pegar minha espada
Que eu também sou lutador…”
Clara Nunes – Congada

Pavilhão oficial da agremiação.

Refletir o dever de uma escola de Samba enquanto meio de resistência político-social, é saber o que é transmitido através de um legado ano à ano de raiz ancestral. Pensando no papel fundamental de uma festa expoente de cultura como o Carnaval, o Império Iguaçuano mergulha na sua identidade Brasileira para contar e cantar uma das mais belas manifestações culturais desse nosso torrão.
Olhando para si, buscando em seu interior, encontra em seu símbolo a identidade que necessita. Nosso império ergue altivo seu estandarte, veste-se de fitas e cores para anunciar: Coroa… coroação! Rei, rainha, festa, celebração. Cantos… danças… vibrações e alegria. Nos terreiros das casas e casarões, de rua em rua, esquinas e vielas, o Império Iguaçuano convida todos para festejar a coroação de sua majestade o Rei e a Rainha do Congo.
A Congada é legado vivo de uma tradição antiga, de origem preta mas miscigenada nesse solo, ganhou características únicas que reafirmam geração à geração, o que de fato é o povo brasileiro.

SINOPSE:

Ah, África… majestosa, bela, forte, imponente e nobre! Congo, Angola, festa e coroação. No reino distante do Congo, era nobre o dom de festejar, por um tributo a Manicongo o povo saía cantando e dançando, tal prática chamava-se “Congar”.
Contavam e Cantavam que Nzambi mandou um enviado para a Terra, majestade por excelência, negro, rei, divinamente coroado, a representação do que neste mundo é sagrado.
Celebrar o cortejo real de Congo e Angola é reavivar a tradição do lugar, exaltar as glórias e dádivas da terra e a coroação da realeza no mais belo ato de festejar. Cantos, danças, contos e memórias eram vividas através de seus povos.
Um dia a cobiça apontou ao longe, onde o azul do céu toca o azul do mar, caravelas assombrosas, velas, mastros, dor e sofrimento se aproximavam. O povo preto lutou bravamente. Essa gente foi posta nos grandes navios, não os viam como seres humanos, não respeitavam sua cor, não enxergavam sua preta e altiva linhagem.
Cruzando o azul do mar, sua fé os carregava e os guiava a uma terra nova para além do horizonte, o branco não sabia, mas carregava nos porões seus navios reis e rainhas, a dor do açoite não ofuscou o sangue retinto que refletia sua africana côrte.
Enfim, aportaram numa terra diferente, dourada… áureo solo, louro sol, que refletia a preta pele que aos mercados negreiros chegavam. Eram vendidos feito bicho, deram-lhes nomes novos para apagar as marcas de sua vida quando eram livres. Tornaram-se Marias e Franciscos de uma colônia nova.

Logo completa da escola.

Divididos no cais, foram levados para um lugar distante da costa, com sinuosas montanhas, foram para as Minas Gerais. Trabalhavam dia e noite nas minas de pedras preciosas, nas plantações, nas casas de engenho. Brilha um novo Congo na terra dourada onde estavam. Francisco, Chico do Congo ganha do Rosário coroa e trono, se torna rei, Chico Rei. O monarca que em seus cabelos escondia ouro para calar o som dos grilhões e cessar a dor do açoite, pra alforria do povo preto. O Rosário que deu a Chico a Realeza, ganhou de Chico o congado, tornando-se o Congado do Rosário.
Chico Rei, é a realeza do povo, o povo tem a voz, e sua voz é Rei Chico, a vontade de seu povo é sua vontade, pois, Chico já foi um dia parte de seu povo, e de seu povo nunca deixou de ser. Rei Chico deu ao Brasil a congada, e o Brasil deu a congada, sua cara e sua voz, o festejo se pluralizou, dando assim para as Minas e para o país vários reinos, que são regidos por pretos de devoção ao Rosário, que pedem a bênção ao Santo Benedito, preto como seus devotos, num altar de inclusão e fé à tudo que há de mais sagrado.
O cortejo da congada, com suas daminhas, seus marinheiros, catopês, e moçambiques saem de igreja em igreja, pequenas ou grandes, simples ou pomposas, saudando e adorando cada santinho que nelas se encontram. O trajeto se agiganta invadindo com seus tambores, atabaques, pandeiros, batuques e cânticos cada rua, vila ou viela por onde passa, sua energia é feito magia, contagiando as pessoas que saem para festejar nos seus quintais, terreiros ou beira de rua, saudando e sendo levados pela imensidão de cultura e Brasilidade que passam diante de seus olhos.
A bandeira branca já está hasteada num céu límpido azul, hora tinge-se de verde, anunciando que a “Congada Imperiana” pede passagem, para saudar o público presente mostrando a força de uma raiz ancestral. A congada e o samba se unem num elo único e em comum, a negritude. Presente em cada olhar, em cada marca na alma, a congada é resistência e hoje, o Império Iguaçuano se desvencilha das amarras da dor e do sofrimento preto, hoje o preto sem mordaça canta e encanta num momento único em que Galanga se faz presente em cada ser que se encanta com o cortejo que nessa passarela virtual atravessa!
Viva a negritude! Viva a congada! Viva o samba! Viva o Império Iguaçuano! Vida longa à cultura deste país!

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