GRESV Valongo canta o Cais que origina seu nome em seu enredo de estreia no Carnaval Virtual

O GRESV Valongo apresenta seu enredo para sua estreia no grupo de acesso do Carnaval Virtual 2020. A escola irá cantar o cais do valongo, que dá origem ao nome da agremiação com o enredo: “Histórias e dores no Cais do Valongo” de autoria do presidente e carnavalesco Manoel Junior e do presidente de honra Victor Raphael. O logo é de autoria de Manoel Junior.

 

 

FICHA TÉCNICA:

Escola: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Valongo
Cidade sede: Itaocara – RJ
Data de fundação: 11/12/2019
Cores: Vermelho e Branco
Símbolo: Machados Cruzados

Presidente: Manoel Moraes da Silva Junior
Carnavalesco: Manoel Moraes da Silva Junior
Interprete: Thiago Leptelier
Presidente de Honra: Victor Raphael de Almeida

 

ENREDO:

Histórias e dores no Cais do Valongo

Autoria: Manoel Junior e Victor Raphael

Em seu enredo de estreia, o GRESV Valongo dará vez e voz ao espaço que mais retrata a história de degredos, açoites e exploração do homem pelo homem no solo da cidade maravilhosa, e que dá nome a esta instituição.

O Cais do Valongo é, em pleno Porto Maravilha dos dias de hoje, a chaga aberta do período da escravidão no Brasil. Até meados de 1770, os negros vindos do continente africano em tumbeiros, desembarcavam na Praia do Peixe, atual Praça XV, e eram negociados na Rua Direita – hoje Rua 1º de Março -, no centro do Rio. E mesmo sendo a escravidão algo corriqueiro para aquele tempo, a presença dos negros africanos incomodava a elite, sobretudo portuguesa, que frequentava a região. Por isso, no ano de 1774, uma nova lei estabeleceu a transferência desse mercado para o Cais do Valongo, por iniciativa de Dom Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d’Eça e Melo Silva Mascarenhas, o Vice-Rei do Brasil e Marquês do Lavradio.

Após a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, junto com a corte, a região do Valongo passou a ser frequentada por pessoas que queriam comprar escravos. Era o comércio de pessoas se tornando um programa das ditas “famílias nobres” de um Rio de Janeiro vivendo seus dias de Metrópole, mas carcomida tal e qual era antes da chegada dos navios que carregavam os fugitivos de Napoleão.

Ainda que tenha havido a proibição do tráfico negreiro, em 1831, o Cais do Valongo continuou sendo um dos principais pontos dessa atrocidade que era a compra e venda de pessoas trazidas à força dos países da África. Nessa época, esse tipo de comércio era feito de forma clandestina. Atitude velada, uma vez que a produção realizada com mão-de-obra escrava era a base de sustentação econômica do já Império Brasileiro, mesmo com os ditos posicionamentos contrários dos Orleans e Bragança.

A clandestinidade se dava às claras, inclusive com um sistema que exprime toda a repugnância do dito comércio: O lazareto, onde os escravos doentes eram encaminhados para o destino da morte em isolamento, um “Cemitério dos pretos Novos” e, vejam só, um “armazém de engorda”, na Rua do Valongo, atual Rua Camerino. O fiel retrato da crueldade e da subjugação do ser humano.

Mais de uma década depois, em 1843, foi feito um aterro de 60 centímetros de espessura sobre o cais do Valongo para a construção de um novo ancoradouro. O motivo foi a chegada da Princesa Teresa Cristina, futura esposa de D. Pedro II. O cais foi rebatizado. Passou a se chamar Cais da Imperatriz. O que em nada tirou daquele solo a história degradante que o acompanhou durante tanto tempo. Já na República, em 1911, com a extensão da cidade, o Cais do Valongo sumiu do mapa, dando lugar ao aterramento que perpassa na região. Se esperava assim tirar da vista e da memória de São Sebastião do Rio de Janeiro esse capítulo da história, e que a cidade enfim pudesse viver a plenitude de sua beleza.

Ironicamente, em 2011, enquanto se realizavam as obras do “Porto Maravilha”, a verdade voltava a ser escancarada: foram descobertos os dois ancoradouros: o do Valongo e o da Imperatriz. No mesmo lugar estava uma grande quantidade de amuletos e objetos de culto originários do Congo, de Angola e Moçambique. Os tesouros da escravidão estavam lá, para que não fossem esquecidos. Era o reencontro do povo carioca com a sua história, que nem sempre é de grandes feitos ou para ser contadas com orgulho. Este é um pedaço da trajetória do Brasil, que expõe as contradições de um país que, ainda que neguem, insiste em perdurar em nosso tecido social.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– Escola encomendará a obra.

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